Duas Mãos Cheias de Nada

A Fenprof pediu com urgência hoje ao ME que se fizesse uma reunião na 2ª feira, porque o documento que o ME apresentou no dia 14 (divulgado pelo Arlindo e que também deixo aqui: CompoMECJun17) não é de molde a resolver a situação de impasse existente.

Vamos lá voltar a ser claros: o ME não está em condições de garantir seja o que for na maioria das matérias que implicam um pouco mais de encargos financeiros ou de alteração do modelo de gestão escolar, em que o director vai passar a ser uma espécie de director pedagógico ao serviço da autarquia. Em relação ao descongelamento de carreiras, esqueçam 2018, porque nenhum processo negocial iniciado em Novembro de 2017, já depois de aprovado o OE, terá efeitos dois meses depois. E reparem que se trata apenas da regulamentação do acesso a dois escalões (os que dependem obrigatoriamente de aulas assistidas), nada mais do que isso.

MEJun17

Quanto a um regime específico de aposentação, esqueçam, ponto final:

MEJun17b

Quanto à municipalização e esvaziamento das competências das escolas, reparem no exemplo que é dado de vantagem e redução da “burocracia”:

MEJun17c

Estão a gozar connosco, certo? O que mais aflige o quotidiano docente é a gestão dos refeitórios, correcto?

Contra a Demagogia…

… eu não tenho problemas em afirmar que não é o demagógico e dificilmente definível “interesse dos alunos” (esse, desculpem lá, tenho muito mais dias em que o defendo, por vezes contra a vontade deles) que me faz estar contra a greve, mas sim a defesa do “interesse dos professores” (que não é antagónico ao dos alunos, por muito que alguns escribas o queiram dizer) em não serem enganados mais uma vez por estratégias de bastidores. Porque esse, a sério, praticamente ninguém o defende.

E há argumentos a sério e há coisas chochas, sonsas, para não dizer pior. E que se dane quem ficar com epidermias.

brain

Excepção à Regra…

… de não referir assuntos de futebol. Desta vez, o Bruno de Carvalho tem a sua razão.

Bruno de Carvalho: “Vou mandar um e-mail a perguntar por que razão só não ganhamos no futebol masculino sénior”

O presidente do Sporting ironiza com a polémica do momento, afirmando que irá enviar um e-mail à administração a questionar porque é que o seu clube não ganha apenas no futebol de seniores masculinos, já que o Sporting foi campeão em juniores, juvenis, infantis e benjamins, no futebol masculino; e em seniores, juniores e juvenis, no futebol feminino.

Lion

Para Registar em Acta (e Outras Coisas)

A discordância da FNEprof, esta com autocolantes. Mas a lei é de 2014 e é clara, gostemos ou não. Eu também discordo duma série de leis (olha-me aquela do congelamento de carreiras, mais aquela que me aumentou o irs), mas parece que sou obrigado a conhecê-las ou, mesmo que alegue desconhecê-las, a que elas me sejam aplicadas.

Também discordo da chamada “descentralização” da Educação que está quase aí e que irá fragmentar o país em mini-sistemas de ensino, num modelo que tem muitas mais possibilidades de esvaziar greves nacionais, mesmo do pessoal docente.

Sinceramente… já não é uma hora semanal na lectiva ou não lectiva que me incomoda muito quando me leva(ra)m no salário o equivalente a muitas mais ao longo da última década e dou por certo que não será neste mandato que voltarei a receber o que recebia há 10 anos e isto é com a inflação em cima e sem qualquer progressão.

A greve é por causa disto? Então porque a convocaram de forma tão canhestra? Não seria mais inteligente (ou “eficaz”) fazê-la ali por alturas da finalização do OE, numa altura em que a legislação dos serviços mínimos não se aplica, mas até haveria alarido mesmo em cima das autárquicas? Não se “alembraram”? Ou seria demasiado delicado para as alianças de circunstância em alguns municípios?

