Dia: 12 de Novembro, 2017
Explicação para Totós – Mário Silva
O tempo decorrido entre Janeiro de 2011 e Dezembro de 2017 não vai ser tido em conta e a sua contagem será retomada a 1 de Janeiro de 2018. No caso dos professores, por exemplo, que precisam de quatro anos de serviço, há 49 mil docentes que em 2018 irão progredir. Os restantes terão de esperar que os quatro anos necessários se concretizem: por exemplo, uma pessoa que até 2011 contou três anos de serviço, só progride em 2019 ou uma pessoa que até 2011 contou um dia de serviço, só progride em 2022.
E isto se até lá não se aprovarem orçamentos que determinem a suspensão das progressões…
Se ainda adicionar que a progressão ao 5º e 7º escalões dependem de vagas determinadas pelo governo, é fácil calcular que dezenas de milhares de professores chegarão ao final da sua vida de trabalho posicionados entre o 5º e 7º escalões, com um valor da pensão de reforma calculado com base em salários base mais baixos durante anos…
Portanto, os sindicatos também deviam estar a encetar uma luta para eliminar as vagas na progressão a escalões, que apenas são obstáculos artificiais com o intuito de poupança orçamental, não tendo nenhuma relação com avaliação de desempenho.
Mário Silva
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O Panteão
Em 2017, alguém se indigna com um jantar num espaço público que outro alguém, em 2014, permitiu que fosse alugado por eventos, sendo que o primeiro alguém já lá tinha estado num evento semelhante em 2013. Ainda antes da lei feita pelo tipo que também lá esteve ainda antes de legislar e que agora também diz que coiso e tal, passa ao outro e nada a ele?
E ainda há quem ouse falar em “dignidade” no meio disto tudo?
Isso Resolve-se Por Decreto
Nuno Crato está triste pelo facto de uma das suas criações mais infelizes – os cursos vocacionais no Básico – irem desaparecer. É daquelas coisas com que eu concordo, pois eram cursos completamente desajustados à idade dos alunos, promoviam a guetizações educacional e só funcionavam como medida de combate ao insucesso e abandono, porque as regras ou eram uma treta (avaliação) ou letra morta (assiduidade). Não é que CEF sejam muito melhores, mas os vocacionais desde os 13 anos eram um disparate e o abandono combate-se a sério criando condições exteriores às escolas para que os ambientes familiares tenham forma de acompanhar a vida escolar dos alunos e de a valorizar, por forma a que eles entrem pelos portões com crença em algo mais do que disparatar.
Diz Nuno Crato que assim o abandono escolar vai aumentar.
Depende.
A brincar, para as estatísticas, o abandono combate-se com habilidades burocráticas, como tem sido regra nos últimos 10-15 anos (pelo menos) e quer-me parecer que uma boa fatia dos ganhos nesse aspecto se deve à forma como a falta de assiduidade se disfarça, seja aceitando todo o tipo de justificação, seja pelo facto dos alunos estarem obrigados a estar na escola até aos 18 anos e valer de pouco sinalizar quando só lá vão para almoçar, conviver com os amigos, chatear quem passa e pouco mais. Para além disso, a imposição de procedimentos burocráticos sem sentido e de metas pela tutela para a diminuição do abandono, ligando isso à avaliação das escolas e mesmo dos recursos colocados à sua disposição (como se fez nos tempos de NCrato, mas não só), tem sido um convite para o desenvolvimento de imensas estratégias para cosmetizar o abandono, fingindo ser outras coisas. Por exemplo, quando há quem se espante com um grupo de alunos que, de forma consistente, tem classificação abaixo de 3 em todas (ou quase) disciplinas, a mim dá-me para um sorriso triste, pois esse espanto só revela uma imensa ignorância sobre esse tipo de “insucesso”. Esses são os alunos que nem se dignam ir às aulas e a coisa seria muito fácil de detectar pela DGEEC casos nos seus “relatórios” cruzasse esses resultados com os da assiduidade. Mas isto digo eu, que só vejo nos limites deste quintal.
Mas voltando aos vocacionais… desejo uma longa vida para o seu desaparecimento.
Memórias
Passou há umas semanas, no canal da National Geographic, este longo documentário sobre os motins de 1992 em Los Angeles, após a leitura da sentença do caso dos polícias que agrediram Rodney King. Já na altura se contextualizava o que então se passava com o pouco que se tinha aprendido desde os motins de 1965. Porque a História serve para alguma coisa e para muito mais do que transmitir conhecimentos “enciclopédicos” ou “chatos” e não pode estar ao nível de brincadeiras como a “Educação Rodoviária” como políticos de ocasião e especialistas bacocos parecem achar. E ajuda a perceber o que são verdadeiramente fenómenos permanentes de discriminação, de violência, de guetização socio-económica e racial. Aquilo que depois provoca fenómenos educacionais de exclusão que dificilmente podem ser anulados apenas em espaço escolar, como as criaturas atrás referidas gostam de dar a entender.
As legendas estão em holandês, porque não consegui achar a versão portuguesa.
Saldos de São Martinho
22 êrus pelos cinco valeu a pena, mesmo se só a Joyce Carol Oates e Chicgozie Obioma fossem primeiras escolha ao preço normal. E o meu problema de espaço- tempo agrava-se de novo.