Para quem não tem embaraço em ser professor no terreno e em defender os direitos a ter condições condignas, sem estar sempre a ser alvo de acusações públicas de laxismo, privilégios ou coisa pior, é deprimente ver o estado a que chegaram certos grupos ou nichos muito “lutadores” quando se tratava de zurzir no Crato e na Direita, alguns dos quais – verdade se diga – vinham dos tempos da MLR sem “entendimentos”.
Só que a solução política da geringonça fez com que muita gente tivesse se calar, desviar atenções, encontrar micro-causas ou recuperar defuntos para espantalhar a malta e fingir que há “luta”, quando o que existe é uma completa rendição à situação da geringonça educacional. Depois de umas medidas meio populistas e sem impacto orçamental (fim da PACC, reformulação da BCE… e não esqueçamos que o fim do “exame da 4ª classe” foi empurrado pelo Parlamento), o essencial da política deste ME é a continuidade de políticas anteriores, apenas com maior pressão sobre a produção de sucesso.
Em relação à carreira docente, regime de aposentação, modelo de gestão escolar, rede escolar e municipalização do sector, não encontro especiais diferenças entre a actual geringonça educativa legitimada pelas esquerdas e o tenebroso mandato cratiano. As maiores diferenças em relação ao passado mais próximo estão no regresso à ideologia das transversalidades e competências para o sucesso no século XXI, com escassa preocupação com as questões da disciplina e da autoridade do professor reduzido a facilitador de aprendizagens, ideologia que foi dominante na maior parte dos anos 90 e que muito de nós afirmávamos abominar há não tanto tempo assim.
No entanto, aquilo a que assisto, para além do ressurgimento de todo um aparato “conceptual” algo zombie, é uma completa domesticação de quase (sublinho o quase, há excepções notáveis) todos aqueles que eu estava habituado – mesmo com divergências – a considerar como gente com alguma individualidade e autonomia. Quanto às “organizações” e profissionais da luta, nunca me iludi… sempre soube que andariam pela trela, a encenar conflitos em datas concertadas e a fazer voz grossa para a plateia do Observador, o Baldaia e o MST, mais uns quantos derivados.
O que me desgosta é que exista quem se tenha deixado amansar com tão pouco, passando a fazer apenas efeito de eco dos senhores do momento, perdendo qualquer capacidade de intervenção crítica e, pior, aderindo à crítica “anti-corporativa” contra aqueles que não se vão com 30 moedas.
Enfia o barrete até aos pés quem quiser.
Pois eu sei que eles sabem que eu sei que eles sabem que eu sei. And so on.
O silêncio é de ouro 🙂
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Concordo. São grandes e pesados os silêncios… Tudo na mesma mas em silêncio com roupagens de inovação!
NÃO gosto de donos do Bem e da Moral que supervisionam os outros coitados!
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Republicou isto em Primeiro Ciclo.
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