Qual a Sensação de Ser Publicamente [pi-pi-pi-pi] Depois de Tanto Colaboracionismo?

Quanto ao ME já sabíamos que só lá está para aparecer quando se lembra de fazer prova de vida, o SE Costa para espalhar a palavra da pedagogia requentada (enquanto prepara a subida de degrau) e a SE Leitão para catrapilar o que se mexer.

A proposta de OE para 2018, apresentada pelo Governo, agrava fortemente a situação profissional dos docentes, tornando ainda mais fortes as razões que levaram a FENPROF a colocar ao Ministro da Educação a necessidade de uma reunião para amanhã, 16 de outubro, que, entretanto, foi por este rejeitada. Alega o ME, em ofício enviado à FENPROF ao início da noite de sexta-feira, 13, que a discussão do descongelamento das carreiras não é da sua responsabilidade e que só lhe compete negociar matérias de ordem setorial que não tenham incidência orçamental. Por essa razão, continua o Ministério da Educação, não agendará qualquer reunião sobre matéria remuneratória (referindo o gabinete do Ministro que supõe ser disso que se trata quando a FENPROF fala de descongelamento de carreiras!), concluindo que quando a FENPROF exige esta reunião está a tentar criar ruído.

Mas então pensam que já podem “criar ruído”? Quando tanto se esforçaram por colaborar em apagá-lo nestes dois anos? Portaram-se tão bem e agora dizem-lhes que as reuniões de que tanto gostam não servem para nada?

O camarada Mário parece não ter percebido – será assim tão ingénuo? – que andou a funcionar como muleta do poder que agora lhe dá um chuto no rabo e o manda calar. Teria a sua graça, se tudo isto não tivesse os professores como os grandes entalados da última década.

kick butt

 

A Pizza do Bloco

Quem observa a forma como os bloquistas anunciam como sua a responsabilidade por nova vinculação extraordinária, percebe que isso foi conseguido à custa do silêncio sobre o apagamento de dez anos na carreira dos professores dos quadros (afinal, mesmo o primeiro escalão a descongelar só o será no final de 2019) e a consolidação da proletarização da docência de acordo com a lógica “tens emprego, cala-te” (o argumento de muitos “novos” revolucionários de rede social). Eu sei que consta que o eleitorado bloquista é “jovem”, mas os que conheço melhor, nem por isso e só espero que percebam o barrete que (nos) enfiaram.

Já o PCP parece que irá calar-se em troca de anunciar como seu o descongelamento mais rápido das carreiras (2 em vez de 3 anos), ao ponde te até já aparecerem como “fontes” em off de notícias.

Se eu estava à espera de outra coisa? Não propriamente  mas a verdade é que me parece que havia gente da geringonça que acreditava nisso, mesmo do PS. Agora andam por aí a defender isto como se fosse uma grande “conquista” ou algo “natural” quando é apenas um epitáfio.

A “reversão” não é isto, mas era difícil esperar outra coisa de gente que ainda se embaraça quando se lhes fala de Sócrates e da Parque Escolar (cuja obra diversas luminárias da “esquerda alternativa” continuam a defender, um pouco como há quem defenda as obras isaltinas), assim como há quem ande a branquear a MLRodrigues, que podemos passar a chamar “a ingénua” porque parece que nada viu ou ouviu (embora o episódio-pedroso nos levante sérias dúvidas…).

Se os outros fariam melhor? Não acredito, mas… quando nos nivelamos pela mediocridade alheia, dificilmente seremos outra coisa que não medíocres. E quem tenta não o ser, é acusado de muitas coisas malvadas.

 

trotsky

Só Para Efeitos de Esclarecimento Histórico

Acho que nunca divulguei, na versão mais completa que tenho em suporte digital, o estudo de João Freire, pedido por Maria de Lurdes Rodrigues em 2005 para domesticar e proletarizar a classe docente. A razão devia-se ao facto de ter sido digitalizada uma cópia anotada parcialmente por quem ma enviou e isso poderia ter problemas. Mas, tantos anos depois, sinceramente, acho que isso já não é grande risco e que se ganha muito mais em se conhecer bem o que foi delineado há 12 anos, para ver se há quem se cale com as clubites.

Isto foi tentado, por via do ECD de 2007 (o dos “titulares”), num governo onde estavam diversas das figuras do actual. Claro que não na Educação porque uns não existiam (o ministro Tiago ou a secretária Leitão) e outros estavam apenas a iniciar carreira (o secretário Costa). E quando isto foi tentado em parte, muitos daqueles que agora nos querem “forma(ta)r” de novo ou eram operacionais do terreno (Verdasca) ou já estavam bem instalad@s nos corredores do ME e da “formação”.

Estudo: Freire, J 2005 Estudo Sobre a Reorganização da Carreira Docente do Ministério da Educação.

Já agora e por curiosidade, fica aqui uma análise de um colega que já altura explicava como a maior parte de nós nunca chegaria ao topo da carreira, mesmo que se fizesse tudo como era mandado: EstudoProgressaoCarreira.

Estranhamente (ou não), encontro agora muita gente amnésica, certamente “queimadinha” de todo em matéria de neurónios, coerência e carácter, querendo que acreditemos que isto tudo começou em 2011 (então e os mais de dois anos de finais de Agosto de 2005 a Dezembro de 2007?). E ainda há os imbecis (não encontro forma mais suave de transformar o que penso em verbo, neste caso adjectivo substantivo) que alinham de forma voluntária, acreditando na velha Fé Pedagógica, só porque cheira a Paulo Freire (que é inocente em tudo isto, admito, porque qualquer um pode ver-se apropriado por apóstolos apócrifos) e patchouli,

Que me desculpem os que se lembram e podem achar que insisto demasiado nisto, mas é que há casos de evidentes necessidades educativas especiais por aí, nomeadamente ao nível da compreensão e retenção da informação.

Freire

(já agora, mesmo que isto fosse verdade – e eu tenho sérias dúvidas por causa da norma-travão – a proletarização da docência não pode ser a moeda de troca negociada nos bastidores com blocos…)