A Deriva Totalitária

Começa a notar-se melhor quando as ditaduras da maioria ou de uma qualquer minoria que se acha mais qualificada do que as restantes procuram estender os aparatos do poder à esfera da vida pessoal e privada dos indivíduos, ao seu modo de vida, aos seus gostos pessoais, à sua individualidade. Ao que se veste, ao que se come, ao que se faz debaixo ou sobre os lençóis, entre outras minudências que deveriam estar afastadas das preocupações de candidatos a legisladores do preconceito. Estas derivas tanto podem vir dos puritanismos conservadores como dos progressismos intolerantes. Entre os trumpismos e certas coisas que começam a passar-se por cá só muda a direcção do voo das moscas.

O inferno dos céus está cheio de gente com boas intenções e o inferno da terra de gente para lá enviada por gente com boas intenções.

Turd

A Ler

Já chegaria que se ficassem pela capacidade de ter e transmitir bom senso e umas regras muito básicas de civilidade.

NÃO PRECISAMOS DE SUPERPAIS!

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Pais atentos, pais confiantes, são pais que educam sem especiais problemas. Curiosamente, alguns “manuais” e alguns discursos “científicos” podem aumentar a insegurança e a ansiedade de alguns pais.

Começo a sentir que está fazer falta alguma tranquilidade e serenidade que devolvam aos pais a confiança em si mesmos e na sua capacidade para exercer bem o papel. Sei que por vezes não é fácil. Ser pai não é mobilizar de forma prescritiva um conjunto de “práticas” receitadas por diferentes especialistas.

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Thumbs

Os Falsos Provedores

A criação do “provedor do leitor” em algumas publicações foi uma tentativa curiosa de dar aos leitores a sensação de terem alguma capacidade de intervenção junto, em especial, dos jornais. A figura de que me recordo melhor é de Mário Mesquita no DN há 20 anos. No Público, jornal que acompanhei mais, as coisas tiveram altos e baixos. Entretanto, a coisa espalhou-se por outros órgãos de informação, incluindo rádios e televisões e, há que dizê-lo com frontalidade, abandalhou-se de uma forma assinalável, sendo que em diversos casos os “provedores” são uma espécie de serviço de resposta automática, mais preocupados em (en)cobrir quem deveriam “fiscalizar” em nome dos leitores do que em servir estes nas suas demandas, em especial quando justa e fundamentadas. Se bem me lembro, muito menos nestes últimos tempos de simulacros, nunca recorri a este tipo de simulacros de provedoria, mas admiro e respeito quem ainda espera que sirvam para alguma coisa mais do que alindar um currículo em fase terminal.

Se estivessem mesmo preocupados com as coisas do rigor e ética informativa, podiam começar por um serviço de fact checking em relação a muita prosa polvilhada de disparates.

prophets

Enviado Às Redacções das Televisões

Confesso que é incomodativo assistir à divulgação de informação que não corresponde à realidade quotidiana, induzindo a população a preconceções erradas, e revelando que os jornalistas não estão devidamente informados de como funcionam muitas instituições da sociedade. Assim, como cidadão ativo e consciente, derivado da obrigação profissional de formar cidadãos ativos e conscientes, no que respeita às noticias sobre o perfil do aluno, informo o seguinte:
– desde há muitos anos, que muitos professores têm formação académica baseada na pedagogia construtivista, com orientação para a aprendizagem pela descoberta, trabalhando também a metacognição, tendo o aluno como o agente central da aprendizagem. Por isso, as aulas expositivas já não são maioritárias em muitas salas de aula, há muitos anos, no ensino básico e secundário.
– a pedagogia construtivista implica que o aluno seja um agente ativo e colaborante na aprendizagem, mas o que se verifica é que muitos alunos não o são, manifestando resistência a essa atitude e boicontando deste modo o processo de ensino-aprendizagem. Além disso, ainda existem muitos encarregados de educação que também resistem à utilização dessa metofodologia porque consideram-na muito difícil e menos cómoda para os seus educandos. Vários autores de livros escolares que aplicam essa metodologia nos conteúdos, e que também lecionam, já relataram que foram objeto de queixa de encarregados de educação que consideram que não deve ser o aluno a construir a aprendizagem e a descobrir, mas o professor a ensinar…
– num mundo onde o lúdico e o entretenimento estão disponiveis constantemente e imediatamente, é muito dificil que os jovens queiram usar a tecnologia com conteúdos cientificos e culturais, o que dificulta imenso a pedagogia não expositivista.
– como a escola não é uma instituição com um objetivo lúdico e de entretenimento, tem de competir com a sociedade civil onde existem instituições cujo negócio é o divertimento, não tendo os mesmos recursos que essas instituições, sendo uma concorrência desleal, o que leva à conflitualidade entre o aluno e o currículo.
– as dificuldades sócio-económicas e familiares, indispõem vários(as) alunos(as) psico-emocionalmente para a aprendizagem, não sendo relevante a metodologia pedagógica utilizada, mas o acompanhamento personalizado de modo a colmatar essas falhas sociais.
– existe uma miriade de fatores que interferem na aprendizagem (pessoais, sociais, familiares, biológicos, económicos, genéticos, fisiológicos, psicológicos, emocionais), sendo redutor e pouco rigoroso, reduzi-la à qualidade profissional e à metodologia pedagógica.
– para a utilização de metodologia pedagógica não expositivista, são neccessárias condições materiais, logisticas, profissionais, organizacionais, laborais, que os governos não estão interessados em proporcionar porque apenas estão obcecados com o orçamento e o quanto se pode poupar…
– outro fator importante para implementar uma pedagogia não expositivista, muito exigente em termos de organização de trabalho, é a motivação profissional que nenhum governo está interessado em estimular, como se vê pela destruição da carreira dos professores em prol da poupança na remuneração, apenas para pagar os desvarios financeiros dos vários governos e do sistema bancário…
– nunca se fala do ensino universitário, pedra basilar do futuro individuo produtivo, e onde o expositivismo continua a ser predominante nas salas de aula, já não falando na organização pedagógica atávica que muitas vezes prejudicam os alunos seriamente.

Concluindo, quando noticiarem sobre métodos de aprendizagem nas escolas, seria conveniente que se informassem no que se passa nas muitas centenas de escolas do país, e verificariam que afinal não é só na escola Y ou Z que trabalham pedagogia não expositivista há muitos anos…

Mário Silva

miraTecnica

Não Vi

Mas acho um conceito fabuloso aquele das mamãs e papás contratarem uma supernanny, toda diplomada, para lhes ensinar a ser mães e pais. Pessoalmente, teria recomendado, há uns anos, uma consulta de planeamento familiar. Ou um duche daqueles bem frios.

shower

(se é assim que o balsemão pensa que salva a sic, nem quero ver como pensa que o rio salvará o país… embora, claro, eu saiba que ele não interfere nos “conteúdos”)