Declaração prévia de interesses para prevenir comentários idiotas ou bocas de m€rd@ como algumas que aparecem em certos “fóruns” de professores sempre que abordo este assunto: cá em casa ninguém é docente de Filosofia; cá em casa, a única aluna em exercício (que começa o Secundário para o ano e acaba de chegar de uma prova de Desporto Escolar e no próximo fim de semana tem outra, sendo que a sua nota em EF é exactamente a mesma das de Português ou Matemática); eu próprio sempre gostei muito mais das aulas de EF do que de muitas outras e estou um bocado desanimado com a falta de argumentação e inteligência de quem tenta tirar crédito ao que escrevo só porque gosto de comida e tenho belas curvas.
Agora o essencial: competências transversais de nível superior, nomeadamente as que se prendem com a estruturação do pensamento, da argumentação, da capacidade para diferenciar o principal do acessório, o verdadeiro do falso, o que é fundamentado da falácia demagógica, desenvolvem-se em disciplinas como a Filosofia. Em tempos, mesmo quando o 12º ano tinha só 3 disciplinas, Filosofia era nuclear no currículo, nem que fosse na parte das Humanidades; agora parece um enfeite no meio do resto, com qualquer coisa como 7-8% do tempo lectivo do Ensino Secundário. Parece que há quem desgoste dela e essa é uma tendência que já não é de agora. A Filosofia é considerada “supérflua”. Digam-me se é isto “o século XXI” e se o famigerado “Perfil” se traduz numa matriz de Secundário que não tem coragem para mexer seja no que for de mesmo importante.
Por outro lado, é curioso que se ande a negociar que institutos estrangeiros privados certifiquem as aprendizagens em Línguas Estrangeiras dos alunos das escolas públicas… a menos que seja para eles irem lá fazer o que lhes não é permitido ter em condições no seu currículo regular.

(isto não muda nada… a “autonomia” irá deparar com a inércia e algumas costas quentes que impedirão que tudo isto faça mesmo sentido… e quanto a grandes experimentações curriculares, quero ver a reacção de muitos encarregados de educação que queiram mesmo que os filhos aprendam alguma coisa em vez de se fingir um século XXI que daqui nada está mais perto dos meados do que das primícias)
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