Admiro imenso as pessoas que acham que as escolas têm como missão apagar todas as desigualdades que existem fora dela. E que acham que é no seu interior que estão os problemas, desistindo de uma intervenção séria na sociedade, melhorando a vida das famílias com que tantos enchem a boca hipócrita. Mas como o Centeno foi para o Eurogrupo, certamente que serão pulverizadas situações como as encontradas nos ePIRLS acerca dos recursos disponíveis na casa dos alunos para apoiar as suas aprendizagens, sejam os livros e as habilitações dos pais, sejam os próprios zingarelhos tecnológicos. Repare-se que entre quem tem mais recursos em casa e os que têm apenas recursos “médios” a diferença no desempenho é de 43 pontos (561 e 518, respectivamente), sendo menor o efeito da falta de dispositivos digitais (a diferença baixa para 27 pontos).
E que tal reparar na “diferença colossal” entre os recursos acessíveis aos alunos em casa nos países do norte da Europa, Canadá ou mesmo Irlanda e os que os nossos têm. Certamente será porque os nossos economistas e políticos têm sido dos melhores ao nível do desenvolvimento do país e das condições de vida de grande parte da população. Só pode…
Um tipo anacrónico como eu conclui (certamente de forma errada e míope do ponto de vista conceptual) que a falta de recursos domésticos para apoio ao estudo é um factor muito importante e que essa importância é maior no caso dos suportes mais tradicionais.
(mas como se sabe eu sou arraçado de matusalém do restelo e não recorro a gel na careca)