Afinal, Foi Ninguém

Que promoveu o despovoamento e desertificação de grande parte do país. Foi Ninguém que fechou os Centros de Saúde (poucos “actos médicos”), as estações de Correios (não rentáveis), os Tribunais e Conservatórias (poucos utentes e envelhecidos, que se desloquem), os postos da Polícia (lembram-se desde os tempos das super-esquadras do Dias Loureiro?) e as Escolas (foi uma década de “racionalização”). Foi Ninguém que mandou arrancar oliveiras, azinheiras, castanheiros e tudo o mais mal chegaram dinheiros da CEE ainda nos anos 80. Foi Ninguém que mandou atapetar de IP’s e SCUT’s ali o caminho pelo meio do nada. Ninguém eucaliptou colinas e planícies. Ninguém é tramado. Deixou o país assim e agora os pobres dos nossos governantes e políticos rotativistas não sabem quem culpar em concreto, porque Ninguém fez as coisas e, portantossss….

O monstro gritava por socorro, chamava aflitivamente os outros ciclopes. Vêm todos, acodem todos, e do lado de fora do antro, fechado ainda, interrogam-no:

– Que te aconteceu, Polifemo? Porque nos acordas no meio da noite? Quem te fez mal? Alguém atenta contra a tua vida?

O terrível Polifemo responde lá de dentro: -“Ai! meus amigos, é Ninguém que me mata, é Ninguém!

– Então, dizem eles, se ninguém te faz mal, de que te queixas? O teu mal não tem remédio, e não lhe sabemos a causa. Tem paciência e sofre com resignação…

polifemo