Chateia, Claro que Chateia

Concordo com o Arlindo:

Quando ao mesmo tempo se mantém o congelamento das carreiras, a possibilidade de se criar regras de progressão diferentes das que existem actualmente, a não consideração dos anos congelados para efeito de progressão na carreira e coiso e tal.

Querer vincular mais uns milhares de contratados não pode em momento algum servir de desculpa para deixar todos os vinculados nos escalões onde ficaram parados há muitos e muitos anos, e muitos deles ainda no primeiro escalão de uma carreira com dez.

É que a malta já anda congelada a virar em frangos há quase uma década e ainda nos chamam nomes quando relembramos a coisa como se fosse obrigação sermos missionários e levar estalos dos dois lados e ainda darmos a patinha.

Frangos

A reposição dos salários só deve ter chegado a alguns porque a mim só repuseram metade do que foram tirando, desde os tempos do engenheiro que vive na pós-verdade e de que esta malta tem embaraço em demarcar-se. Isto quer dizer que quero o Passos de volta mais a das cristas? Hell, No! Apenas queria gente capaz de romper com o passado e com coragem de criar um Futuro a sério e não de brincadeira com as leituras de final de adolescência.

O Verdadeiro Interesse dos Alunos

Um parque escolar com boas condições e não apenas para alguns clientes da Parque Escolar. Porque todos devem ter boas condições e não apenas alguns, não se percebendo porque há equipamentos de milhões sem funcionar, enquanto se mantêm escolas sem instalações condignas para Educação Física.

Comida sem ser confeccionada ao tostão. Porque é uma vergonha a situação que se vive com as regras de contratualização das empresas que fornecem as refeições escolares.

Pessoal auxiliar sem ser recrutado ad hoc, e pago a pouco mais de 3 euros a hora. Aliás, ainda me interrogo porque é que os directores se preocupam tanto em ter autonomia para recrutar professores, mas não os ouço a queixarem-se da forma como se arranja pessoal não docente em part-time nos centros de emprego, sem qualquer tipo de selecção pelas escolas.

Famílias com oportunidades de emprego e de uma vida digna e com horários, esses sim flexíveis, para poderem estar mais tempo com os seus filhos e netos…

Há mais coisas, mas penso que as pessoas muito preocupadas com “o interesse dos alunos” só parecem preocupar-se em reduzir aquilo para que as escolas foram criadas desde tempos imemoriais, a transmissão de conhecimentos dos mestres para os discípulos (desculpem, sei que o que fica bem é dizer que todos somos mestres e discípulos, mas isso é um bocadito treta…).

lampadinha21

(Projectos)

Há de diversos tipos… o de finalidades com o seu aspecto vago é fácil de associar a coisas como o “Perfil” que é de tal maneira diáfano e bem intencionado que é difícil apresentar críticas sem parecer pré-neandertal, o autoritário, imposto de cima para baixo que dificilmente não nos faz lembrar a metodologia do costume, e o democrático que é aquele que mesmo a malta das esquerdas receia com medo do conservadorismo docente (como os republicanos que defendiam o feminismo desde que as mulheres não votassem). Este último nunca deve ser confundido com projecto debatido em circuito seguro com quem já se sabe que é crente ou propenso à crendice.

O misto é uma coisa que nem sempre se percebe bem o que é.

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Adalberto Dias de Carvalho, org. (1993), A Construção do Projecto de Escola. Porto: Porto Editora, pp. 17-21.

Regresso ao Futuro – 4

Espero ficar pela tetralogia, mas já dei mais umas voltas às estantes e há por ali enxames de coisas boas. Hoje, concentremo-nos na questão do currículo e da planificação e desenvolvimento curricular de que, entre nós, conheço apenas uma Bíblia, verdadeira, única e, por acaso, bastante interessante porque o texto é claro, bem organizado e conciso onde muita gente tende a perder-se.

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(Lisboa: Texto Editora, 1990 na edição original, 1998 para esta)

Ao contrário do que se possa pensar, não destaco apenas obras que me entediaram de morte pela verborreia de qualidade duvidosa e conceptualização mais do que torcida, mas também livros úteis, que li em devido tempo, que percebi e que acho estranho que outros ou não tenham lido, ou não tenham percebido ou queiram fazer-nos crer que não lemos ou percebemos.

O currículo não é uma Ciência Pura, mas é algo que tem fundamentos e princípios que uma pessoa de bom senso compreende, em especial se as diferentes perspectivas forem apresentadas como alternativas e não necessariamente como uma hierarquia entre Virtude e Pecado.

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Nada disto foi verdadeiramente ultrapassado. Muito importante é perceber-se que podem existir diferentes critérios para organizar o currículo, quer ao nível da sua estrutura, quer dos objectivos e dos conteúdos. O problema é quando nos querem fazer acreditar que não são possibilidades em paralelo, mas modelos com uma hierarquia de valor.

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O modelo baseado em disciplinas pode ter diversas variantes menos convencionais, assim como o modelo “transdisciplinar” é um entre vários, com eventuais qualidades mas também com diversas limitações óbvias.

Tudo isto foi teorizado e explicado há décadas. Não se percebe bem porque, tendo quase toda a gente feito a sua profissionalização em cima destas cartilhas, exista quem pareça achar que isto é “inovador”. Não, é apenas revisão da matéria dada…

Não nos façam perder (mais uma vez) tempo com “formações” da treta sobre isto…

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