Há quem ache que a diversificação de estratégias e ferramentas no processo de ensino/aprendizagem (sim, gosto de usar este termo… é do pouco que em mi reside de eduquês standard) é algo a ser feito apenas a pensar no interesse dos alunos e na forma de os seduzir para os conteúdos a leccionar.
Sim, concordo com isso a 50%, talvez 40%. Porque 50% a 60%, no meu caso, é para combater o meu próprio tédio, que se acumula se levar anos a fazer as mesmas coisas, da mesma forma.
(não confundir com o apoio a mudanças de programa a cada semi-mandato)
A minha adesão a muitas das novas tecnologias e programas que não passam – na expressão feliz de um colega – de variações do powerpoint com esteróides ou a ferramentas de avaliação online é uma estratégia para manter vivo o interesse em transmitir pela enementésima vez determinados conteúdos, em especial aqueles muito chatos. Sei que hã quem adore a segurança das rotinas, mas não é bem o meu caso.
Até porque o que observo de forma directa, por exemplo na aplicação dos quizzes, é que o entusiasmo dos alunos tem uma curva de crescimento limitada e um período de adesão que se reduz drasticamente se eles começarem a sentir que apenas se repete a “novidade” (tornando-a apenas uma nova rotina). Ou então que a parte mais interessante é – pasmem-se alguns teóricos da natural apetência dos alunos pelo trabalho cooperativo e desafeição pela competição – a evolução dos scores e da classificação (intermédia, final) do que acaba por ser um jogo num sentido tão competitivo como qualquer modalidade desportiva com direito a medalhas (não é por acaso que alguns dos programas investem exactamente na parte gráfica do aspecto competitivo).
Mas para perceber esse tipo de reacções e comportamentos é preciso estar nas salas de aula, dia após dia, semana após semana e observar com atenção o que se passa e ter a noção do momento em que o regresso a uma aula tradicional – mesmo que com esteróides visuais/sonoros à distância de um clique – representa uma lufada de ar fresco.
E somos nós, professores, que devemos ter a noção do que é mais adequado a cada momento ou sequência de ensino/aprendizagem (ou avaliação).
Pois somos. Não dá para delegar essa capacidade 🙂 Mesmo.
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“…Sim, concordo com isso a 50%, talvez 40%. Porque 50% a 60%, no meu caso, é para combater o meu próprio tédio, que se acumula se levar anos a fazer as mesmas coisas, da mesma forma.”
Exacto. Fugir do meu próprio tédio é fundamental.
“…e observar com atenção o que se passa e ter a noção do momento em que o regresso a uma aula tradicional – mesmo que com esteróides visuais/sonoros à distância de um clique – representa uma lufada de ar fresco.”
Completamente verdade.
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“E somos nós, professores, que devemos ter a noção do que é mais adequado a cada momento ou sequência de ensino/aprendizagem (ou avaliação).”
Isto… a maçada é que não fazem senão virem-nos impingir sistematicamente uns malfadados óculos de cortiça.
Excelente post, obrigada.
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