Fazia há uns dias uma pesquisa sobre um tema relacionado com o acesso à Universidade quando deparei com um texto, já com mais de um ano, de um colega blogger em reacção a algo que eu escrevera. Na altura, li o texto, mas não me dei ao trabalho de ir aos comentários, matéria sempre saborosa para encontrar malta com nicks cheia de coragem para desancar no lombo alheio. Foi assim que dei por lá com pelo menos duas almas que entraram naquela de usar argumentos sobre o meu aspecto físico (sempre algo giro para quem nem sequer tem cara para se ver o aspecto intelectual) e, numa abordagem mais sofisticada, estabelecerem uma distinção entre “professor@s” (que seriam elas, grandes amantes de tudo o que fazem) e “profissionais da Educação” (não o assumiram, mas deveria ser eu, que cá andarei apenas por dinheiro).
A coisa divertiu-me ao ponto de não ir lá agora responder, preferindo escrever sobre o assunto, assumindo por inteiro que me considero “profissional” com orgulho da Educação porque tento sempre (ou quase) desenvolver a minha actividade com profissionalismo, mesmo em condições adversas, em vez de birrar como vejo outras pessoas e baterem em retirada se a docência entrar em conflito com negócios que têm fora das escolas. Aliás, nesse grupo de professores em particular, conheço das pessoas mais dedicadas à profissão, mas também muito boa gente que, tendo biscates por fora e sendo necessário optar, arranjam sempre um dia para faltar, quiçá um estado de debilidade física (já eu, o que faço em tempo extra-lectivo nunca é justificado de maneira manhosa se colidir com o meu horário), de modo a nunca arriscarem as tais oportunidades externas. São excepções, claro que sim, mas nem sempre completamente excepcionais. Por comparação com essas pessoas, tão amantes da profissão que até me brotam lágrimas dos olhos, é para mim um elogio ser considerado um “profissional da Educação”, porque isso é algo que muita gente desconhece o que seja e que, mesmo colocando-lhes em frente um manual de deontologia, não saberiam reconhecer, tamanha a estranheza.
Bater no peito, com elogio em causa própria, anunciando grandes e excelsas qualidades para ofender o próximo é algo patético mas que, em caso de necessidade, também posso fazer. Porque sei, vi, ouvi e não finjo. Eu sou professor e profissional do meu sector de actividade. Problema mesmo é quem colhe os direitos de ser professor, mas sempre com a mão estendida para outras coisas, onde dá litro e meio de suor, à custa das escolas públicas, para onde vai sempre que pode descansar.