A Porto Editora saltou para o comboio. Não há escapatória. Agora é que vamos aprender a dar aulas como eles querem desde os anos 80 e 90 do século XX. Iupi!
Dia: 25 de Outubro, 2017
Greve e Cursos Profissionais
Sobre a greve de dia 27 não me apetece escrever e esse é um direito meu, até porque vejo argumentos algo idiotas a favor e contra e acredito que eu também tenha uma opinião idiota sobre o assunto. Mas não queria deixar passar em claro uma situação especial que é a dos professores que leccionam cursos profissionais, daqueles com um número de horas fixo de aulas para leccionar e que obrigam a repor todas as aulas a que se faltam. O que significa que quem só tiver aulas de cursos profissionais no dia 27 (ou a maioria) mesmo que não apareça terá de leccionar todas as aulas. Acontece o mesmo se meterem atestado por doença, perdem o dia, mas terão de repor todas as aulas.
Talvez por isso, o ME insista tanto em 50% ou mais da oferta do Secundário (no Básico não traçaram metas, devem estar distraídos) ser deste tipo.
Inclusão/Medicação?
Pode ser apenas fruto da minha ignorância ou incapacidade conceptual, porventura mesmo de não conseguir ver mais além, mesmo quando falo com colegas que observam o mesmo, parecido, semelhante ou equiparado, por aqui, ali, além ou mais aquém. A constatação que nos últimos anos a medicação da miudagem disparou de forma assustadora vai um pouco a par da inclusão forçada em horário completo na turma de crianças que, por diversas circunstância que nem especifico para não despertar iras (então no fbook começam logo a dizer que só quando se tem um filho assim é que se pode falar destes temas, mesmo se há professores que, como os do 1º ciclo, passam um terço do dia com a petizada), têm uma imensa dificuldade em lidar com o trabalho e convivência em grupo com algumas regras básicas sem entrarem em comportamentos que, sendo-lhes naturais, desequilibram o resto do grupo, em especial quando são mais pequenos. A inclusão à força, por oposição ao que se considera “segregação”, de crianças com problemáticas muito complicadas no trabalho quotidiano das turmas durante 6-7 horas é muitas vezes um erro trágico para todos, porque se lhes nega a devida atenção individualizada (ou em pequeno grupo) e se coloca todo um grupo perante comportamentos de risco. Mas, quando se faz um qualquer relatório ou pedido de ajuda para mudar a situação, a resposta é uma variante de “já lhe estamos/passámos a dar medicação” ou “já lhe mudámos/aumentámos a medicação”. E tudo o resto é uma ficção, ou porque na rede pública as consultas disponíveis são escassas e com uma periodicidade quase inútil ou na rede privada as que valem a pena são quase sempre caríssimas. Perante isto a resposta do ME é “os professores precisam de formação para a inclusão” ou, no caso de especialistas subsidiados “os professores são segregadores/racistas/impreparados”. E até que é verdade, só sendo pena que não dotem as escolas dos meios humanos especializados em quantidade (e qualidade) para enfrentar situações com que não se aprende a lidar em formações pós-laborais dadas por quem atende um@ miúd@ de cada vez e com todo o respeitinho em relação ao shôdôtôr, e no fim pague a conta, ó faxavor.
Sim, nem sempre as coisas são assim, felizmente. E a verdade é que a maioria de nós até acaba por fazer dois pinos encarpados, mais três piruetas com flik-flak oblíquo e aterragem sobre os cotovelos à rectaguarda para “ultrapassar as situações com sucesso“.
Mas, como disse, o mais certo é isto ser fruto exclusivo da minha profunda ignorância, sistémica e específica.
Esperteza é…
… fazer parte de um governo mas fazer saber que tudo o que se passa de manifestamente errado na sua área de governação é culpa de outros, no próprio ministério ou em outros ao lado. Funciona muito bem com amigos nos espaços certos.
Vai Pó [Trabalho]
Eu sei que há pedagogos imensamente positivos que acham que certas situações – mesmo sendo recorrentes – devem ser encaradas com a bonomia da condescendência e complacência que é por causa dos traumas e tal e coiso e o escafandro. O mais certo é dizerem isso porque estão com o pauerpóinte do costume a apresentar a sua enésima peroração sobre aquilo que gostam de apresentar como “boas práticas” de “gestão de conflitos”. Uma ou outra vez sem exemplo até se pode fazer que não se ouviu, levar a coisa como se pudesse ter alguma graça e “contextualizar”, aceitar a coisa só com um pedido que pareça vagamente sincero de desculpas. Mas se isso não for a excepção, que exemplo se está a dar? O da permissividade para parecer bem e compreensivo? Não me parece. E seja como encarregado de educação, professor ou director de turma não acho que seja essa a forma certa de promover “ambientes de aprendizagem” seguros e respeitadores para todos os envolvidos. Para TODOS. Porque lá por se ser adulto e ainda por cima professor não se tem obrigação de suportar todo e qualquer desmando só porque há umas criaturas que pensam que somos pano para toda a mancha.
When Students Are Traumatized, Teachers Are Too
Trauma in students’ lives takes an emotional and physical toll on teachers as well. Experts weigh in on the best ways to cope.
(sim, sou bastante intolerante com as atitudes de desculpabilização de tudo e mais alguma coisa, em especial quando se percebe bem que há a noção do certo e errado e o que é dito ou feito é claramente com o objectivo de ofender… colegas, funcionári@s ou professor@s; e sim, acho que uma suspensão justificada e oportuna pode ensinar… mais do que muita gente gosta de admitir…)
Há “Colheitas” Maradas
Nem sempre se percebe bem porquê, mas há anos em que nos aparecem turmas que não parecem conhecer limites e depois a coisa parece fazer contágio. No caso das básicas 2/3, há temporadas em que os 5ºs anos parecem ter saído directamente de uma qualquer panela de pressão ou de um acelerador de partículas. E depois tudo em redor parece ficar em ebulição. Este ano não os tenho, mas só de os ver fico cansado e o pior é quando se dá o tal contágio e dá vontade de enviar um filme para casa, com o áudio bem alto, ali com o palavreado todo por extenso, desde os corredores ao portão da escola, mais todo o resto. Em regra, aconselho a que experimentem esse tipo de comportamento e conversa à mesa do jantar de família.
(o pior é se foi lá que…)