Nos últimos 10-15 anos, a cada esquina, ouvia à direita e à esquerda dizer como a Finlândia era um exemplo a seguir por todos nós, devido à qualidade do seu sistema de ensino, que tão bons resultados conseguia e com tanta liberdade educativa. Eis se não quando os resultados da Finlândia começam a derrapar um pouco e os próprios indígenas decidem mudar as coisas, com aquela calma nascida de muito nevão e muita tundra (a palavra tem origem finlandesa, sabiam?). E vai daí, a Finlândia volta a ser apresentada à direita e à esquerda como um exemplo a seguir por todos nós, devido etc, etc, etc.
Confesso que deixei de ligar à substância e decidi concentrar-me na capacidade dos finlandeses perceberem que nem tudo estava bem no seu maravilhoso sistema de ensino que todos deveriam copiar até há pouco tempo como era e agora como vai ser, tendo a coragem de encetar uma reforma distendida no tempo (dois anos entre a definição de um novo currículo e a sua implementação), sem pressas e com mecanismos de auto-verificação e recuo, se necessário. Se o novo modelo se baseia em tópicos ou disciplinas, se tem avaliação com letras ou números, se nem sequer tem avaliação e todos passam sempre, para mim é secundário, confesso (se até há gajos de direita que agora já defendem o sistema público finlandês, o que interessa qualquer coerência?), porque, por uma vez, estou mais interessado em destacar o processo de fazer as coisas. Ao menos com eles sei que, se derem por erros, têm a capacidade de voltar atrás sem birrinhas.
Nem mais e ponto final.
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