Subscrevo

Sei que (de diversos quadrantes) há a quem António Nóvoa desgoste, mas isso não me interessa grande coisa.

Desde o início do século XXI, têm surgido novas tendências de “administração” dos professores, cruzando três lógicas distintas.

A primeira é o reforço de dispositivos de avaliação, acentuando não os processos de desenvolvimento profissional, mas o estabelecimento de hierarquias dentro do professorado. Num contexto marcado pela omnipresença de indicadores internacionais, estes dispositivos tendem a evoluir para uma remuneração ou premiação dos professores em função dos resultados escolares dos alunos.

A segunda é a intensificação do trabalho dos professores, que vem atingindo níveis impensáveis, seja por via de uma escola transbordante, que quer fazer tudo, seja por via de uma burocratização crescente da vida escolar e docente.

A terceira é a inflação de materiais didácticos e pedagógicos, impressos ou digitais, que se destinam a “facilitar” a acção docente, mas que representam uma diminuição da autonomia dos professores e do seu trabalho profissional.

Ainda que por vias diferentes, todas estas políticas têm consequências nefastas na vida dos professores. Mais do que nunca, é necessário reforçar a profissionalidade docente, através de dinâmicas colaborativas e de uma maior participação dos professores na vida das escolas e nas políticas públicas de educação. (O Tempo dos Professores, pp. 1134)

fio-de-prumo

Quem?

Ficava mais confortável se alguém, em nome pessoal, se chegasse à frente neste tipo de notícias.

Professores do PS perplexos com posição do Governo sobre tempo de serviço

O Rui Cardoso publicou no blogue do Arlindo o documento, mas fico sem saber quem serão exactamente estes colegas porque, culpa minha, desconhecia que existia um grupo organizado de professores no PS, pois os que conheço e têm alguma influência andam quase todos ao redor do actual SE Costa, prontos para serem flexibilizados e mal pagos. Claro que há outros, mas parece que a sua capacidade de intervenção eficaz tende para o nulo, a avaliar por este quase ano e meio.

Que em Novembro do ano passado, depois das negociações entre o ME e os sindicatos, foi anunciada uma pseudo-vitória, em forma de “compromisso”, que só poderá ter convencido gente mesmo muito ingénua, pois o orçamento já fora aprovado, eu já sabia. Que agora se admirem disso só ter servido para ganhar tempo e espaço mediático para mais uma “conquista” sindical meramente virtual, já me custa mais a admitir.

A cereja em cima do vazio, são as declarações do deputado silva, porfírio de sua graçola e nossa desgraça:

Em resposta por escrito ao PÚBLICO na passada sexta-feira, o deputado do PS, Porfírio Silva, que é o responsável pelas questões da educação na bancada socialista, escusou-se a pronunciar-se sobre a proposta do Governo por entender que as negociações ainda prosseguem. “Esperamos sempre, idealmente, que se alcancem as soluções mais ambiciosas para cada situação, para cada problema. Estou certo de que é essa, também a disposição do Governo. A resolução aprovada na Assembleia da República, com o voto do PS, exprime essa ambição”, referiu.

Turd

3ª Feira

Entrados da recta final do período, regressa aquela azáfama em torno das grelhas e das avaliações, às quais ando cada vez mais imune. Em especial no Ensino Básico, com gente que anda no ofício há décadas, quando ainda nem está em causa a transição ou retenção dos alunos, acho que os níveis de stress só se elevam porque há um qualquer equívoco em relação a tudo isto. E, repare-se, eu até sou favorável a provas externas de avaliação (não confundir com as de aferição actuais). Mas não entendo certas azáfamas de última hora de cascatas de dúvidas existenciais. É verdade que tenho a sorte de ter turmas em final de ciclo (6º, 9º), de que já conheço os alunos de trás para a frente, na transversal e de fora para dentro.

Feita a auto-avaliação, nenhum aluno achou merecer mais do que a hetero-avaliação que irá ter. As surpresas serão apenas “para cima”.

Isto não é auto-elogio, é apenas experiência acumulada que ajuda a descomprimir no fim das corridas em vez de sprints até cair para o lado. Não precisei de fazer “formação” para o coping, nem acho que seja uma questão de “mudança de paradigma”. Apenas bom senso qb, muita clareza, diálogo e pouca abertura para tretas.

Confesso, esta seria das semanas mais calmas do ano, não fossem as burrrocracias para registo oficial dos actos.

100

(o curioso é que entre os mais stressados com grelhas para registo e cálculo da avaliação está gente que se afirma figadalmente contra este tipo de processo…)