Compreendam-me… nada tenho contra sandálias em pés femininos, porque (quase tod)as meninas e senhoras os tratam muito bem antes de os expor, porque não querem ficar mal vistas umas pelas outras ou desiludir o nicho de fetichistas que consta existir em relação a essa parte do corpo. Elas, mesmo sem manual diferenciado, esfoliam todos as peles secas, amaciam as calosidades, retiram a mais minúscula cutícula, cortam as unhas e cada vez as decoram mais do que as pintam. Por isso, mesmo em situações que socialmente aconselhariam calçado menos informal, não é despropósito absoluto o uso feminino da sandália.
Já quanto aos gajos, cruzes, credo, c’um caneco e camandro que agora anda tudo de sandalinha ou chinelinho naião (consultar dicionário micaelense-continental) seja por onde for, em vez de apenas em recintos e espaços apropriados ou pelo menos compreensíveis como a praia, a piscina, os trajectos para/de e pouco mais. Porque os pés dos gajos, excepto o nicho metrossexual, são em regra assim para o feioso e descuidado com tufos capilosos a espreitar, calos de anos no calcanhar e unhacas capazes de aterrorizar os dragões d’A Guerra dos Tronos de tão grandes e enjeitadas pelos genes.
(e é melhor nem abordar o tema das tatuagens da loja dos 300…)
E um tipo é obrigado a ver aquilo por todo o lado, a menos que deixe de olhar para o chão por onde anda, com os riscos inerentes. Numa fila de supermercado, correios ou repartição de finanças é manter o queixo alto e não deixar descair o olhar ou lá temos a sandália colorida minimal e os calcantes quase desnudos num espectáculo que combina o arrepio estético com a mais violenta falta de decoro visual. Até porque há crianças por todo o lado e, na sua tendência para seguirem o que lhes parece ser popular, correm o risco de multiplicar a prática.
E depois é o schlep-schlep-schelp a toda a hora, cada vez que as criaturas chinelam de um lado para o outro de forma arrastada, achando-se jovens só por causa de sentirem a brisa nos joanetes.
(é prático e cómodo? É capaz de ser… mas está ao nível daquela forma de expelir muco apertando uma narina e fazendo força pela outra…)
Em combinação com a canelinha escanzelada e o calção largueirão a adejar, tudo abana-tudo areja, em perna que todo o bom senso aconselharia a humildade de se manter apenas disponível para exibição doméstica e nunca para pessoas susceptíveis a problemas cardíacos ou a terçolhos, temos mais um dos cavaleiros do apocalipse próximo, lado a lado com os rabos alçados de lycra dos ciclistas, as noites de microfone aberto para karaoke e os programas do dia antes, do dia-dia e do dia depois dos jogos de bola.

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