Et Tu, Bárbara?

É pena que quem tem acesso a informação, pareça não entender que o que está em causa não é a menorização da EF no Ensino Secundário, mas sim a recuperação de um estatuto de excepcionalidade. Quem quer ir para a área das Humanidades não precisa ter Geologia ou Química; quem vai para Ciências não precisa ter História ou Filosofia. Mas todos devem ter Educação Física e essa classificação contar, porque há professores que se sentem feridos na sua dignidade (então e os das outras disciplinas que nem sequer são obrigatórias para o acesso a cursos da mesma área?) e a coisa é muito saudável e somos todos gordos e é preciso ensinar os pequeninos desde pepinos a ser coordenados?

Andamos a brincar com isto tudo? Parece que sim…

A disputa em torno da obrigatoriedade de contar com EF na média do Secundário é apenas mais um episódio similar ao prova de aferição do 2º ano. É a imposição, por via da influência junto dos decisores políticos, de algo que tem a ver com “estilo de vida”. Se a média sobe/desce com a EF é irrelevante (acredito que suba a nota a muitos alunos, mas é melhor nem dizer a quais e porquê, porque ficaria mal) e quem argumenta nessa base é porque gosta de falácias. Sim, não tenho dúvidas que em muitas pautas a EF será a nota mais elevada. Que o seja para futuros advogados, médicos, químicos, historiadores ou linguistas, em vez de ser Direito, Ciências, Química, História ou Línguas é que será um pouco estranho. A menos que seja para demonstrar as virtudes de uma formação espartana. Mas, nesse caso, porque não recuperar a tropa obrigatória?

Clown

(parece ficar bem que não se tem um preconceito ou interesse pessoal contra a EF…  e eu nem tenho… só quando há malta que troca as notas no final dos períodos e leva anos sem saber o nome d@s alun@s, fora outras falhas, por vezes bem graves, de profissionalismo em matérias bem sensíveis… mas isso seria matéria para uma auto-crítica de muita gente que não se enxerga… sendo que são coisas a que assisti em primeira mão como aluno e professor e nem sequer foi no tempos dos afonsinos)

16 opiniões sobre “Et Tu, Bárbara?

  1. Conhecerá a BW o programa de EF?

    E que tal antes uma formação desportiva à “americana”, onde os putos desde cedo tem acesso a uma modalidade desportiva (o desporto escolar de cá mas melhor estruturado)?

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  2. Felizmente há excelentes alunos a Matemática, História e Filosofia que o são também a E.F e que não se revêem nesse grupo de alunos a que se refere. Aliás parece-me uma referência ultrapassada.

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  3. Precisa de ter todas as disciplinas da formação geral, filosofia incluída.
    Todas essas disciplinas contam para a média do secundário, com a excepção de educação física.

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    1. Não se trata de “torcer”. São comuns a todos os cursos e são contabilizadas para efeitos de cálculo da média. As bienais das formações específicas são sujeitas a exame nacional, podendo uma delas ser substituída pela filosofia.

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      1. Repito: apenas Português e EF são transversais durante os três anos. Só não percebo porque não podem para ser feito exame como seria de esperar.

        Que em algumas áreas se “possa” fazer uma “troca” é uma opção. Isso não acontece com EF.

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  4. A “troca” ( por filosofia) é possível em todos os cursos científico-humanísticos e não apenas em alguns. Repito também o que já disse anteriormente, a filosofia, o português e a língua estrangeira, independentemente da sua transversalidade aos três anos, são contabilizadas para efeitos de cálculo da média do ensino secundário.
    Não percebi claramente a ideia: sendo transversais durante os três anos deveria ser feito exame no português e na educação física? No português o exame é obrigatório.
    A minha intenção não é polemizar. É “repor” os factos.
    .

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    1. Repito que a EF é a única disciplina que é obrigatória, para além do Português, nos 3 anos para todos os alunos.
      Discordo desse facto.
      A menos que, então, se assumam por completo as coisas e EF passe também a ter exame como as restantes disciplinas.
      A minha intenção também não é “polemizar” apenas porque sim, mas tentar entender se estas coisas são decididas com pés e cabeça, se apenas para afagar egos de grupo.

