Supervisão Pedagógica

Como durante estas férias/pausa não me fui ilustrar em viagens distantes, aproveitei para me encontrar, conviver e, claro  falar com amig@s e colegas que também têm esta interessante profissão sobre a maneira como na suas paragens de encara aquilo a que se designa como “supervisão pedagógica”.

A maioria concordou numa caracterização que tem os seguintes pontos fundamentais:

  • Definir critérios de avaliação (em conselho pedagógico, departamento, grupo disciplinar, conselho de turma) aparentemente muito completos, cheios de ponderações, alíneas e sub-alíneas.
  • Criar grelhas/tabelas para registo da avaliação feita em todos esses critérios, com uma nível de sofisticação de fazer inveja a muito maníaco da estatística.
  • Preencher afanosamente tais grelhas, não esquecendo nenhuma célula.
  • Mostrar essas grelhas aos “supervisores” designados (coordenadores de departamento, directores de turma, fiscalizadores oficiais de equipas de avaliação interna ou dos planos para o sucesso, etc, etc), para ver se está tudo bem preenchido no sentido do sucesso.
  • Refazer as coisas se as estatísticas finais desagradarem às metas traçadas superiormente.

Também parecem ser tendências comuns a padronização de critérios entre disciplinas e turmas, matando à nascença qualquer esperança de diferenciação e a ausência quase completa de um acompanhamento do trabalho pedagógico “supervisionado”.

Claro que ainda há excepções, mas a verdasquice do sucesso tem dado nesta pobreza fransciscana que passa por ser uma coisa que não é. Ou melhor, que se destina a fazer parecer que é o que não é. Ou algo assim.

Isto é controlo e não supervisão. Isto não é pedagógico é meramente administrativo. Chamem-lhe “controlo administrativo”, não nos ofendam mais a inteligência que ainda sobrevive ao massacre.

Tiro

Declinei

Participar num debate (mais um) que estará a decorrer por estas horas sobre o futuro da Educação em Portugal. Organizado por uma daquelas associações muito empreendedoras, tinha como participantes previstos três pessoas muito empreendedoras, embora completamente desligadas do quotidiano escolar. A certa altura, deve ter-lhes batido qualquer coisa e mandaram-me o convite (a pouco mais de 24 horas do evento, já com nota de imprensa preparada e tudo) para fazer de ave rara conservadora e atávica no meio de gente tão empreendedora. Mesmo em outros tempos, quando me parecia importante meter o nariz em todos estes ambientes e dizer-lhes umas coisas chatas, muito dificilmente teria aceite tamanha distinção. Por estes dias, não estou mesmo para talks da treta em que uns alguéns discutem o que desconhecem, mas acerca do que têm umas ideias muito empreendedoras e coiso e tal. Para além de que, também por estes dias, horas e minutos, qualquer coisa que meta “Educação” e “Futuro” no título me desperta logo a vontade ir buscar um bacamarte de carregar pela boca.

Tiros

Para Quando a Reedição?

Destes dois guias da reforma curricular de 2001 (RefCurrACND, RefCurricAval), publicados em Março de 2002, com as indicações para a forma como se deveriam aplicar as famosas áreas curriculares não disciplinares, com destaque para as questões da cidadania e dos “projectos”, e como proceder à avaliação das aprendizagens dos alunos do Ensino Básico. Passaram já mais de 15 anos, mas o discurso não mudou praticamente nada, menos consoante muda, mais acentuação amputada.

Tudo isto é chato, repetitivo, disco riscado, sempre com os mesmos artistas ou os seus discípulos mais pressurosos.

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