Isto É Tudo Menos um Post Sobre Futebol

Depois do jogo da meia final da Taça da Liga, vi um pouco – por inacção e distância em relação ao comando – do pós-jogo num canal que não me lembro. Iam saindo adeptos do Sporting e a repórter perguntava-lhes o que achavam do jogo. Sem excepção, o primeiro punhado dizia que o Sporting não tinha jogado grande coisa. E eu concordo. Era verdade. A camisola faz-me desejar a vitória dos meus, mas não à custa do que os meus olhos vêem.

fio-de-prumo

Discordo

De qualquer tipo de proibição de programas que baseiam o seu “formato” na estupidez humana. São uma enorme lição de antropologia. Concordo que seja “filtrado” o rosto das crianças, mas não que se suspenda um programa que servia para mostrar com clareza ao país o estado de alguma parentalidade nacional que, depois na esplanada, gosta de se queixar de quem tem de lidar com 20, 25 ou 30 numa sala de aula. Porque o programa era (ou é) um magnífico documentário sobre a total desorientação parental que está longe de ser excepção.

Nanny

(the hills are alive with the sound of music…)

O Desmentido (E O Contrato)

A autarquia diz “o fotógrafo em causa não se limita a fotografar apenas sete eventos, antes acompanha diariamente as atividades da presidência do município, para lá de outros serviços para as publicações da CML”. Além disso, diz que “os serviços referidos foram contratados de acordo com o que está tabelado para a contratação de serviços externos na CML”. Por fim, a Câmara Municipal de Lisboa considera ainda que o artigo do Corvo, que avança a história, é revelador “do desconhecimento e má fé da notícia que lhe dá corpo”.

Quanto ao contrato (via site O Corvo), já percebi que o truque é a palavra “principal”.

ContratoFotog

Mas em matéria de contratos sumptuosos, este não é o primeiro de Medina. Reparem nestes três de assessoria, quando ainda não era presidente, com valores acima dos 40.000€ anuais e um valor global perto do meio milhão de euros, todos assinados entre Dezembro de 2013 e Janeiro de 2014. O primeiro adjudicatário passou em finais de 2015 para assessor de Ferro Rodrigues na AR, o segundo é actualmente secretário de Estado e o terceiro é presidente da Assembleia de Freguesia das Avenidas Novas e o seu contrato destinava-se a “prestação de serviços de assessoria técnica na área da organização da agenda pública e relacionamento com as Juntas de Freguesia junto do gabinete do vice-presidente Fernando Medina.”

Esta malta governa-se bem…

A Ladaínha das “Reformas Estruturais”

À boleia da evolução favorável do défice e da “recuperação da economia”, a Comissão Europeia apareceu a “recomendar” a Portugal que aproveite a conjuntura para “fortalecer o ímpeto reformista” e para o efeito já contratou Centeno para o Ecofin.

O que chateia é que andamos há 30 anos a fazer “reformas estruturais”, desde que o Cavaco ficou sentado em cima de um pote de dinheiro para as fazer e decidiu fazer umas estradas maradas e uma “formação profissional” que foi uma anedota, seguindo-se a febre dos “eventos” como a Expo, o Euro 2004 e mais mais umas sumites que se confundem com desenvolvimento. Recentemente, tivemos o Sócrates a anunciar “reformas estruturais”, cortando aqui e ali (funcionários públicos, principalmente) para dar às clientelas favoritas com o défice a disparar, seguindo-se o Passos Coelho com as suas reformas de cortes aqui, ali e a colá, cedendo nas rendas e outras prebendas públicas a interesses privados, em nome da necessidade de descer o défice. Agora, que a coisa parece estabilizada, descobrimos que, afinal, as “reformas estruturais” está ainda por fazer, apesar do “ímpeto”. A bem dizer… é verdade que está por fazer no que é de oleodutos financeiros de dinheiros públicos para quem nada faz de verdadeira utilidade para o interesse público. Porque, pelo que observo, grande parte da clique política quando chega a funções executivas prefere pagar 10.000€ a um escritório de advogados  (raramente desligados dessa mesma clique) do que 100 a um professor, enfermeiro ou polícia. Ou 50.000 a consultores externos (os de “imagem” são os mais afortunados, porque deles é o reino do artifício), do que ter uma administração pública com serviços a funcionar em pleno, com gente devidamente motivada.

As “reformas estruturais” são sempre numa de outsourcing, alegadamente em defesa dos interesses dos “contribuintes”. E, depois, perde-se o rasto a exactamente quem fez o quê para que qualquer coisa acontecesse assim, com notícias favoráveis e o “apoio da opinião pública” que foi paga para ser publicada a defender o imperativo das tais “reformas estruturais” (leia-se, fecho de escolas, de centros de saúde, de tribunais, venda dos correios para os fecharem, privatização dos fornecimentos energéticos essenciais, etc, etc).

Ouroboros

Isto É Apenas Uma Sensação

Vale apenas o que vale. Na expressão usada por uma colega no fbook é o resultado do “sentómetro” (a que eu acrescentei a definição de “sensações sentidas enquanto sentado”). E sinto que se vai sentindo 🙂 um acréscimo de inquietude e agitação, em especial na pequenada.Há uns tempos escrevi sobre anos bons e maus, mas quer-me parecer que não é apenas no meu quintal, que a coisa se sente também em outras paragens. Quer-me parecer que – sim, já sei, os profes estão velhos e pouco pacientes e tudo isso, mas não explica tudo – é um fenómeno que não melhorará com certas generalizações inovadoras, fazendo-nos recuar ao clima dos tempos de juventude (se isso foi possível) de alguns que agora andam de novo por aí, claramente mais encanecidos.

sentado