À boleia da evolução favorável do défice e da “recuperação da economia”, a Comissão Europeia apareceu a “recomendar” a Portugal que aproveite a conjuntura para “fortalecer o ímpeto reformista” e para o efeito já contratou Centeno para o Ecofin.
O que chateia é que andamos há 30 anos a fazer “reformas estruturais”, desde que o Cavaco ficou sentado em cima de um pote de dinheiro para as fazer e decidiu fazer umas estradas maradas e uma “formação profissional” que foi uma anedota, seguindo-se a febre dos “eventos” como a Expo, o Euro 2004 e mais mais umas sumites que se confundem com desenvolvimento. Recentemente, tivemos o Sócrates a anunciar “reformas estruturais”, cortando aqui e ali (funcionários públicos, principalmente) para dar às clientelas favoritas com o défice a disparar, seguindo-se o Passos Coelho com as suas reformas de cortes aqui, ali e a colá, cedendo nas rendas e outras prebendas públicas a interesses privados, em nome da necessidade de descer o défice. Agora, que a coisa parece estabilizada, descobrimos que, afinal, as “reformas estruturais” está ainda por fazer, apesar do “ímpeto”. A bem dizer… é verdade que está por fazer no que é de oleodutos financeiros de dinheiros públicos para quem nada faz de verdadeira utilidade para o interesse público. Porque, pelo que observo, grande parte da clique política quando chega a funções executivas prefere pagar 10.000€ a um escritório de advogados (raramente desligados dessa mesma clique) do que 100 a um professor, enfermeiro ou polícia. Ou 50.000 a consultores externos (os de “imagem” são os mais afortunados, porque deles é o reino do artifício), do que ter uma administração pública com serviços a funcionar em pleno, com gente devidamente motivada.
As “reformas estruturais” são sempre numa de outsourcing, alegadamente em defesa dos interesses dos “contribuintes”. E, depois, perde-se o rasto a exactamente quem fez o quê para que qualquer coisa acontecesse assim, com notícias favoráveis e o “apoio da opinião pública” que foi paga para ser publicada a defender o imperativo das tais “reformas estruturais” (leia-se, fecho de escolas, de centros de saúde, de tribunais, venda dos correios para os fecharem, privatização dos fornecimentos energéticos essenciais, etc, etc).
Pois é preciso mexer a panela para detectar os melhores nacos.
O “Plano esCavaco” de um país de serviços sempre esteve em cima da mesa. A versão moderna é o “Turismo e Bailout”.
Havia uma solução simples mas preferiram tentar a sorte e armar em fortes. Tinha-se vendido tudo, sem pressa, procurando obter o melhor preço. Ao estado competiriam apenas as infraestruturas de transportes, a defesa e a justiça, a gestão e distribuição da água, tudo isto em monopólio. O resto podia ser alienado e privatizado.
Com as receitas subsidiavam-se directamente os cidadãos, na medida das suas necessidades, promovendo a igualdade de oportunidades.
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A expo 98 proporcionou o alargamento da cidade de Lisboa a oriente, incluindo a requalificação da respetiva área. O trabalho não foi perfeito, mas houve mais ganhos do que perdas.
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Acredito. Mas como modelo de desenvolvimento baseado na construção civil tem muitos limites.
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