Ouvidos

Parece que os dou muito aos alunos para desgosto de quem acha que tudo é meia bola e força. Uma crítica que já me chegou várias vezes, sempre de forma indirecta, de esguelha, de cernelha, dito assim a modos que para eu ouvir, mas sem que seja exactamente. Sem que percebam que essa sempre foi a base de uma relação de confiança. Ouvir para me ouvirem. Confiar para que confiem. Saber as coisas para poder agir com alguma segurança e justiça. Acho que nunca me arrependi. E vice-versa. Já em relação aos adultos, nem tanto. O engraçado é que em termos mais públicos parece que a minha imagem é ao contrário, de quem não ouve. Vá-se lá perceber. O final de período descompensa muito o raciocínio.

turtle

Autofagia

Há alturas em que se perde a paciência com quem não consegue sair do espartilho da sua própria mesquinhez. Algo que se nota mais quando a pressão aperta e escasseia a solidariedade entre quem mais devia ter a obrigação de compreender quem está ao lado ou deixou de conseguir estar. Ou quando a preocupação maior é encontrar a falha alheia.

Haddock

As Razões Erradas

Via de passagem uma peça sobre o final do 2º período das aulas, na qual o principal lamento quanto à curta extensão do 3º período em relação aos anteriores se ligava ao “pouco tempo para levantar as notas”.

Esta é a forma errada de entrar numa discussão sobre o assunto importante e que passa pela necessidade de equilibrar melhor os três períodos lectivos ou de avançar mesmo para outro tipo de segmentação. Mas isso deve resultar da percepção de que períodos com 3 meses de aulas são excessivos para os alunos e que essa extensão é inimiga da manutenção de um bom rendimento. Não porque o 3º período fica curto para os milagres do sprint final da malta que levou a larga maioria do ano na descontracção.

Os períodos lectivos estão pensados de acordo com a lógica exógena dos feriados religiosos (e os horários à lógica do mercado laboral) e, por vezes, a tutela acha que ser “flexível” é dar um ou dois dias para começar mais cedo ou mais tarde ou para parar ocasionalmente num período. A lógica deveria ser pedagógica e isso aconselharia, em especial no Ensino Básico, a que os alunos nunca tivessem mais de 8-9 semanas de aulas sem pausas (e não se confundam pausas com este ou aquele feriado).

Mas esta é mais outra das áreas em que a “flexibilidade” daria trabalho, entraria em conflito com alguns interesses (ideológicos, sociais, políticos) instalados e não permitiria distribuir horas no currículo aos fiéis apoiantes. Seria mesmo no “interesse dos alunos” e não apenas alegadamente.

Calendario