Não pensava ir ver o debate organizado pela FFMS sobre Educação na RTP3. Diversas razões, nenhuma para partilhar aqui, agora. Mas lá fui ver. Foi na hora errada. Primeiro porque vi alguém com a habitual sofisticação de evocar doutoramentos lá por fora, os melhores. E a seguir a velha conversa sobre a necessidade de formar e seleccionar os “melhores professores”. E surge David Justino (eram 23.21 na minha box) a defender um sistema de profissionalização em exercício que já existiu e que, acrescentou ele, “eu ainda não percebi porque foi abandonado”.
E é aqui que a minha alma ficou (mais) parva.
Porquê?
Porque isso aconteceu em 1987, quando era ministro o seu colega de partido João de Deus Pinheiro e ele era presidente do Conselho Pedagógico da FCSH (não acreditem em mim e na minha memória, podem confirmar em site oficial), onde eu era finalista do curso de História. E eu lembro-me bem do que se passou, quem nada fez contra a criação dos Ramos de Formação Educacional que ele agora aparece a criticar por “misturar tudo” e quem, mesmo que ainda muito verdinho, estivesse contra a formação de aviário, massificada, de professores.
Eu escrevi sobre isso com um colega de curso e posso documentar a coisa (Expresso, Março de 1987). Há quem pareça só ter percebido o erro muito tempo depois. Ou que diga que nem sabe como ou porque se passou. O presidente do Conselho Pedagógico de uma Faculdade (como outras de Letras) que aprovou exactamente a criação desse tipo de formação não sabe o que se passou e porquê? Eu lembro-me bem…
Na altura, muita gente foi na onda, comodamente. Aliás, ali pela FCSH, desde esses tempos, o que mais vi foi isso mesmo… malta a cavalgar ondas para garantir carreiras. E a coerência que vá pás órtigas. Juntamente com a memória.
(por isso é que muita malta detesta a História…)
(a apócope do “e” no apelido e o título do artigo não foram de minha lavra…)