Se Fizesse o que Ele Faz Até me Podia Reformar aos 99 Anos

O Baldaia com o PS no poder é sempre aquela máquina de enfartar brutos. Mesmo com os sindicatos a colocarem-se a jeito, este tipo é tão intragável como sempre foi quando se sentiu com as costas quentes para colocar cá fora toda a bílis anti-professores, que ele gosta de baralhar com as direcções sindicais. Que desplante! 🙂

Turd

Sugestão ao Grande Sindicalismo Docente

É muito complicado ser-se sindicalista quando as agendas partidárias se sobrepõem a todo o resto. Era preciso que a geringonça funcionasse sem grandes ondas, portanto quase tudo se sacrificou durante mais de ano e meio à sua estabilidade, apenas com umas migalhas em troca como se fossem grande coisa (a PACC era um nado-morto, o fim “exame da 4ª classe” a grande bandeira que nada trouxe de melhoria às condições de trabalho dos docentes, pois vieram as provas do 2º ano). Com o tempo, confirmou-se que Tiago Brandão Rodrigues é um ministro sem capacidade de fazer mover mais do que micro-causas, sem “peso” no Conselho de Ministros e só alguma influência indirecta na própria máquina do PS para a Educação, quase totalmente dominada pela dupla Porfírio Silva/João Costa. Dupla essa que apenas em termos retóricos se interessa pelas condições de trabalho e carreira dos docentes, eles que foram sombras desconhecidas durante os tempos de Sócrates/MLR.

Como em tempos de Isabel Alçada (e também de Nuno Crato), o ME é uma (sub)secretaria de Estado do Ministério das Finanças, apenas com autonomia para “inovações” que custem pouco dinheiro e produzam sucesso. Como nesses tempos, as “negociações” na 5 de Outubro de nada valem sem a validação das Finanças, onde a prioridade é salvar bancos, pagar rendas milionárias a empresas privadas e desorçamentar a Educação para as autarquias.

Mas é preciso encenar que se existe, que há “luta” e não total submissão à agenda governamental, que há “causas mobilizadoras”. É verdade, “causas” há e há muito tempo. Não apenas em final de ano lectivo. Muito menos quando a hipótese é marcar uma greve para tempo de exames, quando se sabe existirem “serviços mínimos” (herança de outra escorregadela da luta) e os professores ainda se lembrarem de 2013 e do que se passou com a greve às avaliações, desconvocada a meio em troca de algo que nem se percebeu bem o que foi (até porque uma das reivindicações de agora – a clarificação de alguns aspectos da componente não lectiva – teria sido uma das “conquistas” de então).

Haveria alternativa a esta convocatória de greve? Haver, haveria, mas não seria a mesma coisa para a dupla sertaneja Mário&João, a parelha inoxidável com horror ao exercício da profissão que afirmam representar. Poderia ter sido feita alguma coisa antes, mas seria demasiado cedo para as doutas opiniões, poderá ser feita muita coisa daqui em diante, mas será demasiado tarde para opiniões igualmente esclarecidas. O que me ocorre é que questões como o descongelamento de carreiras (que se anuncia “faseado”, ou seja, provavelmente só mesmo em tempos pré-eleitorais para os professores que são “caros” e também provavelmente para suspender logo a seguir como nos tempos do engenheiro) são questões orçamentais… assim como as regras de aposentação estão muito longe do alcance da jurista Alexandra Leitão que, em tais matérias, depende mais de Vieira da Silva do que do ministro Tiago. Vieira da Silva, um dos alegados (claro) arquitectos na sombra (com Carvalho da Silva, alegadamente, claro) do “entendimento” de Abril de 2008 que nos deixou todos ali a olhar para os bonecos.

Portanto, muito podem esbracejar os sectores anti-sindicais ou mais essencialmente anti-professores de alguma opinião publicada ou imbecilidade partilhada socialmente em redes (do tipo “ai os superiores interesses dos alunos”), que nada passa de essencial por esta greve. Os níveis de decisão estão fora destas reuniões, sem pizzas e a pedir mais sardinhola assada. Há mais coisas decididas em reuniões de escuteiros (alegadamente, claro) do que na 5 de Outubro. E certamente que as questões realmente relevantes para a melhoria das condições laborais dos professores não passam pelos tête-à-tête destes dirigentes secretários com qualquer dos governantes em exercício na Educação e destacados para estas questões. Eles são apenas peões. Por muito que entusiasmem o pessoal que acha que a luta-é-a-luta-e-quem-não-salta-é-laranjinha (ou não, que agora até há laranjas a fazer greve…).

Tudo se joga a outro nível.

Isto são apenas amendoins, lançados à praça pública para entusiasmo dos distraídos, milho lançado às galinhas tontas. Uma greve que, com serviços mínimos, vai dar mais ricochete do que acertar nos pardais.

Portanto… vamos lá ser sérios e, por uma vez, falar verdade? Pode ser? Ou já lhe perderam a prática?

nopasanada

Demitir-se Porquê?

O Mexia é um gajo experto que soube fazer uma carreira público-privada que atravessou os mandatos do grande arco da governabilidade da maior parte das últimas décadas. Foi para ministro, passou para uma empresa pública e nela fez a transição para a privatização, nela permanecendo com especial habilidade na forma de negociar contratos vantajosos para os seus patrões e accionistas e de evitar a revisão de uma legislação que já estava obsoleta em termos de rendas. Pelo caminho, conseguiu (com outros) afastar o ministro Álvaro e continuar a explorar a economia de mercado em todas as suas potencialidades.

Iria demitir-se porquê? Questões éticas? Defesa do interesse público? Brincamos? Mas ele não tem demonstrado que é um excelente exemplo de profissionalismo dos novos mercenários da gestão e finanças? O capital não tem rosto e muito menos escrúpulos, porque isso tem tendência para não render o suficiente para pagar certas vidas (embora ainda pudesse dar para um barbeiro para o administrador manso).

Mexia

(imagem sacada ao mural do Antero Valério no fbook)

Sugestão ao Pequeno Sindicalismo Docente

Meia dúzia de micro-sindicatos docentes (ASPL, Pró-Ordem, SEPLEU, SIPE, SIPPEB e SPLIU) decidiu convocar uma greve para o próximo dia 14. Está no sei direito definirem uma “luta” comum e independente da FNEprof.

Mas – sendo-me impossível perceber bem quantos professores representam para além dos seus corpos sociais – eu faria a seguinte sugestão:

  • Se a greve tiver menos de 10% de adesão, todos estes sindicatos deverão auto-dissolver-se e livrar-nos de mais embaraços, porque o pluralismo sindical é outra coisa.
  • Se a greve tiver menos de 5% de adesão, estes sindicatos deverão auto-dissolver-se e as suas direcções deverão praticar uma sessão de animada auto-flagelação pública no Rossio.

Flagellati