(Martin Landau, 1928-2017)
Dia: 17 de Julho, 2017
Com a Floresta a Arder, Discutimos a Marca das Mangueiras?
Eu gosto mesmo da intensidade e inteligência que o Luís Braga coloca nas suas argumentações, o que é muito raro por estes dias acerca destes temas. Falo do desenterrar do tema do artigo 79º do ECD. O Luís atira-se ao tema com toda a força, mas comete uma falha original que é achar que só existem circulares a comandar-nos e não decisões judiciais. Que existem e são todas no mesmo sentido. Mas claro que podemos recomeçar um processo que ambos conhecemos e já discutimos há bons anos (temos um longo historial epistolar de troca de ideias e informação) como se fossemos novos de novo e estivéssemos a descobrir a pólvora da luta jurídica contra o ME pela primeira vez (eu também tenho o meu currículo nessa matéria, mas agora não tem qualquer interesse).
Mas nem isso me interessa muito e que bom que era que ele tivesse razão. Eu sou um pouco mais velho do que ele, somos do mesmo grupo, ficaríamos ambos a ganhar se a posição que ele defende (e eu defendi outrora… fazendo-me isto lembrar aquilo dos serviços mínimos que muita gente insistia que não existiam, estando na lei há anos e tendo essas pessoas obrigação de o saber e não de ampliar a mistificação) fosse a que “fizesse lei”.
Só que… sinceramente, eu dediquei dois posts ao tema do 79 exactamente porque o acho perfeitamente secundário no contexto actual em que as duas horas de redução acabam por passar da componente lectiva para a não lectiva e, em tantos sítios, trata-se exactamente da mesma coisa… não é Apoio ao Estudo é um Apoio Pedagógico Acrescido ou uma Tutoria para 10 ou…
Vamos lá tentar manter isto dentro de alguma sanidade, de acordo com a que me resta. Eu estou muito mais preocupado em voltar a ter uma carreira, com progressões, com actualização salarial, assim como um modelo de gestão escolar que não seja monolítico, hierarquizado, baseado em “unidades de gestão” descaracterizadas, prestes a ser canibalizadas pelo poder local em muitas zonas do país. Estou mais preocupado em ver os meus colegas exercer a sua profissão com dignidade e poderem, quando não mantêm condições para o fazer, dela sair com a mesma dignidade. E isso, sinceramente, não se resolve com menos 2 horas semanais na CL. Podem achar que sim, mas não é. Há coisas muito mais importantes a minar o trabalho docente, desde logo a sua desautorização com um discurso da tutela que culpabiliza os educadores e professores como únicos responsáveis pelo insucesso escolar. Discurso que vai tendo ancoragem em alguma blogosfera que parece viver bem com muita coisa que me incomoda.
Incomoda-me, por exemplo, que se promovam “formações” para “reeducar” a classe docente nas teorias de antanho que os senhores de agora querem recuperar. “Formações” que não passam de acções de propaganda a que muita gente adere por convicção, para ficar bem na fotografia ou porque encarneira com o poder por vocação. Já me incomodou – mas agora nem isso – ver algumas pessoas ansiosas por serem “formadores” na domesticação dos colegas. Já me habituei. Faço apenas por não frequentar tais ambientes tóxicos de adestramento.
A realidade é o que é, a menos que sejamos muito pós-modernos ou solipsistas. Eu tento ser muito objectivo nestas coisas e não são as micro-causas que me fazem esquecer o que realmente me aflige. Se o meu horário vai ter 26 ou 27 horas lá inscritas para trabalhar, sinceramente não é em que caixinha colocam mais 2 que me ocupa muito o neurónio.
Tomara eu que voltássemos a lutar pelo essencial e não andarmos em circuito fechado a “polemizar” por causa de formalidades. E estas nem são daquelas que simbolizam o fim do Estado de Direito. Não é por aqui que o Mal se vai instalar. Ele já está entre nós há uma década e isto já não vai lá com alfinetes.
Eu Ia Comentar…
… que as conclusões eram, em grande parte, óbvias e conhecidas (em especial as mais timidamente críticas) há muito até que dei com esta parte:
Se o CNE, com os meios ao seu dispor, se contenta com estudos e conclusões generalizantes a partir de uma amostra de 3,5% dos agrupamentos, que poderei eu obstar do buraco da minha insuficiência metodológica?
Já sei… são 3,5% significativos e representativos do todo. Aqui as partes mais próximas de mim nem vê-las, nem sequer outras bem mais singulares, mas isso agora não interessa nada e eu só sei ser má-língua porque, basicamente, acho que tudo está bem quando as pessoas que interessam acham que tudo acabou em bem.
De qualquer modo, fica aqui o estudo sobre a organização escolar e os agrupamentos, porque é grande e tem uma boa introdução teórica com interesse.
Pedrógão, Um Mês Depois
Tudo normal e de acordo com os nossos costumes.
- Muita conversa sobre o tema e horas de emissão televisiva a propósito.
- Nada de concreto ou definitivo sobre as causas do sucedido.
- Nada de concreto ou definitivo em relação a responsabilidades a apurar.
- Dinheiro e apoios para os necessitados estacionados algures no trajecto (a ver se ainda não acaba tudo num qualquer montepio).
(e parece que o siresp já patinou hoje mais uma vez por Alijó…)
Curiosidades
Vale o que vale, mas é interessante na medida em que o desempenho na Educação (21º lugar em 80) está acima do desempenho global do pais (24º). Por exemplo, em projecção de poder internacional (político, militar, económico) estamos em 50º.
Best Countries for Education
O Mercado da Educação em África
No Education Crisis Wasted: Billionaires Seek to Make Education in Africa Profitable
Bill Gates and Mark Zuckerberg are betting big on an effort to turn African education into a for-profit venture. But investigations show that children and their teachers are getting a raw deal.