O ministro da Educação e a sua equipa são “sensíveis” (aspas sem querer dizer que é citação directa, pois não fui eu que ouvi…) aos protestos dos professores, os quais compreenderão, porque até serão justos, mas a 5 de Outubro (como há muito tempo) não passa de uma secretaria de Estado ou Direcção-Geral para a Educação do Ministério das Finanças e a única maneira é mesmo os sindicatos mostrarem o seu desagrado na rua ou com greves, porque o Costa anda a vender o pafismo educacional (autonomia&flexibilidade mais a conversa sobre revolução no 1º ciclo, que é o nível de ensino que já tem sido mais sacrificado com mudanças constantes) pelo país, e a colega da outra secretaria é mais malabarismos com a legislação sobre contratos de associação (este tipo de conversa do beatodasneves é, para além de idiota, falso) e vinculações extraordinárias para parecer que se estão a fazer coisas que não são bem as que estão a ser feitas e o ministro ainda ainda no campeonato político dos juvenis?

Não sei bem se isso me interessa, em especial quando a conversa cá para fora é outra.

Não nos embaracem, contem a história toda, não metam os pés pelas mãos… não digam que basta clarificar o que é componente lectiva para desconvocar a greve, porque isso já é do domínio do acessório quando a autonomia dos directores (olha… outra causa que quase desapareceu, a flexibilização 🙂 do modelo de gestão) tem a cobertura da estruturas do ME para as mais variadas tropelias.

Sejam claros: não há qualquer garantia do Centeno para descongelamento da carreira docente em 2018… ou a existir será “gradual” (ou apenas para as carreiras com menor remuneração porque os profes são ricos) e apenas para cumprir calendário eleitoral (como nos tempos do engenheiro). Não há qualquer garantia de recuperação de nada do que perdemos em termos de progressão nos anos de congelamento. Não há qualquer garantia de que a entrada nos quadros não continue a ser na base das coisas extraordinárias e manhosas. Nem sequer há qualquer garantia que o Vieira da Silva concorde com regras de aposentação diferenciadas. O Tiago não pode garantir nada porque lhe falta comer muita sopa, o João quer é concretizar a “sua” reforma, arrancada às cartilhas dos anos 90, e a Alexandra é mais firmeza de aparência num juridiquês às três pancadas.

Que tudo isto é motivo para uma greve das boas?

Claro que é… Só que esta é apenas para marcar calendário e fazer uma prova de vida sindical à custa de alguns professores. Basta lembrar-me do que se passou há 4 anos com as greves rotativas às avaliações… se então, após vários dias de greve e paralisação das reuniões de avaliação, a coisa foi desconvocada sem ganhos, o que se espera desta?

Querem união? Não nos lixem de cada vez que as coisas até parecem estar a funcionar.

E não se encrespem com o actual ME porque, coitado, ele é dos mais inocentes nisto tudo. Com sorte, daqui a dois anos, já estará com o propedêutico feito.

Pizza

 

Que Los Hay, Los Hay…

Os serviços mínimos em Educação, sempre que em causa estejam provas de avaliação de âmbito nacional (e não apenas “exames”), estão legislados desde 2014 e fomos vários a avisar com remissão para a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (artigo 397º). O que o tribunal arbitral define (artigo 398º) é, na ausência de acordo entre as partes, a extensão desses serviço, não se existem ou não.

Nas últimas duas semanas, nas escolas e na comunicação social, houve demasiada gente (bem… na TV só me lembro de uma pessoa) a mentir sobre isto. Em alguns casos de forma descarada (pois sabem das coisas e muito bem e sempre se gabaram de dominar o terreno), mas em outros por papaguear coisas que desconhecem e são demsiado preguiços@s para pesquisar e pensarem pela própria cabeça, indo atrás de “cartilhas”.

O serviço prestado pela FNEprof aos professores nesta matéria foi lastimável. Os serviços mínimos foram decretados e, por muito que se rodeiem as coisas,  a imbecilidade de alguns pode vir a ser (de novo) generalizada a toda uma classe profissional.

Até porque se pode ler no DN que “Fontes sindicais já tinham afirmado à Lusa que a greve dos professores agendada para 21 de junho terá serviços assegurados para garantir a realização de exames nacionais e provas de aferição.”

Ou seja, andaram a enganar o pessoal, a opinião pública e apenas a agitar lutas inconsequentes.

E se fossem pastar para um prado bem seco?

(sim, estou a medir as palavras e pecar por defeito no que penso, pois estou farto de idiotas armados ao pingarelho… que nem uma aula dão se não for do tipo vipe… ou “formação”… Pior ainda se esta greve tiver sido uma espécie de combinação de bastidores… quase a pedido para o centeno-ronaldo ser “pressionado”… já que há governantes “sensíveis” mas sem qualquer peso na matéria)

fneprof