Estou a fazer uma espécie de história da escola (e indirectamente do agrupamento de que se tornou sede) em que fiquei “efectivo” há 13 anos, aos entrar nos “entas” e por onde já passara como contratado na segunda metade dos anos 90 do outro século. Em especial quando se passa em revista o acervo de fotos (e acreditem que são muitas, de cerca de três décadas), revisita-se um passado e em parte consegue reviver-se um pouco do espírito que animou tanta coisa feita e que há quem diga que não existiu, tanto trabalho e esforço, quase sempre com cara de boa disposição, que nos dizem que nunca fizemos. Revisita-se o tempo do “privilégio” de nem ter subsídio de desemprego… de estar quase todo o Setembro à espera de colocação, que poderia vir em formatos estranhos (lembro-me de um ano com 21 horas, sem que nunca aparecesse a 22ª, ou de outro com 18 horas, renovadas mensalmente de Outubro até Junho, por causa de um atestado para alguém fazer mestrado), de tanta coisa que não chegava para nos desanimar, pois no ano seguinte lá se envergava de novo a camisola da escola onde se ficasse colocado. Nesse anos 90 em que passei por 6 ou 7 escolas públicas (graças a 3 repetições) e em todas encontrava um grupo de pessoal para trabalhar mas também para nos divertirmos. E podemos prová-lo. Anos em que se fez muito mais do que agora se diz que se quer fazer, sem que se achasse que aquilo era “inovador”, era apenas interessante e todos (ou quase) acabávamos por aderir, mesmo se não existia esperança de lá estar no ano seguinte. Se tudo se explica por sermos mais novos? Talvez… mas não apenas. Por muita desgraça que tivesse passado pelo ME (claro, tenho um certo couto em especial estima), em boa verdade não posso comparar o que na altura achava ser apenas incompetência ou faltinha de jeito com o que agora sei ser má-fé e aleivosia declarada. Talvez por tudo o que se descobre ter sido feito, a obsessão com a preservação da Memória e a luta contra o seu apagamento e do Tempo ganhe maior urgência e intensidade.
O giro é que já então se adivinhava que os anos 2000 eram capazes de não ser grande coisa.
(algo muito importante é que em qualquer momento desejei ou desejo que algum colega passe pelo que então se passava… sempre desgostei quem prefere nivelar pelo patamar mais baixo e pela mediocridade…)