Mas Então o Abandono Não Está em Queda?

Baralha-me um bocado quem anda anos e anos nisto a ser apresentado como especialista e investigador, mas depois se limita a despejar os seus pré-conceitos e as suas opiniões particulares sobre a realidade, sem ter qualquer cuidado em relacioná-los com os dados disponíveis, mesmo que nos mereçam este ou aquele reparo metodológico sobre como são recolhidos.

Joaquim Azevedo (parece embirração minha, mas a verdade é que por estes dias, meses e anos parece omnipresente a debitar sempre a mesma coisa) anda a anunciar a perda de sentido da escola do século XVIII que ele ainda encontra nos dias de hoje (o que é interessante para quem defende modelos “inovadores” dos jesuítas catalães) anos, décadas a fio. Agora foi no Congresso das Escolas:

“A escola não pode ser o que era há 30 anos”, alertou o ex-secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, durante a sua palestra no 1.º Congresso de Escolas, que está a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Para o investigador do Centro de Estudos do Desenvolvimento Humano, “tudo está a mudar à volta da escola”, mas a escola pouco mudou e este desequilíbrio faz com que muitos alunos acabem por se afastar do ensino.

Portanto… há por ali um “desequilíbrio” que provoca que “muitos alunos acabem por se afastar do ensino”.

E depois há os dados sobre o abandono escolar em queda acentuada (nos tempos em que ele era governante é que andava acima dos 40%), de acordo com a sacrossanta Pordata:

Abandono

Nunca se deve deixar que a realidade interfira com as teorias cristalizadas há 25 anos, mesmo se se tem a pretensão de dar lições aos outros (“É preciso um banho de realidade. É preciso perceber o que se está a passar à nossa volta”, criticou.”).

Está tudo bem nas escolas portuguesas e o (des)empenho dos alunos é o melhor? Não… mas estou cansado destes diagnósticos em que se promove a crença na existência de uma doença grave para que se possa apresentar e vender o “remédio”.

A “perda de sentido” da Educação acontece num outro patamar… mas para isso é preciso não olhar sempre para 1993.

11 opiniões sobre “Mas Então o Abandono Não Está em Queda?

  1. E lá está o finlandês de serviço… e o professor Doutor Joaquim Azevedo que destrata os professores, como sempre, fingindo que não o faz… Uma das ideias mais irritantes é de insistirem na arquitetura… ”Bote” lá as paredes abaixo , Prof.Joaquim Azevedo, e os professores ficarão modernos; os alunos motivados como o caraças, e a velha escola é soterrada sobre os escombros das divisórias… Que se lixe a aprendizagem, porra, é tudo uma questão de máquinas, um volver de vontades , empedernidas… e o Dr. Joaquim vê tudo e irrita-se tanto, tanto connosco que não comungámos de joelhos na sua luz…
    O Dr. Joaquim Azevedo parte do princípio, ou parece, que os discentes são todos uns devoradores de Platão; um adoradores da musa camoniana; uns devotos do paulismo do ”Crepúsculo”, nós , os famosos ”zecos’, ‘ é que somos uns sebentistas e os desmotivámos , pelo ”ultrapassadismo” … Ou então estas coisas não interessam nada , está tudo na rede, e é preciso criar o colaborador para a empresa do futuro…
    O problema é mesmo quando eles não querem aprender, mesmo com os pinchavelhos, e os tijolos no chão…

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  2. “Mas Então o Abandono Não Está em Queda?”
    Às vezes sim, outras vezes não… É conforme lhes dá jeito!
    A diferença entre estes “banhas-da-cobra” e os do séc. XX (não vou ao séc. XIII pois se o homem estivesse vivo, estaria desdentado) é que estes são doutores e os outros pouco mais eram que analfabetos; estes têm os meios de comunicação social a propagandeá-los, os outros estavam sobre as carrinhas, de megafone na mão, nas feiras municipais; estes vendem por objectivos, os outros vendiam para viver; estes sem nada provar são sumidades, os outros fartos de trabalhar eram estorvos, …
    A diferença está, tão só, no embrulho, não na qualidade do conteúdo!
    No resto é a realidade que temos e não é preciso nenhum banho: a sociedade portuguesa continua a valorizar o embrulho e, enquanto assim for, a “banha-da-cobra” tem sucesso garantido (pelo sim pelo não, também garantem audiências – viva o séc. XXI ao seu dispor)!

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  3. Venha para a escola dar aulas a 5 ou 6 turmas de 30 alunos. Depois opine.
    Ah! Cristalizado está o está o sr Azevedo e vai, não para 25, mas para uns 40 anos. Pior é que continua a pavonear- se, principescamente pago pelos míseros salários dos zecos. Isso tem um nome…

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  4. A pergunta fundamental e sacramental é simples: a escola actual serve para ter conhecimento de facto ou apenas para enfardar conteúdos,tipos montes de palha?

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    1. É para enfardar conteúdos… Conhecimento só numa escola sem tijolo a dividir; o professorado a anuir aos desejos dos impúberes, acatando ordens de doutos; sem nada que moa muito a cachola, e tudo ligado às redes… É só formar cidadãos ”bué” de pensadores tecnológicos e tal, empreendedores; holísticos…
      Essa coisa das disciplinas arcaicas, tipo da Filosofia; da História e do Grago é uma ”bué” da seca, enfardada , claro…

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  5. Juntaram-se a Associação dos Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo, a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, a Associação Nacional de Dirigentes Escolares e a Associação Nacional de Escolas Profissionais … E os professores??? Esses acatam a ordem dos iluminados, pois não percebem nada do assunto, ou até não têm nada a ver com o caso… Ou os senhores Diretores julgam que representam os professores? A mim, e uma larga maioria, não representam, mas isso para estes senhores parece valer pouco…

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