E Pá, Faz-te à Vida e Deixa-te de Queixinhas da Treta

O Alexandre Henriques recorre ao argumento definitivo para justificar a contabilização da EFísica para a média final do Secundário e acesso ao Ensino Superior… parece que os alunos lhe dizem “Professor não me chateie, a Educação Física nem sequer conta para a média…”.

Agora imaginemos o que dizem a tant@s outr@s professor@s, cujas disciplinas ao longo da escolaridade obrigatória não têm o poder de contar para a média para conquistar o respeito dos alunos. Estou tramado… dou aulas de HGP e História no Ensino Básico e as notas não contam para média nenhuma e eu lá sobrevivo há décadas. E, com jeitinho, eles até podem fazer todo o Ensino Básico com negativa. Nem sei como é que consigo dar aulas.

Se este argumento é válido… então todas as disciplinas devem contar para a média e ter exames. 

Realmente… há alturas em que só dá mesmo vontade de rir com esta malta… que ainda por cima quer dar lições de ética e pedagogia aos outros.

smile

28 opiniões sobre “E Pá, Faz-te à Vida e Deixa-te de Queixinhas da Treta

  1. Concordo plenamente. Já chega de tanto disparate.
    “Só são importantes as disciplinas que têm exames”; “Só têm importância as disciplinas que contam para a média”; “Só são importantes as específicas”;” Só são importantes as estruturantes (?)”; Só são importantes as nucleares”…

    E depois um gajo leva com a “flexibilidade curricular”… para, segundo o ministro comediante, os alunos trabalharem em grupo, a invenção do século (BRAVO!!). Fora a Educação Sexual… Vão-se catar, mas é.

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  2. Factual:

    A EF nunca contou para a média de acesso ao superior, exceto para uma minoria de alunos que ingressaram no secundário entre 2004 e 2011. Ou seja, quase todos os que comentam o assunto nunca viram a disciplina a ser considerada nas médias dos respetivos percursos escolares.

    Quanto ao “argumento” do Alexandre, este é dos mais básicos, ao nível do pensamento dos pré-adolescentes (e é preocupante, estas formulações simplistas são relativamente frequentes nas conversas facebookianas de alguns professores!). Pior é quando comparam a EF a uma qualquer outra disciplina do currículo, como se esta não requeresse um conjunto de “habilidades” naturais aos alunos. Um coxo, um invisual.. com esforço consegue sempre atingir elevados desempenhos da disciplinas ditas teóricas. Aplicando a mesma dose a EF nunca o conseguirá… E não vale a pena a comparação com disciplinas da área das artes, como também fazem abundantemente numa tentativa de rebater o óbvio, no secundário estas disciplinas são opcionais.

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    1. “E não vale a pena a comparação com disciplinas da área das artes, como também fazem abundantemente numa tentativa de rebater o óbvio, no secundário estas disciplinas são opcionais.”

      Estou cansada, mas quer parecer-me que na área de Artes as disciplinas referidas não são opcionais.

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      1. Na área das artes, a disciplina de Desenho não é opcional. Mas a área em si é. Quem não tem jeito não frequenta as ditas. A EF é obrigatória para todos.

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    2. Ora bem… acho muito bem que isto seja desmontado e ainda bem que alguém me poupou o trabalho de confirmar que a “invenção” da EF para a média é algo que aconteceu ali num certo intervalo de tempo em que o lobby se instalou em força.

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      1. Esta notícia confirma.

        “É um retrocesso tremendo e uma machadada no estatuto da Educação Física”, comenta este responsável. Desde 2004, a Educação Física tem tido o mesmo estatuto das outras três disciplinas de formação geral (Português, Inglês e Filosofia), mas a partir do próximo ano lectivo o que se espera, com esta medida, é “um desinvestimento dos alunos” porque “do ponto vista social o que tem impacto é a média de acesso ao ensino superior”, frisa João Lourenço.”

        https://www.publico.pt/2012/06/14/portugal/noticia/educacao-fisica-nao-vai-contar-para-a-media-final-do-secundario-1550348

        Tenho gente em casa que acabou o secundário no inicio deste século. Vou tentar saber se guardaram documentos de conclusão do secundário. Se conseguir envio-te.

