Balanços de 2017 – Política(s)

Why 2017 was a Philip K. Dick dystopia

Dick was terrified by things like Photoshop that could obscure the barrier between truth and fiction.

74 Things That Blew Our Minds in 2017

The Atlantic’s science, technology, and health reporters learned a lot this year.

The Best New Yorker Visual and Interactive Stories of 2017

The 2017 Progressive Honor Roll

Resistance was the watchword this year. These honorees not only refused to go backward; they challenged old orthodoxies.

In Case You Missed Them, Here Are Some Cool Environmental Stories from 2017

The Paris Climate Agreement, the Keystone XL pipeline, and, of course, Trump.

The Best of 2017

 

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Previsões para 2018 – 6

Não vai mudar grande coisa em relação a 2017. O “velho paradigma” comunicacional continuará, com governantes em exercício ou pretéritos a reclamarem a justeza das suas políticas sempre que algum indicador melhore, culpando-se a falta de formação dos professores para isto ou aquilo quando nem tudo correr bem. Continuar-se-á a jogar no curto prazo eleitoralista, com muita vaidade à mistura para apresentar obra. Os procedimentos essenciais que asfixiam o quotidiano docente sem qualquer vantagem para os alunos não mudará. As poupanças serão feitas à custa do factor humano (alunos, pessoal docente e não docente) enquanto nos bastidores há quem ganha com os grandes negócios, mesmo se a Parque Escolar já não é a festa que foi. Os corredores vão-se enchendo regularmente de assessorias e consultorias e encomendas a especialistas para provar que uma política com 2 anos teve efeitos desde há 4. A avaliação das políticas continuará a ser feita em causa própria com encomendas a preceito. A OCDE aparecerá sempre que necessário. As coisas “extraordinárias” continuarão a existir para ocultar seleccionadas. Os “actos discricionários” continuarão a fazer a regra das coisas. Os oportunistas continuarão a beijar a fazer beija-mão em troca de umas honrarias passageiras e os “projectos” serão o velho mantra de parcerias seleccionadas a dedo para serem apresentadas como boas práticas. Do nevoeiro, regressarão referências à escola da ponte a par da necessidade da educação servir a economia, num misto inconsistente de escola que já foi moderna e agora quer parecer modernaça. As tecnologias serão evocadas como a salvação, enquanto a rede informática de grande parte das escolas não aguenta um quizz com 15 computadores em simultâneo. Em boa verdade, nem as moscas mudam. Apenas envelhecem no seu posto.

Ouroboros

Agora Percebe-se Aquela Conversa Sobre o “Velho Paradigma”

Desculpem-me o regresso ao tema das Webinares da DGE. Mas o tema é para mim especialmente importante porque revela a origem de muitos equívocos sobre o que é o ensino em Portugal. Ou sobre o que se pensa ser o ensino e – horro! – o seu futuro.

Vejamos… o ME decide produzir (?) vídeos para divulgar a sua nova sebenta sobre o que deve ser a escola do século XXI, os seus conceitos e práticas “inovadoras” e mergulha-nos directamente nas trevas do passado. A pressa em divulgar o Verbo ou fornecer materiais para “formações”, assim como a eventual escassez de recursos, não pode ser desculpa para tal pobreza franciscana ou, pior, para considerarem que aquilo pode funcionar como qualquer forma de estímulo ou base para a “mudança”. Aquilo é o passado em todo o que tinha de mau e nada de bom. Uma mesa, umas pessoas (“especialistas”, sendo que em alguns casos até me custa comentar directamente porque conheço algumas que ali estão e acredito que estão na plenitude das infernais boas intenções e acreditando mesmo que estão no futuro), uma conversa mal amanhada, uns clichés despejados num enquadramento estático, sem qualquer debate, alteração de tom ou registo, sem qualquer demonstração práticas das possibilidades que os meios digitais permitem, um grau zero de capacidade de comunicação, uma auto-satisfação e auto-complacência em alguns intervenientes, levam-nos a perceber que é aquilo que consideram ser a forma certa para “formar” professores nas “novas competências”. O que é assustador. O vídeo com alunos sobre o “Plano Nacional de Cinema” é especialmente revelador de tudo o que está errado na concepção que têm do que é falar com alunos que não sejam escolhidos a dedo para estarem ali a dizer umas coisas, sendo notório que desconhecem por completo o que é uma aula nos tempos que correm.

