Isto não é verdade, nem vale a pena explicar, porque quem não quer perceber, nunca perceberá. Ou melhor, até percebe, só que a sua agenda ideológica não lhe permite ir mais além do que a repetição acéfala das mesmas vacuidades.
Isto é objectivamente mentira. É falso. Se o José Manuel Fernandes decidiu enterrar de novo a cabeça em cheio na “nogueirização” das questões docentes é lá com ele, mas esperava mais (sim, a sério que até esperava), nem que fosse um pouco mais do que rigor do que é a média de um mstavares sem arreios.
Este tipo de acrimónia é de uma enorme desnecessidade e apenas parece que alguém perdeu o tino por completo. Os professores não são avaliados? A sério? Os resultados dos alunos não contam para nada? Mas então não têm subido de forma consecutiva nos últimos 20 anos em testes internacionais? Não interessa.
O mais curioso é que José Manuel Fernandes e todo o séquito de observadores desdenha de todos os números do governo do PS e em especial dos das Finanças, mas quando se trata de contabilizar os custos da progressão dos professores, os 650 milhões já são aceites sem crítica.
Se consultarmos o Perfil do Docente mais recente (2015/16) constataremos que os professores dos quadros são pouco mais de 103.000. JMFernandes escreve que “serão mais 650 milhões de euros em salários de funcionários públicos”. Ou seja mais de 6.300 euros anuais para cada professor (c. 500 por mês).
Não faço ideia se isto é mesmo assim… mas não me parece bater muito certo. Isso significaria que todos os professores teriam de ser posicionados, no mínimo, 3 a 5 escalões acima do que estão neste momento. A diferença, por exemplo, entre o 3º escalão (onde estão estacionados muitos professores com mais de 20 anos de ensino) e 5º escalão não chega a 300 euros mensais (ver aqui a estrutura salarial e de escalões da carreira docente). Em relação ao 6º escalão é de c. 364 euros. Só para o 7º escalão (4 escalões acima) a diferença mensal bruta dá valores que podem dar razão aos números das Finanças. Salvo para os docentes no actual 5º escalão (o degrau de 2 anos que foi enfiado na carreira para atrasar tipos como eu), o tempo de congelamento implicou a perda de dois escalões na carreira, no máximo de três.
O problema do governo é o pessoal que está no actual 9º escalão e tem condições para aceder ao mítico 10º escalão criado por Sócrates para iludir os titulares criados pela sua ministra de estimação (a da festa da Parque Escolar, onde nunca percebo se JMFernandes acha que muitas centenas de milhões foram enterrados com “mérito”, por exemplo no grupo LENA). As várias tentativas para empurrar esse pessoal para fora da carreira ainda não conseguiram reduzir o número de forma considerada suficiente.
E estamos a falar de valores brutos… nunca de valores líquidos (sim já me disseram que as “contas públicas” parecem não contar os impostos dos funcionários do Estado como receita, mas isso é uma treta). A verdade é que, em termos líquidos, a despesa do Estado com o reposicionamento dos docentes, dificilmente ultrapassaria em muito os 400 milhões de euros e se fosse diluída no tempo (4-5 anos), poderia ser de 100 milhões por ano.
Peanurs, peeners, alcagoitas, se compararmos com os empréstimos do vara na cgd.
Mas isso, a JMFernandes não interessa nada. Porque a sua raiva em relação aos professores consegue ser mais forte do que o seu combate ao governo da geringonça.
É obra!