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  3. “Estou tramado… dou aulas de HGP e História no Ensino Básico e as notas não contam para média nenhuma ”

    Há outras disciplinas que tb não contam.

    Aliás, só contam as de Português e Matemática.

    Mas hoje, especialmente, estou baralhada pelo jet lag de 2ª f.

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  4. Que a disciplina de EF seja obrigatória e não conte para a média, acho bem. Dito isto, e excetuando casos específicos de incapacidade física, não concordo com a argumentação do coitadinho que não tem jeito para EF. Não esqueçamos todos os outros coitadinhos que não têm jeito para matemática ou para línguas. E não venham com o argumento do “esforço”, porque sabemos que há alunos que por mais que estudem, nunca terão a rapidez de raciocínio, de compreensão, ou a capacidade de concentração e de trabalho de outros.

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      1. Isso é tão evidente. Das disciplinas obrigatórias, comuns a todos os cursos no secundário (só são 3, na prática 4, visto a língua estrangeira estar quase reduzida ao inglês), a EF é aquela cujos resultados menos dependem do esforço individual.

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  5. Voto por um currículo único, com poucas opções, até ao final do secundário. Carga horária minimizada. Carta de curso com média aritmética simples. A flexibilidade curricular é da responsabilidade dos alunos e dos pais: quem quiser que vá para a luta livre e quem preferir que se dedique à música. Assim os alunos tenham tempo disponível para fazer as suas opções. Autarquias a dinamizar as ofertas de extracurriculares. Provas de admissão da responsabilidade de cada universidade. Quem não quiser estudar que aprenda ofício. Mas aposto que assim desistiam.

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  6. O único medo de EF seria a desvalorização da disciplina se não contar para a média tivesse esse impacto, mas tal jamais acontecerá porque o binómio desporto/saúde está enraizado na sociedade. Portanto, se fosse prof. de EF desejaria que não contasse para a média, pois livrava-me de muitas dores de cabeça, dando aulas com plena liberdade, sem condicionalismos de avaliação e sem as chatices da pressão do CT de EF estragar a média (e já agora, das chatices do recurso…).
    Mas, quem dá importância a ranking de escolas, será inevitável que as disciplinas com exame e que contam para a média, sejam as nucleares…

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  7. O professor Jorge Castelo escreveu “A culpa não é do Futebol”. Eu aproveito e digo “a culpa não é da Educação Física”. Durante muitos anos os prof.s desta disciplina foram habituados a pensar “junto à relva”. Ainda alguém se lembra que o salário até era inferior aos dos outros professores?
    Pois bem, a forma de elevar o estatuto da coisa foi reivindicar uma igual avaliação e, indo um pouco mais além, a tal contabilização na média final para acesso aos superiores. É o maior erro histórico da Educação Física. A sua importância – a sua diferença e mesmo exclusividade pela matéria com que trabalha – devia passar pelo reconhecimento de um estatuto próprio que teria de se reflectir necessariamente na avaliação e, consequentemente na contabilização, ou não, para as tais médias. Frequência sim, sempre! Porquê? Porque só ela dá aquilo que nenhuma outra disciplina pode dar na formação dos putos. É isso que devia passar junto dos alunos e dos progenitores e não aquela coisa absurdamente maquiavélica que são as metas e o sistema de avaliação/classificação na disciplina (que, felizmente ninguém segue, embora não o digam!). Aliás, tenho para mim que não devia haver qualquer classificação na dita cuja. Seria a forma suprema do reconhecimento da disciplina.
    Quanto ao resto, os tais lobbies e o pensar baixinho continuam a fazer o seu caminho!

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    1. Ó motta,
      Nem parece teu.
      Recebiam menos que os outros professores ?
      Com Curso de Professores do INEF, ISEF ?
      Estás enganado. Isso acontecia com os diplomados pelas Escolas de Instrutores de Ed. Física.

