Até tem duas camadas para Verão e Inverno, assim com as notas bem espalhadinhas, até aposto que eu dormiria que nem um anjo descaído em graça.
Bava afirma não ter “segurança jurídica” para devolver 6,7 milhões do “saco azul” do GES
Até tem duas camadas para Verão e Inverno, assim com as notas bem espalhadinhas, até aposto que eu dormiria que nem um anjo descaído em graça.
Bava afirma não ter “segurança jurídica” para devolver 6,7 milhões do “saco azul” do GES
Se bem percebi, ficou quase tudo na mesma, após a consulta pública, como era, aliás, de esperar.
Antes começava da seguinte forma:
O século XXI coloca desafios fundamentais aos sistemas educativos. Atravessamos um período em que o conhecimento científico e tecnológico se desenvolve a um ritmo de tal forma intenso que a quantidade de informação disponível cresce exponencialmente todos os dias. Apesar de tantos avanços científicos, este século tem vindo a ser marcado pela incerteza, por debates sobre identidade e segurança e por uma maior proximidade dos riscos colocados à sustentabilidade do planeta e da humanidade.
Agora começa de um modo ligeiramente mais económico no primeiro parágrafo, mas ganhou em conceitos iniciados com a letra i.
O mundo atual coloca desafios novos à educação. O conhecimento científico e tecnológico desenvolve-se a um ritmo de tal forma intenso que somos confrontados diariamente com um crescimento exponencial de informação a uma escala global. As questões relacionadas com identidade e segurança, sustentabilidade, interculturalidade, inovação e criatividade estão no cerne do debate atual.
Antes terminava assim:
A ação educativa é, pois, compreendida como uma ação formativa especializada, fundada no ensino, que implica a adoção de princípios e estratégias pedagógicas e didáticas que visam a concretização da aprendizagem.Trata-se de encontrar a melhor forma e os recursos mais eficazes para todos os alunos aprenderem, isto é, para que se produza uma apropriação efetiva dos conhecimentos, capacidades e atitudes que se trabalharam, em conjunto e individualmente, e que permitem desenvolver as competências-chave ao longo da escolaridade obrigatória.
Agora termina assim, com uma-alteração-uma, se é que se pode chamar assim:
A ação educativa é, pois, compreendida como uma ação formativa especializada, fundada no ensino, que implica a adoção de princípios e estratégias pedagógicas e didáticas que visam a concretização das aprendizagens. Trata-se de encontrar a melhor forma e os recursos mais eficazes para todos os alunos aprenderem, isto é, para que se produza uma apropriação efetiva dos conhecimentos, capacidades e atitudes que se trabalharam, em conjunto e individualmente, e que permitem desenvolver as competências previstas no perfil ao longo da escolaridade obrigatória.
Cruzes… deve ter sido cá uma trabalhêra dar a aparência de incorporar contributos…
Isto vai ser um recurso inestimável para a produção de chorrilhos conceptuais por aí que até me dói a osso do fígado só de pensar no que me vou rir a ler tais prosas.
O documento relativo à Estratégia TIC 2020 na Administração Pública é uma coisa com mais de 250 páginas (Estrategia TIC 2020 na AP_2017) que me faz lembrar o “velho” PTE socrático e não são escassos os pontos em comum e alguns dos protagonistas, a começar pela principal promotora do novo simplex.
Em nada me parece que vá reduzir o labirinto burocrático, apenas lhe colocando uma nova camada, brilhante até entrar em colapso por falta de meios para a sua manutenção nos sectores onde consiga funcionar em pleno (excepto no caso do Fisco).
Para a Educação (página 11), a estratégia essencial é a da submissão quase completa a plataformas informáticas centralizadas (e sabemos bem como funcionam sempre às mil maravilhas as que vamos conhecendo…) para maior eficácia financeira, a padronização dos processos e o reforço de todas as tendência da gestão escolar tal como as conhecemos e desgostamos (pelo menos uns quantos, porque há sempre cristãos-novos em conversão acelerada à “eficácia”).
O actual director do Público, que só gente muito desmemoriada não se recordará de ter sido um apoiante feroz de um governo (PSD/CDS) que definiu muita da sua identidade através de políticas de erosão dos serviços públicos e de teorias da liberdade de escolha na Educação, parece que anda meio desesperado com as consequências práticas de algumas das medidas que tão entusiasticamente apoiou, desde a implosão do mec prometida (e em boa parte executada) por Nuno Crato ao emagrecimento da administração pública, passando pela liberdade dos pais escolherem a escola para os seus filhos, desde que exista vaga. A culpa, neste caso, só é do Costa porque não reverteu essas políticas de forma convicta, mantendo-as no essencial.
É azar, Agora, aguenta!
Este ano lectivo tive direito a uma dose de trabalho burrocrático perfeitamente disparatado, pela inconsequência e redundância de muitos dos actos praticados, singelos, duplicados, triplicados, sobrepostos, interpostos, concomitantes, exorbitantes, irrelevantes, desesperantes.
O delírio nascido da mentalidade desconfiada do legislador político, aliado a uma assinalável incompetência técnica e ao desconhecimento do real, conduzem o trabalho docente – a cada novo ano – para um patamar de indizível desperdício de tempo a produzir papelada (digital e convencional) para comprovar que se fez o que estava planeado, que foi com sucesso e se não foi, porquê, porquê e porquê, o quê, quando e como.
Uma boa parte resulta da pressão externa para que tudo seja justificado (eu já lhes digo o que penso do simplex+), outra parte da necessidade, nascida da insegurança perante o eventual imprevisto imponderável, de fazer tudo e mais alguma coisa para defender o lombo da potencial pancada inspectiva.
Algo que não deixa de ser sintomático é que, mesmo quando se contacta com o “exterior”, percebe-se que do outro lado os interlocutores também experimentam o mesmo tempo de terror pela necessidade de fazer tudo de acordo com as regras (quantas vezes, bem tortas) e os protocolos (quase sempre de uma inanidade atroz, tipo artigo 22). E percebe-se que isto se entranhou já nas rotinas, nas formas de estar, nos procedimentos que deveriam ser simplificados e eficazes, mas que continuam a ser vítimas de concepções baseadas em mecanismos de controle e inculcação da obediência que se multiplicam a si mesmos e disseminam por todos os níveis da administração e do quotidiano.
Há momentos em que apetece dizer… “calma, já percebi que vem atrás de nós e nos chateia para que não venham atrás de si e @ chateiem, mas relaxe… mande-os vir que já somos crescidos…”, mas parece que isso só serviria para rebentar uma bolha mantida sob uma pressão imensa, em que o medo se constitui como uma parcela inaceitável.
Quem criou isto, sabemos. Quem mantém o sistema desta forma, conhecemos e, quando não são as mesmas criaturas, são os seus discípulos que afirmam ter muita confiança nos professores e nas escolas, mas apenas se fizerem tal como lhes mandam, em trebuchet 10, a espaço e meio e tabulação padrão, com margens moderadas, com conhecimento de a, b, c e d, aprovação em três instâncias e registo na plataforma electrónica craida para o efeito e colocada em funcionamento na versão beta para se irem descobrindo os bichos.
É absolutamente lamentável que isto continue assim e ainda se adivinhe um agravamento das trelas com a nova Estratégia TIC 2020 para a Educação (em post a aparecer mais acima).