E Por Falar em Coragem…

… o problema às vezes nem é esse, é mesmo o de distúrbios sério ao nível de um certo prazer no mal alheio.

Para acesso ao 5.º escalão existem 133 vagas e 260 candidatos, isto quer dizer que 127 docentes ainda não progridem este ano por falta de vaga.

Para o acesso ao 7.º escalão existem 195 vagas e 536 candidatos. Neste caso vão ficar de fora 341 docentes.

São 468 docentes que por falta de vaga não vão progredir com efeitos a 1/1/2018 por falta de vaga mas com todos os restantes requisitos para progressão.

O afunilamento desta progressões vai notar-se daqui para a frente pelo seguinte: são os docentes com mais tempo de serviço nestes escalões que podem integrar as vagas dos próximos anos. Assim, quem completa o tempo e os restantes requisitos para progressão em 2018 e tem apenas o Bom na avaliação vai ficar sempre atrás destes docentes nas listas do ano seguinte.

Na lista de vagas de 2019 já vão existir 127 docentes à frente de todos os que completarem este ano o tempo de serviço no 4.º escalão e 341 docentes no 6.º escalão.

E este afunilamento só tem uma forma de ser contornado.

Atribuir o Muito Bom e o Excelente aos docentes destes escalões para ultrapassarem a necessidade de obtenção de vaga para progressão.

E haverá coragem nas escolas para isso?

bok

Da Coragem

Como fazer uma consulta “pública”, retirando dela o que é mais discutível, impedindo assim um debate por inteiro, numa atitude de cobardia que nem em outros tempos se via. Ao menos, em tempos de MLR, a luta era “aberta”, sem estes malabarismos (havia outros, claro) por baixo da mesa como com esta nova equipa que se diz “em “diálogo com as escolas”. Outrora, podia ganhar-se ou perder-se uma discussão, podia ser tudo azedo e ser-se massacrado, mas, pelo menos, havia hipóteses de alguma coisa. Se isto é o exemplo de “democracia do século XXI” e de “competências superiores” em matéria de política que o SE Costa tem para dar, estamos conversados.

A disciplina de Educação Física vai voltar a contar para a classificação final do ensino secundário e, portanto, para o cálculo da média de acesso ao ensino superior. Este será um dos resultados da entrada em vigor do diploma que estabelece os novos currículos do ensino básico e secundário, que se encontra em consulta pública até 30 de Abril, assegurou ao PÚBLICO o secretário de Estado da Educação, João Costa.

Apesar deste efeito, não existe nada no articulado do projecto de diploma agora em consulta pública que o preveja. Segundo João Costa, “não fazia sentido” incluir explicitamente, no articulado do diploma, o fim do regime de excepção para a disciplina de Educação Física. O que justifica deste modo: “Na medida em que não está previsto qualquer regime excepcional para a classificação daquela disciplina, aplica-se a regra geral aplicável às outras disciplinas.”

A questão da Educação Física contar ou não para a média de acesso ao ensino superior é um dos temas que suscitam mais polémica entre pais e professores. Mas, na prática, encontra-se assim excluído da consulta pública. Isto porque só existe uma referência explícita a esta alteração no preâmbulo do diploma e este não acompanha o projecto que foi disponibilizado no site do Governo.

O preâmbulo faz, contudo, parte do documento que foi enviado para os órgãos que legalmente têm de ser consultados antes da sua promulgação. Um deles é a Assembleia Legislativa dos Açores e foi na sua página electrónica que o PÚBLICO descobriu o que consta nesta parte inicial do diploma e que é o seguinte: “A valorização de todas as componentes do currículo impõe a eliminação do regime excepcional relativo à classificação da disciplina de Educação Física, passando esta a ser considerada, a par das demais disciplinas, para o apuramento da classificação final de todos os cursos do ensino secundário.”

Chicken

(ao que obriga a compensação por certos apoios…)

Como Se Desenvolvem “Competências Superiores” Não Mudando Nada de Relevante, Excepto O Que Alguns Amigos Pediram

Declaração prévia de interesses para prevenir comentários idiotas ou bocas de m€rd@ como algumas que aparecem em certos “fóruns” de professores sempre que abordo este assunto: cá em casa ninguém é docente de Filosofia; cá em casa, a única aluna em exercício (que começa o Secundário para o ano e acaba de chegar de uma prova de Desporto Escolar e no próximo fim de semana tem outra, sendo que a sua nota em EF é exactamente a mesma das de Português ou Matemática); eu próprio sempre gostei muito mais das aulas de EF do que de muitas outras e estou um bocado desanimado com a falta de argumentação e inteligência de quem tenta tirar crédito ao que escrevo só porque gosto de comida e tenho belas curvas.

Agora o essencial: competências transversais de nível superior, nomeadamente as que se prendem com a estruturação do pensamento, da argumentação, da capacidade para diferenciar o principal do acessório, o verdadeiro do falso, o que é fundamentado da falácia demagógica, desenvolvem-se em disciplinas como a Filosofia. Em tempos, mesmo quando o 12º ano tinha só 3 disciplinas, Filosofia era nuclear no currículo, nem que fosse na parte das Humanidades; agora parece um enfeite no meio do resto, com qualquer coisa como 7-8% do tempo lectivo do Ensino Secundário. Parece que há quem desgoste dela e essa é uma tendência que já não é de agora. A Filosofia é considerada “supérflua”. Digam-me se é isto “o século XXI” e se o famigerado “Perfil” se traduz numa matriz de Secundário que não tem coragem para mexer seja no que for de mesmo importante.

Por outro lado, é curioso que se ande a negociar que institutos estrangeiros privados certifiquem as aprendizagens em Línguas Estrangeiras dos alunos das escolas públicas… a menos que seja para eles irem lá fazer o que lhes não é permitido ter em condições no seu currículo regular.

MatrizSec

(isto não muda nada… a “autonomia” irá deparar com a inércia e algumas costas quentes que impedirão que tudo isto faça mesmo sentido… e quanto a grandes experimentações curriculares, quero ver a reacção de muitos encarregados de educação que queiram mesmo que os filhos aprendam alguma coisa em vez de se fingir um século XXI que daqui nada está mais perto dos meados do que das primícias)

Temos Duas Semanas Inteiras Para Debater Isto?

Não será tempo a mais?

E, já agora, não será demasiado cedo publicar a legislação ali por Maio ou depois, em conjunto com a da Educação Especial (“inclusiva” na versão doce que agora querem) e da Municipalização (“descentralização” no linguajar politiquês), de modo a andar tudo a preparar isto ao mesmo tempo das provas finais, classificação das ditas, relatórios de sucesso, de monitorização disto e daquilo e de tudo o mais?

É verdade que a proposta é mais conversa fiada (e a introdução de uma espécie de ACND que não faz grande sentido se lerem os conteúdos de História e Geografia) do que outra coisa, mas…

CONSULTA PÚBLICA − CURRÍCULO DOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO
DOCUMENTO SÍNTESE
– Revisão do Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho –

 

Proposta de Decreto-Lei com a Revisão do Currículo do Ensino Básico e Secundário

puzzle

(é “estimulante” a apresentação de valores como 325 ou 525 minutos… quer dizer que podemos passar a contemplar meios tempos de 25 minutos nos horários?)

 

Estas Sacaninhas Já Não Ardem Tão Cedo!

Queremos lá saber se é um pequeno recanto sem casas por perto… com sorte talvez fiquem oliveiras-bonsai daqui por uns anos.

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(deve ser uma experiência em design e tal… até me dizem que o autarca de serviço é pessoa certificada e diplomada em coisas humanas…)