A Guerra ao Currículo “Tradicional”

Certamente merecerá prosa mais ampla daqui por uns dias. Por agora e depois de alguma imersão em ambientes do século XXI, confirmei algumas suspeitas acerca do que move alguns dos activistas contra o currículo (escolas e professores) dos séculos XIX e XX.

Pode parecer mentira em gente crescida, mas cada vez se nota mais que é uma espécie de ressentimento cultural contra aquelas áreas do conhecimento que, pela sua origem mais remota e primordial, se mantiveram durante muito tempo como essenciais numa “Educação Liberal” (na acepção que lhe é dada nos países anglo-saxónicos, onde começou a perder terreno perante a ascensão da ideologia STEM, que entre nós teve algum fulgor com o Crato, mas que não é a que agora está na mó de cima) e que agora nos querem fazer acreditar que de pouco mais servem do que para responder a perguntas de Cultura Geral.

(e nem falo da questão do “valor” ou “utilidade” da Educação)

A primeira disciplina a ser trucidada dessa forma foi a Filosofia, menorizada no Ensino Secundário perante outras áreas que eu cada vez mais associo à promoção de estilos estilos de vida do que propriamente a ensinar a pensar e muito menos criativamente. O alvo seguinte tem tentado centrar-se na História, que se gosta de dizer fora de microfones que é coisa só de memorização e coisas inúteis para o presente. O cerco tem tido avanços e recuos, mas não tem parado, beneficiando de algumas inimizades de proximidade com posições chave na definição do chamado “desenvolvimento curricular”. Se perguntarem aos governantes se isto é assim, negarão e poderão mesmo dizer que eles são os maiores defensores das Humanidades e até devem ter alguma História do Círculo de Leitores nas estantes para confirmar a sua devoção (e não é raro que digam que a sua segunda opção teria sido História se não fosse algo como “tão poucas saídas”).

Filosofia e História são duas disciplinas “malditas” para os cultores do Agora, do Futuro, do Homem Novo Saudável e Tecnológico a quem nada interessa como aqui chegámos e detestam que alguém lhes relembre que a fatiota agora desempoeirada é velha e, pior, se tenha a capacidade para o demonstrar sem a wikipedia ou o google à mão. Ou para quem o acto de pensar não se fica pelo truque sofista.

Não me espanta, pois, que nas competências que querem para os alunos do século XXI esteja ausente a dimensão da Memória, porque isso é quase anátema, e que o “Pensamento Criativo” não tenha qualquer ligação explícita à Filosofia, a menos que seja uma variação daquelas tecnho-new age com sons da natureza à mistura.

Discobolo marco-oliveira (c) Marco Oliveira

Serão os Candidatos “Errados”?

Os que andam a ser excluídos à última da hora por motivos que poderiam ser detectados antes ou que nem sempre são muito evidentes (há cada vez mais casos a aparecer no fbook) O Arlindo diz que a maioria é no concurso “extraordinário” e parece que isso resulta da (errada?) validação das condições indispensáveis para concorrer. Pode ser que seja apenas incompetência nos procedimentos. Pode ser. Espero que não seja ninguém que esteja a “empatar” (hipótese conspirativa 1) ou que tenham sido validados sem estarem em condições (hipótese conspirativa 2). Seja como for, nada como concursos bem “ordinários”, em minha modesta opinião.

Porque este tipo de vinculação destina-se a cumprir um direito dos trabalhadores-professores. O preenchimento de vagas dos quadros das escolas deveria ser tarefa primária do concurso “normal”. Assim, a mim, fica sempre um travo amargo… aparece-me sempre um aroma a qualquer coisa diferente do que deveria ser: vincular professores que já o deveriam estar por terem cumprido as condições legais para entrarem nos quadros. Sem regras manhosas. Ou cirúrgicas.

Porque até me parece que da última vez há quem tenha vinculado apenas para ir logo para outro lado.

Roleta-89319

 

3ª Feira

Vou até Leiria para participar num encontro sobre o papel das TIC na aprendizagem (XVIIEncontroPrograma) e estou no painel dos que acham que elas valem a pena, mesmo se irei falar em especial do papel essencial do factor humano no processo.

No mail que me foi enviado com o programa final posso ler que “sempre que possível procuramos basear o debate em exemplos como alternativa à focagem em teorias ou nos aspetos conceptuais”, o que é música para os ouvidos de quem não é “especialista” em teorizações em abstracto.

Recentemente, parece que esta minha abordagem, muito na base do que funciona no concreto sem pretensões a verdade universal, não foi muito de agrado de algumas pessoas. Mas é o que se pode arranjar… sou muito básico.

TIC Leiria

Domingo

 .
 .
 .
 .