Já sei, tirando uns fascistas de Direita e umas aves raras (eu oscilo nestes dias entre as duas categorias para os críticos bem-pensantes da “seriação”), ninguém gosta (publicamente) de rankings e diz que estão mal feitos, que não revelam tudo sobre as escolas, a menos que a sua escola esteja lá por cima. Claro que em privado, são mesmo muito poucos os que mantêm essa posição, pois sabem que cada vez mais este tipo de informação é (ou deveria) ser importante para se fazer uma auto-avaliação do trabalho desenvolvido. Mais informação é sempre melhor do que nenhuma informação. Excluo daqui a desinformação, a partir do topo e da base.
Basta olharmos à nossa volta e percebemos, em especial com os dados que agora contemplam desde a origem informação sobre o contexto social, cultural e económico dos alunos e encarregados de educação, que as coisas até fazem sentido. Eu olho para aqueles dados, olho para as zonas que conheço em primeira mão ou de forma menos directa e aquilo percebe-se. Não me digam que não. Mesmo com o “novo” indicador dos “percursos directos de sucesso”.
Há quem ache que os rankings são uma espécie de classificação do trabalho dos professores. Ou dos alunos. Não são. São outra coisa, bem menos linear, mais complexa e multifactorial.
A própria comunicação social que trata este assunto também já o percebeu e segue pistas menos evidentes para explicar as crescentes desigualdades. O país está mais desigual em termos educacionais, o que foi agravado com a reorganização/concentração da rede escolar, embora exista quem jure a pés juntos que não é assim. Mas é. Os dados confirmam-no. Assim como o “empurrão” dado a muitos alunos para irem para vias “profissionais”, com o objectivo de cumprirem a escolaridade de doze anos, é tantas vezes um presente (?) envenenado que ainda agrava mais as desigualdades. Basta ver o peso relativo desta opção entre as escolas do topo, incluindo as públicas.
Por outro lado, algumas políticas públicas, como a do investimento desigual feito pela Parque Escolar a nível nacional, em vez de serem direccionadas para atenuar as desigualdades, acabaram por agravá-las. Há excepções, mas o investimento foi feito, na sua maioria, em zonas urbanas, do litoral, aprofundando assimetrias.
Mas isso são coisas que, por estes dias, não interessa a muita gente abordar, preferindo repetir fatwas para consumo público. Para esses apenas um indicador que poderiam agarrar… até ao 9º ano, o número de escolas públicas tem vindo a aumentar… mesmo sendo ainda menos de um terço.
Para finalizar… a minha escola está bem mais perto da base do que do topo e a evolução não é a melhor, mas não é isso que me faz dizer mal dos rankings. E, com sinceridade, gostava que os dados do 6º ano não tivessem sido descontinuados.

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