Dia: 26 de Janeiro, 2018
Isto É Tudo Menos um Post Sobre Futebol
Depois do jogo da meia final da Taça da Liga, vi um pouco – por inacção e distância em relação ao comando – do pós-jogo num canal que não me lembro. Iam saindo adeptos do Sporting e a repórter perguntava-lhes o que achavam do jogo. Sem excepção, o primeiro punhado dizia que o Sporting não tinha jogado grande coisa. E eu concordo. Era verdade. A camisola faz-me desejar a vitória dos meus, mas não à custa do que os meus olhos vêem.
Discordo
De qualquer tipo de proibição de programas que baseiam o seu “formato” na estupidez humana. São uma enorme lição de antropologia. Concordo que seja “filtrado” o rosto das crianças, mas não que se suspenda um programa que servia para mostrar com clareza ao país o estado de alguma parentalidade nacional que, depois na esplanada, gosta de se queixar de quem tem de lidar com 20, 25 ou 30 numa sala de aula. Porque o programa era (ou é) um magnífico documentário sobre a total desorientação parental que está longe de ser excepção.
(the hills are alive with the sound of music…)
O Desmentido (E O Contrato)
Quanto ao contrato (via site O Corvo), já percebi que o truque é a palavra “principal”.
Mas em matéria de contratos sumptuosos, este não é o primeiro de Medina. Reparem nestes três de assessoria, quando ainda não era presidente, com valores acima dos 40.000€ anuais e um valor global perto do meio milhão de euros, todos assinados entre Dezembro de 2013 e Janeiro de 2014. O primeiro adjudicatário passou em finais de 2015 para assessor de Ferro Rodrigues na AR, o segundo é actualmente secretário de Estado e o terceiro é presidente da Assembleia de Freguesia das Avenidas Novas e o seu contrato destinava-se a “prestação de serviços de assessoria técnica na área da organização da agenda pública e relacionamento com as Juntas de Freguesia junto do gabinete do vice-presidente Fernando Medina.”
Esta malta governa-se bem…
A Ladaínha das “Reformas Estruturais”
À boleia da evolução favorável do défice e da “recuperação da economia”, a Comissão Europeia apareceu a “recomendar” a Portugal que aproveite a conjuntura para “fortalecer o ímpeto reformista” e para o efeito já contratou Centeno para o Ecofin.
O que chateia é que andamos há 30 anos a fazer “reformas estruturais”, desde que o Cavaco ficou sentado em cima de um pote de dinheiro para as fazer e decidiu fazer umas estradas maradas e uma “formação profissional” que foi uma anedota, seguindo-se a febre dos “eventos” como a Expo, o Euro 2004 e mais mais umas sumites que se confundem com desenvolvimento. Recentemente, tivemos o Sócrates a anunciar “reformas estruturais”, cortando aqui e ali (funcionários públicos, principalmente) para dar às clientelas favoritas com o défice a disparar, seguindo-se o Passos Coelho com as suas reformas de cortes aqui, ali e a colá, cedendo nas rendas e outras prebendas públicas a interesses privados, em nome da necessidade de descer o défice. Agora, que a coisa parece estabilizada, descobrimos que, afinal, as “reformas estruturais” está ainda por fazer, apesar do “ímpeto”. A bem dizer… é verdade que está por fazer no que é de oleodutos financeiros de dinheiros públicos para quem nada faz de verdadeira utilidade para o interesse público. Porque, pelo que observo, grande parte da clique política quando chega a funções executivas prefere pagar 10.000€ a um escritório de advogados (raramente desligados dessa mesma clique) do que 100 a um professor, enfermeiro ou polícia. Ou 50.000 a consultores externos (os de “imagem” são os mais afortunados, porque deles é o reino do artifício), do que ter uma administração pública com serviços a funcionar em pleno, com gente devidamente motivada.
As “reformas estruturais” são sempre numa de outsourcing, alegadamente em defesa dos interesses dos “contribuintes”. E, depois, perde-se o rasto a exactamente quem fez o quê para que qualquer coisa acontecesse assim, com notícias favoráveis e o “apoio da opinião pública” que foi paga para ser publicada a defender o imperativo das tais “reformas estruturais” (leia-se, fecho de escolas, de centros de saúde, de tribunais, venda dos correios para os fecharem, privatização dos fornecimentos energéticos essenciais, etc, etc).
Isto É Apenas Uma Sensação
Vale apenas o que vale. Na expressão usada por uma colega no fbook é o resultado do “sentómetro” (a que eu acrescentei a definição de “sensações sentidas enquanto sentado”). E sinto que se vai sentindo 🙂 um acréscimo de inquietude e agitação, em especial na pequenada.Há uns tempos escrevi sobre anos bons e maus, mas quer-me parecer que não é apenas no meu quintal, que a coisa se sente também em outras paragens. Quer-me parecer que – sim, já sei, os profes estão velhos e pouco pacientes e tudo isso, mas não explica tudo – é um fenómeno que não melhorará com certas generalizações inovadoras, fazendo-nos recuar ao clima dos tempos de juventude (se isso foi possível) de alguns que agora andam de novo por aí, claramente mais encanecidos.