A Fenprof já respondeu a alguns dos slides da apresentação que o ME reservou para as vésperas de Natal. Estou de acordo com o essencial que lá está, pelo que é desnecessário repetir muito do que lá está a desmontar os “custos” das progressões e recuperação de tempo de serviço.
Mas há outros detalhes que não devem ser esquecidos, talvez menos evidentes (e não falo apenas da forma pouco transparente e honesta como se apresentam os “reposicionamentos” nascidos das vinculações extraordinárias). Falo da forma como se tenta, de modo desnecessário, que alguma imprensa (que hoje já se atirou aos números da forma acrítica habitual), galambas ou outros servidores da propaganda sempre que isso é necessário à “esquerda”, recorra à demagogia dos novos contra os velhos.
Este quadro serve apenas para dar a entender que os novos ganham comparativamente menos do que os mais velhos em relação ao seu número, o que é algo que resulta naturalmente de uma carreira em que se progride. O objectivo é destacar a “injustiça” da situação. O que ignora? Que os que agora mais ganham, em tempos já ganharam menos (muito menos, eu comecei com um ordenado de 44 contos limpos em 1987… 220 euros, como contratado) e que os que agora ganham menos, se existisse justiça, também viriam a ganhar mais ao longo da sua trajectória profissional. A “injustiça” só existe com um retrato parado no tempo, que ignora passado e futuro e dá como adquirido que qualquer governo (de esquerda, de direita, de esquerdas) pode congelar e desvirtuar a sua relação laboral com os professores como é incapaz de o fazer com os contratos blindados com as edepês, as galpes e as pêpêpês.
O que está no quadro é um facto? Sim, mas descontextualizado, que é a forma como agora se quer que o pessoal viva e as crianças aprendam as coisas, atomizadas, sem diacronia, sem causalidades, sem relações que as explique.
Descontextualização e Ausência de Causalidades são os termos exactos na apresentação destes “quadros/slides”.
A isto chama-se manipulação e propaganda.
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