O ME Não Olha a Despesas…

… em matéria de ajustes directos com empresas de advogados para gerirem o seu contencioso. Hoje enviaram-me uma contestação do ME a uma acção em Tribunal quanto a uma colocação do concurso de Mobilidade Interna que é da autoria de um advogado de um escritório que tem registados dois contratos com a Secretaria-Geral do Ministério da Educação e Ciência (depois vai-se ver e não é bem assim, um deles é com o Gabinete da Secretária de Estado Adjunta e da Educação) para defesa do ME na disputa jurídica relativa aos contratos de associação. Os valores são de 74.999€ (contrato de Agosto de 2016) e 42.000€ (contrato de Outubro de 2017).

O “estranho” é que a empresa não surge contratada para gerir o contencioso relativo ao concurso de Mobilidade Interna, sendo bem claro para que efeitos foi contratada nos documentos em causa (aqui e aqui).

A menos que entretanto apareça outro contrato com este escritório de advogados versando este tipo de serviço, acho que há aqui qualquer coisa a bater menos certo.

Closeau cartoon

(mas é claro que isto interessa pouco a certas “investigações”…)

 

 

Os Detalhes da Propaganda Negocial – 2

A Fenprof já respondeu a alguns dos slides da apresentação que o ME reservou para as vésperas de Natal. Estou de acordo com o essencial que lá está, pelo que é desnecessário repetir muito do que lá está a desmontar os “custos” das progressões e recuperação de tempo de serviço.

Mas há outros detalhes que não devem ser esquecidos, talvez menos evidentes (e não falo apenas da forma pouco transparente e honesta como se apresentam os “reposicionamentos” nascidos das vinculações extraordinárias). Falo da forma como se tenta, de modo desnecessário, que alguma imprensa (que hoje já se atirou aos números da forma acrítica habitual), galambas ou outros servidores da propaganda sempre que isso é necessário à “esquerda”, recorra à demagogia dos novos contra os velhos.

Progressoes6

Este quadro serve apenas para dar a entender que os novos ganham comparativamente menos do que os mais velhos em relação ao seu número, o que é algo que resulta naturalmente de uma carreira em que se progride. O objectivo é destacar a “injustiça” da situação. O que ignora? Que os que agora mais ganham, em tempos já ganharam menos (muito menos, eu comecei com um ordenado de 44 contos limpos em 1987… 220 euros, como contratado) e que os que agora ganham menos, se existisse justiça, também viriam a ganhar mais ao longo da sua trajectória profissional. A “injustiça” só existe com um retrato parado no tempo, que ignora passado e futuro e dá como adquirido que qualquer governo (de esquerda, de direita, de esquerdas) pode congelar e desvirtuar a sua relação laboral com os professores como é incapaz de o fazer com os contratos blindados com as edepês, as galpes e as pêpêpês.

O que está no quadro é um facto? Sim, mas descontextualizado, que é a forma como agora se quer que o pessoal viva e as crianças aprendam as coisas, atomizadas, sem diacronia, sem causalidades, sem relações que as explique.