Gravíssimo mesmo é achar que são estas pessoas que podem “renovar” a “formação de professores” ou que têm quaisquer competências para a escola do século XXI. Aquilo não são monólogos diálogos vitorianos, no pior é mais formalista dos sentidos, porque está lá uma câmara de filmar. Como querem que acreditemos em que nem sabe demonstrar o que pretende “ensinar” a fazer aos outros?

(haverá aulas mais deprimentes do que muitas das disciplinas ditas “pedagógicas” em que @ docente fala do “novo paradigma” que não pratica, nem saberia praticar?)

A sério? Acham que é assim que demonstram estar na posse de qualquer saber acrescido ou que estão em condições de nos transmitirem uma nova forma de estar? Isto nem em vídeos caseiros ou amadores, se admite, quanto mais numa “produção” institucional. É verdade que lá por fora os promotores nas new skills e deste tipo de abordagens e flexibilidades também não se destacam pela imaginação, embora tenham o bom senso de fazer vídeos mais curtos ou com muito melhor qualidade técnica (eis o caso inglês, o finlandês ou o canal da World Innovation Summit for Education -WISE e nem é bom falar em outras coisas que os nossos “especialistas” nunca conseguiriam fazer mais do que copiar a url. Para isso bastam minutos, quiçá segundos.

Nem interessa se concordo com tudo… pelo menos reconheço qualidade no esforço.

Um Modelo de “Boas Práticas” Para 2018

As Webinares da DGE são um exemplo de aplicação criativa das tecnologias, de diferenciação pedagógica e comunicacional e de um modelo que faz lembrar a tele-escola mas em tom de fundo azul-cueca (ao pé disto os programas da UA na RTP2 eram verdadeiras obras-primas). Já tinha espreitado, mas esquecido, até que um mail amigo me fez recordar como pode ser imaginativa e apelativa a forma de comunicar destas pessoas que nos querem ensinar a ensinar. Há coisas verdadeiramente deliciosas, sugerindo eu que escolham a que acham melhor. Ficam algumas sugestões que vos poderão ajudar a adormecer felizes. Ou não.

A naturalidade é uma matriz do “projecto” e os dotes comunicacionais dos apresentadores e comentadores uma espécie de auge do apogeu dos píncaros da coisa em si. Eu acho que ver isto deveria contar como “formação” e dar créditos.

Querem destruir o interesse das e nas Humanidades? Eis um excelente esforço:

(esta gente vive neste mundo…e isso é que me espanta ainda mais… eu confesso que até acredito nas melhores intenções, mas o resultado é… é… é… deprimente)

As Cartolas e o Resto

Vai por aí algum alarido com os 57.000 euros para as ditas cujas que a CML vai usar na passagem de ano. Mas se fosse só isso… consultando as despesas da EGEAC no portal BASE encontram-se muito mais curiosidades relacionadas com o “Super Ano Novo”. Ontem contrataram-se 32 marionetas de fios, 2 de tamanho humano e um gongo por 21.000 euros. Lura e Bonga levam 20.000 para um espectáculo amanhã, sábado, e o de hoje da Ana Moura,a na Praça do Comércio, custa 23.000. Quando há dinheiro… há festa!

Money

Previsões para 2018 – 5

Burrocracia. Muita burrocracia. Ainda mais burrocracia com a necessidade de conceptualizar, projectar, planificar, cronogramar, implementar, registar, avaliar, reavaliar e relatorizar a flexibilidade e a autonomia. Tudo em triplicado, que é para a pegada digital não apagar a convencional. Achavam que os contratos de autonomia e o pnpse já levavam à produção de muita legitimação documental do (in)sucesso. Bem queiram ver como será agora, por muito que vos digam o contrário. Tal como os humanistas viciados em tecnologias, os flexibilizadores e autonomistas adoram a boa e velha rigidez das grelhas onde tudo se plasma em papel, pen, disco rígido e cloud. E então a reunite para preparar tudo isto, monitorizar, avaliar, reavaliar, reimplementar e re-reavaliar todo o processo?

Burocracia-escolar

(e nem falemos da necessidade de “formação” pós-laboral para re-ensinar/aprender o que já foi ensinado/aprendido – e por algum motivo quase caído no olvido –  há 20 anos…)