Dúvida

Se em Português levar uma semana ou mais a preparar a dramatização e apresentação de um texto isso não poderá ser considerado trabalho na área da Expressões? E o mesmo não se pode também aplicar à produção de materiais gráficos (cartazes, banda desenhada) baseados nas obras de leitura orientada? É preciso estar marcado no horário que é “Expressão Dramática/Visual” para que isso assim seja?

Se em História ensinar os meus alunos a fazer questionários online ou apresentações em suportes como o Moviemaker, Prezi ou Adobe Spark  isso não acabam por ser aulas de TIC? E por aí diante. Pena tenho eu de quem na sua disciplina se encerra apenas na sua especificidade. Que é o que cada vez me parece mais ser a prática de alguns “inovadores”, de tal forma imputam aos outros esse tipo de metodologias.

É estranho que quem defende a “flexibilidade” no currículo precise de ver isso inscrito de forma rígida nos horários. Isso é que é, para mim, um espartilho curricular. E uma valente miopia pedagógica em qualquer ciclo de escolaridade. A menos que o que esteja mesmo em causa seja mesmo a “reserva” formal de horas para determinados nichos.

Magoo

(é sempre algo entristecedor, mesmo se um pouco divertido, ver certas estratégias inovadoras a ser defendidas com base em concepções arcaicas… mas eu espero pela plataforma das “boas práticas” para aprender como se faz… 🙂 )

A Linha do Tempo

21 de Junho de 2017:

A notícia da investigação a uma alegada fuga de informação foi avançada pelo Expresso nesta quarta-feira e confirmada pelo PÚBLICO junto da assessoria de imprensa do Iave. Que, entretanto, emitiu um comunicado. Informa que “vai hoje remeter para a Inspecção-Geral da Educação e Ciência e para o Ministério Público todas as informações de que dispõe sobre o caso para efeitos de averiguação disciplinar e criminal”.

(…)

Para a presidente da Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira, esta é uma situação “bastante chocante”, mas que lhe levanta dúvidas quanto à sua veracidade. Esta professora acredita que “tudo irá ser esclarecido” e que não será preciso anular a prova, solução da qual, aliás, discorda.

24 de Junho de 2017:

O Ministério Público está a investigar o caso depois de a Procuradoria-Geral da República ter confirmado a recepção de uma participação do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) que deu origem a um inquérito.

Edviges Ferreira, presidente da associação de professores de Português, disse à Renascença que espera que a verdade seja apurada:

“Acho muito bem que haja um inquérito feito pela Procuradoria-Geral da República e nem se devia esperar outra coisa. Foram 74 mil alunos a fazer o exame de português, os professores estão já a corrigir os exames mas a procuradoria fará as suas investigações e nós esperamos que a verdade venha a público”, referiu.

14 de Dezembro de 2017:

Inspeção-Geral de Educação concluiu o inquérito à fuga no exame nacional de Português do 12.º ano, instaurando um processo disciplinar a uma professora. O Expresso sabe que se trata da presidente da associação de professores da disciplina, Edviges Ferreira.

Alcatrao2

Uma Histórinha Casual

Ainda estávamos nos tempos de Crato e do pafismo, mas já se percebia que iriam acabar em eleições à vista daí por uns bons meses. Recebo uma espécie de proposta de alguém que andou bem dentro da máquina do ME durante uma década ou mais (e com bons contactos a todos os níveis nessa área, com destaque para a área do PS), incluindo nos tempos do engenheiro, para fazer um “estudo” sobre a possível evolução do número de alunos no Ensino Básico até 2020 (ou algo assim). Respondi que para isso era necessário aceder a dados que só o ME tem. Tudo bem, isso não seria problema, haveria acesso total aos números e dados que fossem considerados necessários. Acrescentei que o ME tem uma estrutura para fazer esse tipo de trabalho, que não precisa (não deveria precisar) de outsourcing nessas matérias. Que, para além disso, sabia que havia já estudos em algumas instituições a tratar do assunto, que me parecia redundante. Pediram-me para pensar nisso, que seria interessante essa minha “colaboração”. Não precisei de pensar, nunca me interessaram esses estudos, muito menos colaborações ou “parcerias” que me parecem “encomendadas”. Porque há sempre algo que se fica a dever em troca do haver.  Uma retribuição, uma gratidão. E nem se fala nos “contactos” que se estabelecem, nos “conhecimentos” que se fazem, nas “conexões” que se estabelecem. Felizmente, não voltaram a tocar no assunto. Ou voltaram a algo vagamente parecido.

Mas há quem vá ao engodo, não percebo se por ingenuidade, convicção ou mera conveniência. E nem é por falta de aviso.

Quid pro quo

Cá se Pagam?

Nem sempre, bastando ver como acabou o caso do estudo pedroso.

Se é verdade que na edição em papel do Expresso de hoje nem houve uma linha para a sondagem que dá razão aos professores na disputa com o governo e alguns articulistas sobre a sua carreira, pelo menos houve espaço para a avaliação do desempenho de MLR no seu isczé. Parece que a senhora até dá aulas e produz, mas chateia-se a preencher grelhas e plataformas.

(quanto à produção/investigação, verifico uma diferença “colossal” entre o antes de 2005 e o depois de 2009… realmente há cargos que dão muito jeito…)