Tenho respeito intelectual por Joaquim Azevedo e reconheço consistência ao seu pensamento, naquele sentido em que escreve e diz hoje o que me lembro de lhe ler e ouvir há décadas.
Mas há uma linha muito clara entre o seu estatuto e o meu. Entre a sua prática profissional e a minha. Portanto, quando ele escreve que “somos nós, os professores, que temos de desfazer os nós em que nos enredaram e nos quais nos temos deixado estar enleados“, gostaria de deixar aquin um par de notas:
a) Sei que ambos somos “professores” no sentido lato do termo, mas é muito mais o que nos separa do que o que nos une, até porque Joaquim Azevedo tem décadas de relação estreita e quase sempre pacífica com o poder político, mandato após mandato, com a ocupação de imensos cargos na Corte apenas achando eu que é injusto se não for, daqui a 4 anos, presidente do CNE. Já vai sendo tempo.
b) São poucos os “professores” fora de algumas redes especiais que podem gabar-se de ter uma influência evidente sobre o sentido de algumas políticas educativas, nomeadamente ao nível da municipalização e do desenvolvimento curricular, e participar em parcerias e consultorias para a sua implementação no terreno, através de contratos com autarquias (vejam-se os casos de Lousada, Matosinhos e Óbidos).
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Não estou a dizer que estas práticas são ilegítimas ou ilegais, porque o não são. O que me arrepia é a pronominalização usada.
É que por vezes podemos acreditar que tudo isto é para “nosso” bem. Pois… quiçá, porventura em outra encarnação, mas nem por isso. Há sempre os que, querendo parecer iguais, são mais iguais do que outros.

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