Já Estou Sentado à Espera

Até porque há já uns anos que defendo o direito do professor à autonomia pedagógica e de organização do espaço e tempo da aprendizagem. A minha discordância prende-se com outros aspectos que nem sei se são mais superficiais se mais profundos como os procedimentos adoptados, a pressa manifestada e a opacidade de alguns meandros de tudo isto, os quid pro quo de que ouço falar em matéria de apoias-me e eu apoio-te, mas que também consigo entrever com um pouquinho de esforço.

E, claro, o facto de se saber que este tipo de reformas deve ser generalizado com muito cuidado ou as coisas correm bem apenas do ponto de vista estatístico para apresentar no próximo período pré-eleitoral.

Visao4Mai17

Visão, 4 de Maio de 2017

5 opiniões sobre “Já Estou Sentado à Espera

  1. Há mundos diferentes. Há aqueles mundos onde o que interessa é que os alunos tirem 20 para entrar em medicina, arquitetura, engenharia aeroespacial, etc, e isso consegue-se seguindo um canône bem definido, que não admite grandes fugas. Tudo se ensina forma já regulada, todos são avaliados da mesma forma, e de preferências com exatamente os mesmos instrumentos (que significa os mesmos testes pois são os únicos elementos que efetivamente contam).
    Quem fugir ao canône é avisado, porque a pressão que desce desde os EE até aos “zecos” é enorme.
    Interessante é o facto deste modelo escola ser muito valorizado, e incentivado, por quem tem poderes reais de verificação na educação em Portugal.
    Este mundo que o senhor secretário de estado projeta, tenho a certeza que não chegará a estas escolas.

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    1. Este modelo é a chamada “escola emancipadora”, em regra muito popular em países de terceiro mundo, permitindo criar um sucesso estatístico. É um modelo em que a escola pública é a escola dos pobrezinhos, que se faz acreditar que não interessa saber a tabuada desde que se tenha “espírito crítico”.

      É interessante como alternativa, dificilmente como norma. Nem na Finlândia ou em Singapura.

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  2. A tentação dos esquemas binários é terrível. Ou modelo tradicional ou o caos do aventureirismo (parece que “emancipatório terceiromundista”). Daí a contradição: o (desejável e necessário) direito do professor à autonomia pedagógica e de organização do espaço e tempo da aprendizagem não é compatível com o actual modelo rígido (mais ainda se acentuarmos a sua vertente examocrática). A escola que interessa construir terá, pois, que ultrapassar esta lógica dual ofuscante e paralisante.

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  3. O problema das visões e lógicas binárias (modelo educativo tradicional/modelo emancipador terceiromundista) é que, além de ofuscarem as vias alternativas, nos fazem cair desde logo na ratoeira das contradições. O modelo tradicional – muito bem descrito no 1º comentário – é simplesmente incompatível com o (desejável e necessário) direito do professor à autonomia pedagógica e de organização do espaço e tempo da aprendizagem. E quando se acentua a vertente examocrática do modelo tradicional essa contradição ainda resulta mais gritante. Se alguma coisa os sistemas de ensino mais evoluídos nos têm mostrado (como o finlandês) é que o pilar de uma educação a sério, de aprendizagens de qualidade, assenta naquela autonomia do trabalho pedagógico.

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    1. Há o binário e o primário.
      O primário é não se analisar o que é escrito e escrever “examocrático” ou “cratiano” em todo o comentário sobre algo que se desgosta. Este post não fala de exames.
      Primário é ter um só registo, tipo k7.

      O primeiro comentário é realista… explica que este modelo que eu acho terceiro-mundista levará grande parte dos encarregados de educação a fugir para o ensino privado tradicional e o argumento será, curiosamente, o da “qualidade”.

      A lógica binária é a de quem divide entre o “nós” e os “outros”, leia-se malta que é bem-intencionada e os maus, preferindo fugir à análise dos procedimentos similares.

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