Tem todas as qualidades necessárias para o exercício de cargos de alto gabarito na chafarica nacional. Há quem ache tudo isto natural. Não é o meu caso. Seja qual for a cor da camisola. Mas como este parece ser daqueles com licença para fazer tudo o que lhe vem à cabeça para alimentar clientelas, nada acontecerá e terá uma muralha d’aço em seu redor.
Mês: Março 2018
Pausa? Férias?
O JNE e o IAVÉ claro que só poderiam escolher estes dias para pedir às escolas que designassem os relatores e classificadores de provas de aferição, provas finais e exames deste ano. A comunicação 2/JNE tem a data de 26 de Março, o primeiro dia de “pausa” e das reuniões de avaliação (material todo publicado no blog do Arlindo). E, claro, os professores têm de andar exactamente nos dias da Páscoa a preencher a papelada desnecessária para o efeito. Quase todos os anos é assim. Parece existir uma patológica deriva raivosa nestes organismos do ME em relação a qualquer período em que achem que as escolas e os professores podem descansar um pouco.
É este nível de desrespeito que se mantém e revela até que ponto os sorrisos de alguns governantes são apenas uma fachada para esconder a permanência deste tipo de práticas de m€rd@. Lamento, não consigo já recorrer a outro tipo de linguagem para qualificar o esforço contínuo e deliberado dos serviços do ME para queimar por completo o corpo docente.
Há C’Anos Que Se Falava Disto, Que Se Conheciam os Esquemas…
… mas mais vale tarde do que nunca.
60 carros apreendidos a administrador da GPS
Cinco administradores do maior grupo de colégios acusados de corrupção por uso indevido de 30 milhões de euros do Estado. José Canavarro e ex-diretor regional entre os arguidos.
(…)
O processo de investigação do MP, que durou quase quatro anos anos, foi desencadeado depois de em 2014 o Ministério da Educação – na altura aos comandos de Nuno Crato – ter enviado para o MP os resultados de auditorias realizadas pela Inspeção Geral da Educação a seis colégios do grupo, durante o verão de 2012.
De Regresso aos Clássicos
Sim, ando muito numa de cultura pop, mas é para isso que estes dias também servem. Se passarem por uma fenaque isto vem tudo por quinze êrus (um pouco acima do que passarei a ganhar por mês a partir de Abril, mas eu sou um esbanjador..
Vale o Tempo
O Pafismo Educacional e a Transversalidade do Sucesso
Claro que é a minha mente que é demasiado tortuosa e conspirativa. Mas com os actores em presença justifica-se que eu pense que muitas destas coisas andam ligadas. Pelo que não me espanta nada que esta coisa dos “projectos” da autonomia e flexibilidade que depois são avaliados de forma “transversal” tendam a fazer diluir as avaliações disciplinares de cada professor numa “avaliação global”. Ou que as avaliações disciplinares tenham de se submeter à lógica do “contributo para o projecto”. Acredito que, assim sendo, os níveis de insucesso a Matemática sejam transversalmente empurrados para níveis mínimos históricos em muitas paragens. Podemos sempre confirmar no fim deste ano nas escolas-piloto. E ver se foi a “transversalidade” e “flexibilidade” que contribuíram para a “mudança dos métodos de ensino” e para o irrevogável “aumento do sucesso”.
Não adianta é falarmos na questão das aprendizagens, porque isso vai tornar-se uma espécie de coisa fluída, muito em especial quando existirem alunos da escola A, com o projecto X, a transferir-se para a escola D com o projecto K. A menos que toda a gente acabe a copiar os projectos dos manuais que algumas editoras já enviaram.
5ª Feira (Pouco Santa, Mas Com Muito Peso do Espírito Santo)
(c) HenriCartoon
Mas, Mas, Mas…
… então as metas não solucionaram as coisas? A flexibilidade e autonomia não vão revolucionar o ensino (e as aprendizagens, já agora)? É necessário mais um
Governo quer perceber o que está mal no ensino da Matemática: “É preciso agir o mais depressa possível”
Vai ser constituído um grupo de trabalho para olhar para os programas de Matemática. Um dos objetivos é perceber o que é essencial que todos aprendam. João Costa quer “agir o mais depressa possível”.
(…)
“O que é que está a falhar com o ensino da Matemática?” A interrogação feita pelo secretário de Estado de Educação é a primeira de muitas a que o governo pretende dar resposta com a criação deste grupo. “Sabemos que o problema passa pelos programas e que ano após ano o cenário se repete”, argumentou João Costa, referindo que os últimos dados divulgados sobre notas de Matemática mostram que o panorama é negro.
O secretário de Estado referia-se ao relatório divulgado este mês pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) e que mostra que um terço dos alunos entra no secundário com negativa a Matemática. O mesmo relatório identifica esta disciplina como sendo aquela em que os alunos do 7, 8 e 9.º ano têm pior desempenho.
Ora bem, aqui fica o meu espanto por, a mais de meio do mandato, se perceber um problema com décadas, em grande parte nascido de todos os governos descobrirem o problema, decidirem tomar medidas urgente, alterarem pela enésima vez programas e recomendações pedagógicas e tudo se tornar um emaranhado que, logo à partida, desanima professores e desmotiva alunos. A urgência é uma recorrência nesta matéria, sendo que dá quase sempre em nada e quando dá em algo, se rasparmos o verniz da coisa, percebe-se que só mudaram os números do sucesso, martelados para melhorarem.
E, já agora, se só um terço entra no Secundário com negativa a Matemática é porque há outro terço que é avaliado com carradas de água benta. Quem, mesmo de outras disciplinas, já vigiou provas de aferição ou provas finais de ciclo sabem bem que há bem mais de um terço que nem se preocupa em olhar para o enunciado mais do que o estritamente necessário para não adormecer imediatamente.
Quanto ao “grupo de trabalho” que vai estudar o “problema” basta saber se é dominado pela APM ou SPM para adivinhar a lógica das propostas de solução. E isso é dramático, porque tem sido esse ziguezaguear constante entre “capelinhas” que tem ajudado à não resolução de um problema que não deve ser escondido do ponto de vista estatístico, quase obrigando os professores a melhorar resultados, mesmo quando os alunos desistem logo da disciplina, por mais piruetas que @s professor@s dêem para os motivar. Mas, infelizmente, tem sido quase sempre esse o discurso em torno da Matemática: Há “insucesso”, porque há falhas no “ensino” e existe uma consequente necessidade de “formação dos professores”, sendo que, décadas depois já se poderia ter percebido que esse é um erro e que tantas vezes a formação é dada por quem não saberia como lidar com 28 adolescentes numa sala de aula.
Por fim, anoto que esta preocupação com a Matemática ecoa algo semelhante, um mandato atrás, em torno daquelas disciplinas consideradas “estruturantes”. Não vejo, em alternativa, qualquer preocupação com qualquer aposta na área das Expressões e Artes.
Uma Espécie de Cambridge, Mas Sem Cambridge?
A ideia em si nem é má, tudo depende muito dos “negócios” que envolvem este tipo de certificações. E formações. E confusões.
Concurso de Mobilidade Interna – Era “Só” Um “Pequeno Grupo” de 200 Afectados?
A SE Leitão (ainda esta semana, ao que parece, pelos lados de Braga) e o deputado silva, porfírio de nossa desgraça, podem, ao fim de alguns meses (mais do que deveria ser razoável), verem desconfirmadas as suas repetidas afirmações sobre 100-200 professores “insatisfeitos” com o truque feito em Agosto. Alguma vez admitirão que mentiram à opinião pública? Nunca, pois dirão que não estavam “na posse de todos os elementos”.