Até o PAN mete a mão na chincha.
Até o PAN mete a mão na chincha.
Um excelente texto para que se possam contextualizar certas coisas epidérmicas, tão fugazes como entusiasmantes. Antes de caírem no olvido.
Há cerca de 10 anos, com o Second Life, vivemos mais uma euforia do Futuro tornado realidade. As mais altas instâncias mobilizaram-se para definir uma estratégia, várias universidades desenvolveram plataformas (uma delas chegou a ter um auditório majestoso) e investiu-se tempo e dinheiro porque o Futuro chamava por nós.
Na altura já era rezingão, e a frase que mais repetia era algo do tipo: “a minha first life ocupa todo meu tempo, não posso ter uma second”. Mas as recomendações dos gurus da altura eram, como as de hoje, muito sugestivas e convincentes, e até o CCEMS que dirijo, lá implementou o seu cantinho (que era complicado devido à fraca interoperabilidade do ambiente 3D). Fiz umas duas ou três visitas, onde me cruzava sempre com “avatares” vistosos em práticas exóticas de sexo, copos ou jogos virtuais. Achei estranho para um ambiente educativo mas sempre fui tolerante 🙂 .
A euforia durou pouco. Cerca de um ano depois, tal como aconteceu com outras “novidades giras”, os dirigentes e gurus dedicaram-se à novidade seguinte, o Second Life desmoronou e ninguém mais falou no assunto (em linguagem popular “desatou toda a gente a assobiar para o lado”). Imagino o que teria acontecido se, em vez de esbanjarmos recursos naquele futuro, os tivéssemos investido na resolução dos reais problemas daquele presente.
Felizmente que a euforia durou pouco, e não foi aplicada aos alunos, pois assim só desperdiçamos o nosso tempo. Imaginem a desgraça que teria sido se, tal como aconteceu (e estará a acontecer) com outras demandas, tivéssemos uma geração inteira de alunos a perderem o seu tempo, com epifanias do futuro que, afinal, se revelaram modas passageiras. Nada é inócuo em Educação, pois quando se faz algo pretensamente bom, há algo, tão bom ou melhor, que deixamos de fazer.
Será que a Escola, sem comprometer a sua permanente atualização (metodológica e tecnológica) deve entrar nesta corrida, louca e inglória, de uma atualidade efémera, ou optar pela sua condição mais conservadora e intemporal, e focar-se no que sabemos ser essencial?
António Rodrigues
Em diversos tempos, salvo as honrosas excepções que se destacam da norma, a generalidade dos superiores esteve-se nas tintas para as agruras dos básicos e secundários, revelando uma solidariedade nula. Agora, embora não se dizendo a reboque, afirmam-se atentos.
Vamos lá ser sinceros… generalizando à medida das circunstâncias, o que muitos esperam é que, ao contrário dos básicos e secundários, os governantes da área tenham de regressar às Universidades e também queiram ver a sua vidinha organizada. A aposta foi sempre, de forma “superior”, no soft power. E nas críticas ao que vem de “baixo”.
Sim, há excepções… já o escrevi lá em cima. E nem todas resultam de alinhamentos partidários.