A discordância da FNE–prof, esta com autocolantes. Mas a lei é de 2014 e é clara, gostemos ou não. Eu também discordo duma série de leis (olha-me aquela do congelamento de carreiras, mais aquela que me aumentou o irs), mas parece que sou obrigado a conhecê-las ou, mesmo que alegue desconhecê-las, a que elas me sejam aplicadas.
Também discordo da chamada “descentralização” da Educação que está quase aí e que irá fragmentar o país em mini-sistemas de ensino, num modelo que tem muitas mais possibilidades de esvaziar greves nacionais, mesmo do pessoal docente.
Sinceramente… já não é uma hora semanal na lectiva ou não lectiva que me incomoda muito quando me leva(ra)m no salário o equivalente a muitas mais ao longo da última década e dou por certo que não será neste mandato que voltarei a receber o que recebia há 10 anos e isto é com a inflação em cima e sem qualquer progressão.
A greve é por causa disto? Então porque a convocaram de forma tão canhestra? Não seria mais inteligente (ou “eficaz”) fazê-la ali por alturas da finalização do OE, numa altura em que a legislação dos serviços mínimos não se aplica, mas até haveria alarido mesmo em cima das autárquicas? Não se “alembraram”? Ou seria demasiado delicado para as alianças de circunstância em alguns municípios?
O ministro da Educação e a sua equipa são “sensíveis” (aspas sem querer dizer que é citação directa, pois não fui eu que ouvi…) aos protestos dos professores, os quais compreenderão, porque até serão justos, mas a 5 de Outubro (como há muito tempo) não passa de uma secretaria de Estado ou Direcção-Geral para a Educação do Ministério das Finanças e a única maneira é mesmo os sindicatos mostrarem o seu desagrado na rua ou com greves, porque o Costa anda a vender o pafismo educacional (autonomia&flexibilidade mais a conversa sobre revolução no 1º ciclo, que é o nível de ensino que já tem sido mais sacrificado com mudanças constantes) pelo país, e a colega da outra secretaria é mais malabarismos com a legislação sobre contratos de associação (este tipo de conversa do beatodasneves é, para além de idiota, falso) e vinculações extraordinárias para parecer que se estão a fazer coisas que não são bem as que estão a ser feitas e o ministro ainda ainda no campeonato político dos juvenis?
Não sei bem se isso me interessa, em especial quando a conversa cá para fora é outra.
Não nos embaracem, contem a história toda, não metam os pés pelas mãos… não digam que basta clarificar o que é componente lectiva para desconvocar a greve, porque isso já é do domínio do acessório quando a autonomia dos directores (olha… outra causa que quase desapareceu, a flexibilização 🙂 do modelo de gestão) tem a cobertura da estruturas do ME para as mais variadas tropelias.
Sejam claros: não há qualquer garantia do Centeno para descongelamento da carreira docente em 2018… ou a existir será “gradual” (ou apenas para as carreiras com menor remuneração porque os profes são ricos) e apenas para cumprir calendário eleitoral (como nos tempos do engenheiro). Não há qualquer garantia de recuperação de nada do que perdemos em termos de progressão nos anos de congelamento. Não há qualquer garantia de que a entrada nos quadros não continue a ser na base das coisas extraordinárias e manhosas. Nem sequer há qualquer garantia que o Vieira da Silva concorde com regras de aposentação diferenciadas. O Tiago não pode garantir nada porque lhe falta comer muita sopa, o João quer é concretizar a “sua” reforma, arrancada às cartilhas dos anos 90, e a Alexandra é mais firmeza de aparência num juridiquês às três pancadas.
Que tudo isto é motivo para uma greve das boas?
Claro que é… Só que esta é apenas para marcar calendário e fazer uma prova de vida sindical à custa de alguns professores. Basta lembrar-me do que se passou há 4 anos com as greves rotativas às avaliações… se então, após vários dias de greve e paralisação das reuniões de avaliação, a coisa foi desconvocada sem ganhos, o que se espera desta?
Querem união? Não nos lixem de cada vez que as coisas até parecem estar a funcionar.
E não se encrespem com o actual ME porque, coitado, ele é dos mais inocentes nisto tudo. Com sorte, daqui a dois anos, já estará com o propedêutico feito.

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