O Alexandre É Giro, Mas Não Tanto Assim

Gostava de ser moitadedeus, mas ao mesmo tempo sente a necessidade de manter algum decoro. Por isso, gosta de introduzir termos como “medíocres” mas depois faz ali umas piruetas, porque até sabe que há que manter algum decoro e ligação à verdade. Repare-se neste exemplo:

 O mérito não pode estar refém da antiguidade e, neste momento, é isso que sucede na educação, onde a progressão dos professores é quase-automática.

O “quase” é um mimo neste tipo de discurso. Se o Alexandre Homem Cristo quer passar por investigador e especialista (com assento no CNE) sabe que não pode escrever que a progressão dos professores é “automática”. ele sabe que a net não perdoa e que, mesmo sem ser em papel, esse tipo de prosa seria guardada e voltaria para o assombrar. Como ainda não é júdice ou marquesmendes, sabe que não pode partir à desfilada. E aquele “quase” é cirúrgico, representando que não mergulhou ainda por completo na “pós-verdade” de outros assanhados comentadeiros.

Mas há algo que ele escreve e que deveria explicar de forma fundamentada porque dá a entender que valorizar as condições de trabalhos dos professores é contra o interesse dos alunos.

A terceira consequência está no dano provocado pela mensagem política associada ao acordo: a de que os interesses e calendários corporativos (também representados parlamentarmente por PCP e BE) se sobrepõem aos do sistema educativo – isto é, aos dos alunos.

Este tipo de insinuação é grave, muito grave e ele deveria saber que um dia isso poderá aplicar-se a quem seja pago apenas para “investigar” certos assuntos, sem que isso tenha qualquer impacto nas aprendizagens dos alunos. Até porque tendo os resultados dos alunos melhorado substancialmente nas comparações internacionais (em contra ciclo com os dos sistemas de ensino que AHC elogiava até há muito poucos anos), quer-me parecer que investir nos professores é investir de forma quase directa na qualidade do trabalho com os alunos.

Este tipo de discurso – o interesse dos professores é contrário ao dos alunos – é “sustentável” porque quem sustenta certos observadores é exactamente quem acha que os interesses de donos de colégios privados não são contrários aos dos alunos. E há quem seja “avaliado” com base na prestação de serviços. Que podem ser “medíocres” desde que sirvam a “causa”.

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11 opiniões sobre “O Alexandre É Giro, Mas Não Tanto Assim

  1. Estes últimos dias têm sido curiosos. Se por um lado me fizeram ver claramente por que motivo, em 2008, não obtivemos os resultados que ambicionava (na verdade em momento algum tivemos qualquer hipótese) por outro lado ficou patente a força que a classe docente tem. Não têm respeito mas surpreendentemente têm medo e por isso mesmo, o ruído é imenso. Por eles, os comentadores de serviço, não tenho respeito e muito menos medo e cada vez é mais nítido que falam, falam e sabem muito bem do que falam e, de cada vez que mentem, não é ignorância é idiologia pura e dura.

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    1. Sim, análise certeira. Eu percebi isso no dia em que fui ao lançamento do livro da MLR na Almedina do Saldanha. Vi lá muitos destes cromos e alguns outros daqueles metidos até ao pescoço nos esquemas do engenheiro. E Outros não apareceram porque seria comprometedor, na altura, aparecerem ali.

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  2. Tirando aquela “parte” em que um é Cristo e o outro é Deus, tudo é muito terreno, demasiado chão. O segundo ainda tem a agravante de ser “moita” de Deus, ou seja, o lugar atrás do qual Deus vai quando precisa. Enfim, Paulo, estas criaturas não merecem comentários sérios.

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  3. Temos assuntos mais sérios para nos preocupar do que estes sabujos disfarçados de comentadores. O meu conselho é que os ignoremos e deixemos a ladrar sozinhos. Que vão para o raio que os parta mais os seus ódiozinhos.

    Quanto aos Professores, se estivessemos unidos (se….) conseguiríamos tudo o que quiséssemos. Se o não conseguimos é apenas culpa nossa, por não sabermos ultrapassar o (pouco) que nos divide e privilegiar o (tanto) que temos em comum. É a classe que temos.

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    1. O problema é que eles têm criado uma verdadeira barreira mediática, todos os dias, a ensaboar o juízo a quem ainda os lê e ouve ou vê. E eu sou – de há muito – tido por quezilento nestas matérias. 🙂

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