      Tenho lido os maiores disparates, como se os críticos quisessem menorizar a EF, que tem espaço no currículo durante 12 anos, independentemente da área de estudos dos alunos.
      Sendo assim, tendo sido feita pressão para a prova de aferição no 2º ano com o objectivo de demonstrar que os professores titulares não estão motivados para essa área, pelo que devem ser coadjuvados por professores de EF, também acho que deveria ser feita pressão para que exista um exame final de 12º ano.

      Como é da praxe, em matéria de declaração de interesses, devo acrescentar que a minha filha, que iniciará o 10º ano para o ano é boa aluna e adora EF e participa regularmente em provas de DEsporto escolar com todo o meu apoio.
      Só que as coisas não devem ser decididas assim, nem eu defendo posições porque sejam mais ou menos desconfortáveis para os meus interesses.

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  5. “Quem quer ir para a área das Humanidades não precisa ter Geologia ou Química; quem vai para Ciências não precisa ter História ou Filosofia. Mas todos devem ter Educação Física e essa classificação contar…”
    Este foi o meu ponto de partida. Quem vai para ciências, por exemplo, precisa de ter filosofia, inglês ou outra língua, português e educação física. Se é por 2 ou 3 anos é indiferente. Não tem opção e todas as classificações finais de cada uma destas disciplinas ( exceptuando, desde 2012/2013, a educação fisica ) são tidas em conta no cálculo da média do ensino secundário e em consequência para efeitos de acesso ao ensino superior. E isto acontece em todos os cursos científico humanísticos.
    Não me lembro agora se a média do secundário foi sempre calculada considerando a classificação de educação física desde que este modelo de acesso ao ensino superior existe e, salvo erro, com as pequenas ou grandes flutuações que caracterizam estas coisas, ele anda por aí desde 1998. Isso,contudo, é irrelevante.Como me parece irrelevante a questão dos dois ou três anos.

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    1. Não é “irrelevante” uma disciplina ter 12 anos no currículo e outra apenas 2 (Filosofia).
      Não é irrelevante que a EF apenas tenha contado para a média no período do engenheiro e da MLR. Quer fazer-se passar por “regra” o que foi uma excepção.

      Mantenho o desafio: querem um estatuto de “igualdade”? Reclamem pela existência de um exame de 12º ano em EF e verão como certas casacas mudam logo.

      Não é por acaso que há quem apoie a medida, mas só depois da descendência acabar o Secundário… 😉

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  6. Aprecio muito este seu espaço, Paulo, propício à reflexão e à crítica construtiva em torno de matérias que a nós, professores, pais e educadores, muito nos preocupam. Parece-me, contudo, que esta sua reflexão crítica sobre o facto de a média de EF contar no secundário torna-se redutora. Se é uma disciplina do currículo, deve contar para a média do secundário. Por que raio é que a disciplina de EF não deve contar para a média e as de Português, Matemática, etc., sim. Até parece que só os “maus alunos” têm boas notas a EF e só “esses” saem beneficiados com esta medida. Não sou professora de EF, sou de uma daquelas disciplinas que, em muitos corredores de escolas que eu conheço, são consideradas “mais importantes”, mas para mim todas são importantes e cada um dos nossos alunos tem interesses e aptidões diferentes. Por que raio devo premiar um aluno com jeito para as ciências e/ou as línguas e não um outro que tem mais “queda” para as atividades físicas?
    Quanto à questão de exames para todos, aí sim, concordo consigo. Se queremos igualdade entre matérias, então que seja para todos.

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    1. Já expliquei que discordo é que a EF seja obrigatória para todos os alunos, independentemente do curso que sigam. A sua presença “transversal” na FGeral é, em meu entendimento, um excesso. Que conte para a média de acesso a qualquer curso, um excesso ainda maior.

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