No Sexta às Nove, a peça sobre os concursos de mobilidade dos professores terminou de uma maneira que dá a entender que muitos professores não tiveram horários completos a 25 de Agosto porque hordas de outros colegas doentes (a sério ou nem por isso) terão ocupado essas vagas em Julho, ficando menos disponíveis.
Isto necessitava de algum contraditório, nomeadamente nos seguintes pontos:
a) Não ficam “menos” vagas porque existem colocações em mobilidade de doença. Podem mudar de local, mas não se reduzem.
b) Acreditando que as mobilidades por doença foram ocupar vagas pretendidas pelos colegas qzp, haveria que demonstrar se quem foi colocado por motivo de doença saiu de escolas onde depois aqueles colegas foram colocados. Porque se alguém fica em Bragança e saiu de Vila Real isso não justifica que um professor de Bragança fique em Leiria. Não é assim tão simples, mas dá para perceber que não se pode fazer corresponder directamente as colocações por doença à “falta de vagas” em qzp.
c) Grande parte das mobilidades por doença correspondem a docentes com direito a alguma redução ao abrigo do artigo 79º (2 ou 4 horas, por exemplo, ou mais) ou mesmo a reduções por motivos de saúde. Logo… não seriam vagas de horários “completos”, mas sim de horários incompletos (18, 20 horas lectivas ou menos) pelo que – a acreditar nas explicações do ME que servem para enganar jornalistas estagiárias ou satisfazer quem quer ser satisfeito – nem estariam a provimento no dia 25 de Agosto, de acordo com as respostas dadas pela DGAE e a SE Leitão a este respeito. A própria explicação do ME se anula a si mesma… só que para se perceber isso é necessário conhecer os mecanismos dos concursos sem ser pela rama.
Mas nada disto explica duas coisas básicas:
a) Porque tiveram os directores de submeter duplamente horários que já tinham sido colocados até dia 14 de Agosto?
b) Porque dá o ME a entender em off que os professores aldrabam razões para “escapar à mobilidade interna” se está nas suas competências verificar se essas situações são reais ou não e se há médicos que actuam de forma fraudulenta (falou-se em 39 juntas médias, das quais em 9 se teriam detectado questões fraudulentas, nem chega a 1% de casos inspeccionados). Ou isso é só matéria para o ministério da Saúde? E porque não foi a jornalista em busca desses médicos, até porque deve dar para saber se existe alguma “concentração” anómala em alguns consultórios ou médicos. Daria muito trabalho?
E depois há ainda uma coisa fantástica que é ter uma reportagem a apresentar a (nova) versão conveniente sem que ninguém surja a defendê-la, nem sequer se refiram quaisquer fontes, mesmo que anónimas? Porque, de um dos lados as pessoas deram a cara, enquanto do outro se permitiu que a versão circulasse na sombra. É bom ainda que se perceba que muitas vezes há peças que não são os que se pensa que virão a ser e não é raro que contenham dados ou ilações erradas. Estive lá uma vez e sei o que, ao vivo, a poucos minutos de iniciar o debate, tive de contestar, em conjunto com o outro convidado, acerca do que ia ser dito sobre a forma como os manuais são adoptados, pois o que se queria “demonstrar” era a corrupção que seria uma espécie de regra entre os professores.

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