Já foi. Agora é dia para metade do pessoal ir (em especial se o dia não estiver muito bom, mas hoje até está, portanto é menos de metade) para onde a outra metade anda a trabalhar, sem ter dia do trabalhador, se calhar nem uma folga adicional para compensar. Por causa da produtividade, dos mercados, disso tudo que sabemos agora ser o mais importante para termos “credibilidade” enquanto país.
Mas isso agora não me interessa.
Este dia deveria ou poderia servir para que aqueles que trabalham e pensam ainda ter uma profissão coerente, pensarem sobre isso mesmo.
Eu cá penso que ainda gosto do que faço, mas que cada vez vou detestando mais as condições em que o tenho de fazer. Ainda não passo a maior parte do tempo a pensar se poderia passar a fazer outra coisa. Mas já me ocupa o espírito mais tempo do que o razoável. E não sou só eu. E desconfio muito daquelas pessoas que andam sempre muito alegres, a achar tudo muito bem e a ver o lado positivo de tudo (são quase piores do que aquelas que acham que tudo é mau), ficando eu na dúvida entre a idiotice e a medicação.
Sei que quem manda no ME quer ver malta como eu pelas costas… e não é de agora. Mesmo se a carreira é uma miragem e a maioria ficou no meio do deserto sem oásis à vista (aquilo de 2018, não se iludam, é quase por certo como em 2009 para ganhar votos e depois volta-se ao mesmo), o pessoal da minha idade é considerado “caro” e não alinha facilmente nas tretas que nos querem impingir como novidades e somos, portanto, “conservadores”. Não andamos ao ritmo do trote desejado, desconfiamos de cenouras ocasionais e o lombo também vai ficando calejado das vergastadas, pelo que também já não nos assustamos com facilidade. Seria muito mais fácil que nos fossemos embora, mas sem sobrecarregar muito o orçamento, para dar lugar a “novos” que, de tanto estarem à espera, talvez se revelem mais dóceis e acomodados, porventura gratos, a quem lhes arranje lugar. Basta ver certas conversas em grupos de “redes sociais” para se adivinhar o género.
Ahhh… e aquilo de haver gente em situação ainda pior não é argumento, ok?
Pois… o dia do trabalhador, mesmo com sol, mesmo sem componente lectiva, pode ser usado para pensarmos um pouco.

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