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  8. Gosto mesmo daqueles argumentos da mobilização de variadíssimos conhecimentos, competências, raciocínios, avaliações, decisões,…, contabilizados ao segundo… que umas disciplinas conseguem proporcionar enquanto outras parecem apenas, roçar o rabo na cadeira… não há pachorra – adiante!
    (E… vá lá – há que ser comedido- que não são equacionadas um sem número de outras competências linguístico-vocabulares e outras demais sociais-relacionais que se mobilizam em cada aula…)

    Também gosto muito dos adeptos de todas as flexibilizações que nunca se preocuparam com a ausência/ deficiências de instalações/ equipamentos/ materiais/ e de condições generalizadas à prática de opções variadas, ao encontro das aptidões de cada um e a um crescimento são e saudável… mas… adiante que até não está muito mal pois a menorização da coisa só acontece no “4º ciclo” de ensino por não contar para a média de acesso…- adiante!

    Relativização por relativização:
    Vá lá… vá lá… ainda vão havendo uns prof. com “menos azarujo”…
    É que há uns, de variadíssimos quadrantes, especialmente dados a veementes “desabafos” de alunos tais como:
    – Prof. … faça essa merd** que a mim não me apetece
    – Prof. … não me chateie que ainda leva com uma cadeira pelos corn** abaixo
    – Prof. … vá para o cara***

    E… depois… o prof. que faça trabalhinho suplementar (gratuito, claro) e personalizado para recuperar este rebento do estatuto da disciplina e da ética… nestas coisas não há menorização de nada …
    (e já nem falo do trabalhinho suplementar para os prof. quando jovens, preocupados ou não com as médias, faltam às aulas para jogar matraquilhos, ficar na cama, ir à praia ou ao centro comercial,…)

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  9. Vão-se preparando porque os “testes” de educação física serão eliminatórios no acesso ao mercado de trabalho e ao longo da carreira profissional tal como já se acontece noutros lugares. Poucos serão os que terão estatuto de convidado e serão dispensados da corridinha ou da semana de campo.

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  10. “Second, these statistics guide and underpin policy. There is much concern about the health effects of obesity, but what do we do to reduce it? Based on the old numbers, our food consumption would not be seen as the problem: it seems to be below recommended intakes, and falling. So policymakers may be tempted to look elsewhere – perhaps to increasing physical activity instead. We showed that this is not the most effective way of preventing obesity, given that it takes much more effort to burn calories than consume them.”

    https://www.theguardian.com/commentisfree/2018/feb/19/uk-fatter-eating-more-realise-under-report-calories

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  11. Ó motta,
    Nem parece teu.
    Recebiam menos que os outros professores ?
    Com Curso de Professores do INEF, ISEF ?
    Estás enganado. Isso acontecia com os diplomados pelas Escolas de Instrutores de Ed. Física com formação diferente. Um colega diplomado com o curso de Instrutor Ed Física ,podia seguir para o INEF, com nota mínima final de 14 valores. E iniciava o curso de Professores no 1* Ano. Assim é que está certo.
    Abraço

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    1. Olá Magalhães
      Vê por exemplo aqui:
      https://boletim.spef.pt/index.php/spef/article/viewFile/86/74
      ou, para não procurar muito, na Revista Portuguesa de Pedagogia, extra-série, 2011, Univ. de Coimbra.
      Para alguns, 1968/69 (ou por aí) foi na idade média; para outros, como nós, não foi assim há tanto tempo.
      Quanto às ideias sobre a coisa eu sei que a minha perspectiva é pouco ortodoxa, mas defendo-a até que a voz me doa.
      Em resumo muito resumido: A Educação física não é mais importante por contar para a média final do que quer que seja; ela é, apenas, imprescindível na formação do indivíduo. Porquê? Aqui poderemos iniciar a discussão…

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      1. Olá motta !

        Não sabia . Acabo de verificar e afinal tens toda a razão .
        Contra factos não há argumentos !
        Há coisas do caraças.
        E fiz triste figura.

        …” Quanto às ideias sobre a coisa eu sei que a minha perspectiva é pouco ortodoxa, mas defendo-a até que a voz me doa.
        Em resumo muito resumido: A Educação física não é mais importante por contar para a média final do que quer que seja; ela é, apenas, imprescindível na formação do indivíduo.”…

        Ortodoxa ? Concordo contigo e a 100%.
        Obrigado
        Abraço

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