Chamem A SuperNanny!

A audição da subcomissão parlamentar sobre a nova lei da identidade de género teve, quinta-feira, um episódio insólito: uma conservadora do Registo Civil abandonou a sala, sem mais nem menos, porque personalizou uma pergunta inofensiva da deputada comunista Rita Rato.

Questionada quanto ao número de casos de pessoas que tinham mudado de sexo no Registo Civil e que depois decidiram reverter a decisão, Sónia Pinho, representante da Associação Sindical dos Conservadores de Registos – ASCR, mostrou-se completamente fora de si, porque pensou que lhe estava a ser perguntado pela deputada do PCP se tinha casos de transexualidade na família.

Tantrum

O Recenseamento

Temos os velhos registos biográficos, temos as plataformas para os concursos, temos as plataformas onde as escolas colocam periodicamente dados sobre tudo e mais alguma coisa, mas agora temos mais uma para “recensear” os professores e todos os seus dados. O Arlindo pergunta como vai a coisa. Vai andando. Como todo o disparate, a malta alinha e vai de carregar as mesmas coisas. E são horas e horas de fazer outra vez a mesma coisa ou, pior, ir ver se o que está escrito há anos e anos mudou ou está na mesma. Há umas semanas validei a autorização para a minha escola consultar o meu registo criminal. Estavam lá os meus dados no SGRHE. Mas parece que não chega e é necessário reverificar todos os dados profissionais dos professores.

O que é estranho, pois na última década têm sido publicados dados sobre o “Perfil do Docente” que apresenta números, quadros e gráficos que – pensava eu, estúpido – seriam obtidos a partir de dados rigorosos tratados pelos serviços do ME. Nada disso, parece. Aquilo deve ser feito assim na base do “talvez seja assim, mais coisa, menos coisa” (o que talvez explique porque dados de diferente publicações do ME sobre a mesma realidade frequentemente “descoincidam”). Aliás, há muito pouco tempo, o ME fez uma projecção dos custos como o descongelamento da carreira e mesmo com uma eventual recuperação do tempo congelado. Aquilo tinha números, somas, multiplicações e outras operações que passavam por ter algum fundamento, apesar das incongruências metodológicas rapidamente encontradas. Mas, pelos vistos, eram números que careceriam de confirmação, via “recenseamento”.

(e nem falo em tantos “estudos” e doutas opiniões baseadas em dados que, por ventura, são uma espécioe de adivinhações, desde o que achamos na pordata a publicações do cne)

Aparentemente, apesar do rico organograma funcional, a dgeec precisa que as escolas recenseiem os professores. Reparem nas atribuições das suas direcções de serviço, das “unidades orgânicas flexíveis” e das “equipas multidisciplinares”. Aquilo é um fartote de “competências”. Mas parece que há um certo “inconseguimento” no tratamento dos dados relativos aos docentes, sendo necessário fazer tudo – de novo – a partir da base, até alguém se lembrar que é preciso fazer tudo outra vez.

Lembram-se daquela conversa relativa às “gorduras do Estado”? Aqui encontram-se umas belas enxúndias. A “implosão” deve ter passado ao lado.

Banha

Em Busca da Coerência Perdida

É um tema a desenvolver com maior detalhe. O daquelas pessoas, a começar por especialistas e “peritos” (os meus preferidos) nas críticas à avaliação dos alunos e às práticas que consideram de “treino” dos ditos para provas ou exames. Mas que depois querem tornar obrigatória a entrega de matrizes hiper-específicas para os momentos mais formais de avaliação, remissão para as páginas do manual (que também gostam de criticar) onde estão os conteúdos em apreço e ainda as aulas que foram dadas sobre os temas.

(tudo com cobertura da actual equipa política do ME que amplifica para a esfera pública a parte do combate ao “treino” dos alunos, mas que pelas “vias competentes” aconselha vivamente nos bastidores a “monitorização” do processo de avaliação por parte dos professores)

E ainda rematam falando que confiam nos professores e que a autonomia das escolas nunca foi tão grande.

Encaixar tanta hipocrisia em 8500 caracteres vai ser um bom desafio ao poder de síntese, sem perda de alguns exemplos “impressivos”…

Frade