Capucha is Back

A tralha socrático-rodriguista está toda de volta. O PS no governo da Educação é isto, roda sempre em volta das mesmas capelinhas e dá sempre de mamar aos que sabem responder às encomendas com estudos a preceito. Chamo a atenção para a equipa de sebastiões&capuchas que, na falta de observatórios, sempre se vão desenrascando com quase 60.000 aérios por isto (com o IVA fica mesmo abaixo do limite máximo para este tipo de ajustes). Claro que por ajuste directo e porque o ME alega “ausência de recursos próprios” para este estudo.

O estudo A Dimensão das Turmas no Sistema Educativo Português, financiado pela Secretaria-Geral da Educação e Ciência, foi desenvolvido entre dezembro de 2016 e julho de 2017 – tendo-se procedido a alguns aperfeiçoamentos e esclarecimentos adicionais que se afiguraram necessários, entre agosto e outubro -, por uma equipa de investigação multidisciplinar do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE-IUL (CIES-IUL) coordenada por Luís Capucha.

Capucha

(voltamos a estar a saque?)

Um Provedor Que Faz Figura de Idiota (E Mente Ou É Surdo, Já Agora)

O “Provedor do Telespetador” da RTP enviou a seguinte resposta a uma colega que se queixou das intervenções de Rodrigo Moita de Deus no programa “O Último Apaga a Luz” de 17 de Novembro.

“Agradeço a sua mensagem. Do desagrado nela expresso dei conta ao responsável do programa.
A opinião expressa pelo comentador Rodrigo Moita de Deus (RDM), recorrendo a expressões propositadamente contundentes, teve lugar no âmbito de um debate em que a contradição era (e foi) possível. Evidentemente que não estava presente nenhum professor convidado para defender os professores, mas os restantes membros do painel contradisseram o que RMD afirmou.
Não alcunhou os professores de miseráveis, avaliou os resultados da escola pública como miseráveis. Mais do que lhes chamar idiotas, disse que eles tinham feito “figura de idiotas úteis”.
Claro que nada disto, e tudo o mais que foi dito, não é simpático para com os professores nem validado por quem tem contacto próximo com a realidade da escola pública e capta dela toda outra visão. Mas constitui um discurso com larga ressonância na sociedade portuguesa. A possibilidade de o ver expresso, discutido e contraditado no serviço público de televisão parece-me fazer parte da própria razão de ser de tal serviço.

m/ cumprimentos,

Jorge Wemans,
Provedor do Telespetador”

Esta resposta dá a entender que Jorge Wemans (de que me recordo há muitos anos nas páginas do Expresso Público, mas de que perdi o rasto até dar com ele nesta provedoria da treta) não viu o programa ou então que é surdo ou mentiroso porque Rodrigo Moita de Deus diz, de forma clara, entre os 24’17” e os 24’20” do programa o seguinte: “os resultados miseráveis que os nossos alunos têm é porque têm professores que são miseráveis”.

Ora bem… a primeira parte sobre os resultados é factualmente falsa, não é uma opinião – contundente ou outra coisa – do participante no programa; quanto à utilização da qualificação de “miseráveis” aplicada aos professores ela é explícita e surge na sequência da falsidade afirmada sobre os resultados dos alunos. Jorge Wemans poderia ao menos ter ouvido com atenção o programa para evitar uma mentira que pode tão facilmente ser verificada. Se é para isto que serve um “Provedor do Telespetador” mais vale estar quieto na prateleira ou reformar-se de vez.

Igualmente grave é afirmar, sem qualquer tipo de demonstração, que o discurso de RMD tem “larga ressonância na sociedade portuguesa”. Pelo contrário os estudos de opinião atribuem aos professores das mais elevadas taxas de confiança entre a opinião pública (diferente de publicada). Ainda há um ano, em estudo da GfK Verein, os professores foram considerados uma das profissões mais confiáveis e “incontroversas” a 1 ponto dos bombeiros.

A credibilidade das chamadas profissões incontroversas, como bombeiros (a liderar o ranking das profissões mais confiáveis com 90%), enfermeiros e professores (89%) e médicos (88%) permanece globalmente estável desde 2014, com estas profissões a ocupar o topo do ranking de confiança.

E esta é uma tendência que vem de longe. Em 2010, ainda no rescaldo de um fortíssimo conflito com o governo e uma equipa do ME que tentou desacreditar a classe docente, a situação era semelhante:

Um estudo realizado em 19 países revela que os portugueses confiam pouco nos políticos, advogados, banqueiros, gestores de grandes empresas e juízes, e depositam mais credibilidade nos bombeiros, professores e carteiros. 

De acordo com o documento citado pela Lusa, entre as profissões em análise, os bombeiros continuam a ser os mais confiáveis, com 93 por cento, seguidos a curta distância pelos professores e carteiros. 

Os médicos surgem em quarto lugar (88 por cento) como os profissionais mais fiáveis, à frente dos militares, das organizações de protecção ambiental e dos polícias, que sofreram uma ligeira subida na confiança dos portugueses.

E assim se demonstra que a “larga ressonância” de que fala Jorge Wemans deve ser na sua ressonante cabecinha. Entre este “provedor” e um mstavares em dia desabrido venha o demo e sorteie.

Repito: se é para isto – responder aos telespectadores com falsidades – mais vale meterem lá um disco riscado em forma de marioneta.

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(e, entretanto, confirma-se o que eu já escrevera sobre o facto das baboseiras, desculpem, “expressões propositadamente contundentes”, serem uma estratégia do programa para se tornar notado… como este post, claro… )

O País das Médias

Em Portugal é tudo feito com base ou a partir de “médias”. Como parece que não sabem como se calculam, a maioria está sempre a justificar a sua incompetência com os fenómenos “extremos” (que nunca o são verdadeiramente… não são outliers, são apenas mais ou menos superiores à média”).

Estávamos em seca “extrema” porque não chovia e queria-se que chovesse, porque coiso e tal, as barragens, etc (que a EDP já quer aumentar preços da electricidade). Chove, o que acontece? Inundam ruas, estradas, rebentam canalizações de águas pluviais concebidas a pensar na “média” para estar ou aquela época do ano. O mais chato é que, lá fora, os tugas até fazem as coisas bem. Parece que guardam para o torrão natal a estupidez e incompetência todas.

Portugal

Descubra as Diferenças

Há pouco, na Rádio Comercial, a rubrica das histórias falsas ou verdadeiras era sobre episódios em que os elementos da equipa da manhã (todos entre os trinta e tais e quarentas e tantos) apresentavam histórias sobre ficarem esquecidos na escola pelos pais. Os episódios referiam-se a situações (reais ou imaginárias) entre a 3ª classe e o 5º ano. As diferenças para quem nasceu menos de uma década antes e em outro contexto social e geográfico são engraçadas porque:

Não existiam cartões com carimbos ou selos para poder sair (ou não) da escola, pois todos podíamos entrar e sair quando nos apetecesse a partir do Preparatório.

Tirando a semana inicial da 1ª classe, nunca iam esperar por mim para ir para casa, mesmo que o percurso fosse de quase 1 km (e bem mais para outros colegas). E a partir do actual 5º ano, que apanhasse o autocarro e me fizesse à vida, ida e volta. Sem telemóveis ou stresses. Que nos amanhássemos.

Era pior? Melhor? Não sei. Era um mundo diferente. A miudagem, os pais, as próprias escolas, a vida quotidiana, era tudo bem diferente. Estranho quem acha que tudo ainda é igual ao que era. Deve ser malta muito desmemoriada ou muito nova e não se informou.