A ILC para recuperar o tempo de serviço docente vai, agora mais devagar do que antes, fazendo o seu caminho de acumular assinaturas para que, no Parlamento, em devido tempo, antes da campanha eleitoral, se esclarecer ao que andam todos aqueles que assinam resoluções inconsequentes ou agitam inócuos artigos em legislação com validade reduzida.
Se me perguntarem o que acho de 14.000 assinaturas em cerca de mês e meio? Acho muito razoável, a sério que sim. O que não quer dizer que seja aquilo que eu desejaria. Pois, se eu pensar bem no objectivo, acho que as 20.000 assinaturas já deveriam estar conseguidas, mesmo com gente a agitar o bicho-papão, sendo que esse bicho-papão é exactamente aquele com quem têm um acordo e com o qual assinaram as tais resoluções.
Vamos ser claros: mais de uma década a lutar em causas quase sempre perdidas – por muito que me queiram colar a situações diversas, a horríveis ambições, a secretos desejos de ser aquilo que outros andam anos a ser, sem que isso lhes seja apontado como defeito – faz-me ser realista dentro do idealismo possível. Raramente espero o melhor ou sequer o aceitável. Mas isso não me impede de voltar a tentar. Mesmo se já faço alguma gestão do esforço e não gosto de embarcar em correrias só porque sim.
Há alguns factos que devem ser encarados com frontalidade, pelo menos para já:
- Existem limites objectivos a iniciativas lançadas no mundo dos blogues ou redes sociais, pois muitas vezes não chegam nomes de quem não se conhece pessoalmente, para se criar a imediata adesão de toda a gente e mais alguém, até porque é necessário compreender que a afluência a blogues e redes sociais se faz quase sempre a partir de um mesmo público, grande parte dele de lurkers e/ou indignados do teclado. Gente que lê, clica, mas depois receia ir mais além, muito menos dar nome, número de eleitor, não venha lá um vírus e lhe esvazie a conta do banco. E são quase sempre os mesmos, não há que nos deixarmos iludir.
- A classe docente, mais do que heterogénea ou dividida, está desanimada, desiludida, massacrada e descrente do que quer que seja e, em grande parte, espera que alguém se chegue à frente e resolva as coisas por sim fracassadas que se revelaram anteriores mobilizações em massa. E eu entendo isso. Como espero que entendam que também é chato quase ter de levar a comida à boca de quem tem dois bracinhos e mãozinhas como eu.
Esta ILC, de que não sou mentor, mas mero adepto e defensor dos primeiros momentos é algo que acho profundamente válido, que não merece as desconfianças de muitos (embora perceba as de uns quantos que tudo querem controlar) e que pode ser um contributo muito importante para uma clarificação acerca do respeito que os partidos políticos que suportam este governo no Parlamento (da oposição, qualquer que seja, já sabemos que coiso e tal, o pior é quando lá chegam) têm em relação à classe docente. A promoção recente de uma secretária de estado abusiva dá-nos pistas acerca do que poderá ser um futuro não muito distante, se abdicarmos de agir ou o se o fizermos apenas da forma convencional que tem falhado uma e outra vez. E não acreditem que há “polícias” bons e “polícias” maus na história, a menos que percebam que são os maus que ganham quase sempre.
O que escrevo, como é natural e normal, é em meu nome pessoal e não implica mais ninguém seja no que for, pois sou e sempre serei livre para dar a minha opinião e da mesma forma liberto quaisquer outros de terem de responder pelo que eu afirmo ou escrevo. Acho que ninguém me convidou à espera que eu faça apenas de eco.