Os primeiros seis anos da escola são os mais pesados para os alunos portugueses no que respeita ao tempo passado na escola. Olhando para o que se passa no 1.º e 2.º ciclos do básico (1.º ao 6.º ano), a média de horas de ensino obrigatório é claramente superior à média da OCDE – 822 anuais contra 799 em todos os países da organização. Mas se se somar a esta parcela o período não obrigatório, que no caso dos mais novos é ocupado pelas chamadas atividades de enriquecimento curricular e que são frequentadas pela esmagadora maioria das crianças, então o peso ainda é maior, com Portugal a integrar o lote dos únicos três países onde os alunos passam mais de mil horas na escola nestas faixas etárias.
Ora bem… mas não andei eu (e não só) a dizer que a “escola a tempo inteiro” é o maior exemplo de terceiro-mundização da nossa Educação, enquanto outros afirm(av)am que é um grande progresso?
E não sou eu má língua quando digo que muitas vezes as AEC se limitam a enchimento de chouriços, com algumas honrosas excepções? Mas há quem queira impô-las como regra, retirando tempos lectivos às disciplinas ditas tradicionais. Tudo ao serviço de um modelo social e laboral típico de sociedade subdesenvolvidas.
Há muito tempo que não concordava com David Justino, pelo que quase fui buscar foguetes (porque eu concordo ou discordo de posições, não me interessando verdadeiramente quem as defende):
Na introdução, David Justino alerta ainda para os perigos da chamada escola a tempo inteiro. “Mesmo que a ideia possa corresponder a uma necessidade social a que a escola não poderá ficar indiferente, tal não pode transformar-se em ‘sala de aula a tempo inteiro’, situação que poderá ter como consequência menos bem-estar, ambientes adversos à missão da escola, mais indisciplina, numa palavra, mais insucesso escolar.”
Este é um dos exemplos maiores de “mudança” que só serviu para sobrecarregar os miúdos ou para as escolas funcionarem como depósito para a miudagem enquanto os horários de trabalhos dos pais são completamente desregulados.
(quanto ao “claramente” superior na parte obrigatória… aquilo dá pouco mais de meia hora por semana)

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