Formatações

Perdi uns minutos a visitar o mural de uma certa “rede social” de apoiantes notáveis do pafismo educacional. Em alguns casos porque são amizades de outros tempos (quando o PS na Educação era mau e de “direita”), em outros porque as pessoas deixam aquilo ali tudo público para lermos, tipo, bodo aos pobres de espírito.

E é desolador. Para não dizer pior.

Com um aroma a patchouly que não se aguenta (deve ser para disfarçar o de outras coisas) há um que parece ter saído de uma célula qualquer do maoísmo de meados de 70,  a criticar posições porque são de “DIREITA”, assim com maiúsculas, mas sem abordar sequer o conteúdo delas e porque são de “DIREITA” (porque alguém que assinou não é lá dos quadrantes “certificados”). E depois desenvolve assim uma teoria sobre infiltrados nas causas dos professores, como se a classe docente tivesse de ser toda da mesma cor, a dele, claro.

Num outro caso, em comentário a uma publicação de uma das mentoras do que nos querem generalizar à força, alguém se lamenta por haver professores que não concordam com a mudança, que continuam a viver há 200 anos e que, coitadinhos, por isso mesmo estão “formatados”. Sem qualquer tipo de capacidade auto-crítica para questionar se a “formatação” não será, no mínimo, mútua e se certas teorias que defende não serão mesmo as de há 200 anos.

E assim se percebe que o “diálogo” se tornou praticamente impossível, porque há quem se tenha erguido a uma posição de superioridade ética e conceptual sobre todos os que ousem discordar. Uns porque são de “ESQUERDA” (como se isso fosse chancela de alguma coisa válida só por si em termos pedagógicos); as outras porque são eternas “inovadoras” que emperraram no perrenoud e nunca mais desencalharam.

E isto deprime-me bastante, porque parece que isto veio para ficar e sacudir esta poeirada com 25 anos vai ser muito complicado, porque grande parte já nem quer saber e outra parte grande só pensa em arranjar um qualquer canto, whatever it takes.

dusting

E, Já Agora, Ceguinho, Retrospectivamente…

Carlos César faz um mea culpa tardio. Faz-se “envergonhado”, o pobre coitado, que parece um noivo enganado, uma década depois do casório com festarola e foguetório em grande estilo. Vale mais do que nada mas é curto e serve principalmente para que não se pergunte se, na altura, quem estava dentro da máquina não deu por nada, não viu nada, não ouviu nada, não desconfiou de nada. Coisas que se viam à légua. Que vão aparecendo e outras que espero que um dia ainda venham a aparecer e não deixem incólume quem deveria ter sabido mais. Repito-me… o grupo Lena fez rios de dinheiro com as obras da Parque Escolar e a senhora não deu por nada? Acha que foi uma “festa” e ninguém se interroga sobre a natureza dos festejos e quem os pagou? Assim como políticos com o actual PM e alguns dos seus ministros de maior destaque, tarimbados como poucos, também passaram por aqueles anos a olhar para o outro lado e a não ver ou dizer que não era nada com eles? O par de silvas, o vieira e o santos, andaram de 2005 a 2011 sem que que nenhum aroma a podridão lhes chegasse? Foram assim tão ingénuos? Ou o poder tudo vale, tudo apaga, tudo justifica? Que me desculpem, mas não acredito que de nada soubessem ou suspeitassem. A minha descrença estende-se a variados senadores da comunicação social, bem como a operacionais que,m por certo, não achariam que as coisas caíam do céu.

Macacos

Noto uma concentração em matéria de bodes expiatórios para consumo público e mediático. E uma enorme reacção para conter o alastrar do que se pode saber. Muita preocupação em garantir os direitos de gente que nunca se preocupou com os direitos alheios. Parece que, ao contrário da arraia-miúda, há quem tenha direitos adquiridos em todas as matérias.

Só não acho estranho, porque frequento este torrão há mais de meio século e compro regularmente novas lentes para a miopia.