Coincidências do Escafandro

Agosto de 2015:

Sócrates nas mãos de juiz comentador

Rui Rangel já criticou publicamente a investigação.

Outubro de 2015:

Juiz Rui Rangel arrisca processo por alegado plágio no acórdão sobre Sócrates

Fevereiro de 2017:

Juiz Rui Rangel vai decidir novo recurso de Sócrates

O juiz já deitou abaixo o segredo de justiça e criticou os investigadores da Operação Marquês. Agora, também lhe cabe decidir se o processo acaba porque ainda não há despacho de arquivamento ou acusação.
.
Março de 2017:

Afinal…

São lampiões, mas poderiam ser lagartos. Ou dragões. Ou quem quer que fosse. Ou se desmontam os polvos que por aí andam, ou isto não tem salvação. Acho comoventes certas posições de quem aproveita estes casos para clamar contra a devassa da privacidade, gente que subitamente se descobre grande defensora da cidadania. E não é preciso ser muito perspicaz para nos lembrarmos das conexões do juiz Rangel. Esqueçam as camisolas (clubísticas, políticas) e defendam o que resta deste país.

PGR confirma Luís Filipe Vieira e Fernando Tavares entre os arguidos

O presidente e o vice-presidente do Benfica estão entre os 12 arguidos da “Operação Lex”, confirma a Procuradoria Geral da República ao Expresso.

polvo

O Tempo: Modo de Gestão

Como não pára, torna-se cada vez mais precioso. E como cada vez o ocupam mais com coisas acessórias, cada vez detesto mais quem faz disso ofício. Em especial quando uma tarefa com duas ou três fases ou etapas essenciais se torna um emaranhado de possibilidades igualmente redundantes e um labirinto de dúvidas encaganitantes.

O que me leva a um processo cada vez mais indispensável para manter alguma sanidade que consiste em dividir as pessoas entre as que:

Me fazem perder tempo que poderia gastar a fazer nada, a observar a luz do dia, a fazer uma leitura, em micro-problemas da maria cachucha desocupada que só nos fazem acrescentar aridez ao que resta da alma (ou o que quer que exista, com ou sem antónio damásio a defini-la).

Me fazem ganhar tempo ou me trazem algo de novo para pensar, admirar, reflectir com vantagens para o meu conhecimento das pessoas ou do que me rodeia e acrescentam algo de útil ou agradável ao meu tempo, cada vez mais escasso.

tempus-fugit

É Só Chegar a Investigação a Certos Ambientes…

… e aparecem logo @s vestais dos direitos processuais a clamar pela honra desonrada dos investigados e que isto e aquilo e aqueloutro e que as denúncias anónimas e tal. Mas então andam 150 agentes, investigadores e etc durante 18 meses a fazer uma investigação e aparecem para ali uns tipos a fazer voz grossa e a dizerem que é tudo uma enorme teoria da conspiração sem fundamento?

Nos últimos anos, temos, finalmente, um cheirinho de qualquer coisa e já querem atabafar tudo como com o engenheiro?

Justiça

A Ver Se Percebo… Se Acabarem os Exames Acabam as Desigualdades e os Pobrezinhos Passam Todos a Entrar em Medicina e Arquitectura e na Carreira Diplomática e Etc?

Este tipo de estudos  (tese aqui, com acesso restrito) constata o que é evidente e falha no óbvio. Sim, os alunos com maiores meios económicos têm mais possibilidades de terem apoios extra nos estudos. Mas… perante isso devemos acabar com os exames – como se depreende das declarações cobertas de boas intenções da investigadora – ou devemos tentar que todos os alunos e as respectivas famílias tenham um nível de vida que lhes permita ter pelo menos parte desses meios?

No primeiro caso, temos a manutenção das desigualdades reais, cosmetizada com a eliminação dos exames; no segundo, temos uma verdadeira tentativa de “igualdade de oportunidades”. Eu optaria sem hesitar pelo segundo caminho que, eu sei, é o mais difícil e incómodo para os políticos de ocasião. Quem diria que eu sou “reformista”.

profpardal

(é impressão minha ou esta notícia surge mesmo a antecipar o que por aí virá no fim de semana?)

Só É Preciso “Recompor” O Que Foi “De(s)composto”

E por quem? A nota do ME de há uns dias parece mais uma peça de propaganda do que outra coisa, pois parece que estes não são herdeiros de quem fez a “de(s)composição” da carreira docente.
REcomposi
Por outro lado, este termo (recomposição) pode abrir a porta a uma qualquer coisa que não me cheira nada bem. E bem sabemos, por antecedentes dolorosos, quem abriu a porta às tropelias que se seguiram na última década. Mesmo sabendo a quantidade de vira-casacas que por aí anda a tratar da vidinha há que ter algum decoro na adesivagem.

Estratégia Todo o Terreno

É infalível em termos comunicacionais.

Se os resultados estão a descer é porque é mais do que evidente que são necessárias as reformas que se estão a implementar e ainda mais as anunciadas.

Se os resultados estão a subir é porque já são sensíveis os resultados das reformas implementadas e se tornam ainda mais necessárias as anunciadas.

Não falha.

Monster truck

 

 

Insucesso ou Abandono?

Por muito que nos queiram fazer acreditar no contrário, as regras de assiduidade nos cursos profissionais são dificilmente exequíveis para alunos que, em tantos casos, se distinguiam exactamente pela falta de assiduidade. E o mesmo se passa nas turmas “regulares”, já agora, com diversos alunos. Há quem opte pela ficção de aceitar tudo o que é justificação, para não aumentar o “abandono”, mas depois aumenta o insucesso porque os alunos nem aos momentos de avaliação (ou recuperação) vão. Os números do abandono penalizam mais a “escola”, mas os do insucesso reflectem-se mais directamente sobre os professores e as disciplinas. Há estratégias diferentes para lidar com as situações. Recentemente, conheceram-se dados sobre o aumento do “abandono”. Eu acho que ele não aumentou na realidade, apenas passou a não estar disfarçado ou diluído no insucesso. Porque há limites para a cosmética da falta de assiduidade dos alunos e apara a tolerância na aceitação de justificações que desafiam a plausibilidade ou o próprio respeito por quem aceita tais truques. E há limites para serem sempre os professores a assumirem a culpa pelo que não é, mesmo, sua responsabilidade.

Um dos nossos grandes problemas ao lidar com certos fenómenos educativos é acreditar em algumas representações legislativas ou estatísticas do que acontece na realidade.

cabecinha_pensadora