Os americanos têm uma coisa semelhante, os Common Core Standards. Por cá são aprendizagens “essenciais” que, no caso da História do 3º ciclo resumem a herança da Antiguidade a quase nada. O Egipto é pulverizado, como em tempos foi a Suméria. Agora é tudo na perspectiva da abordagem generalista dos conceitos transversais a todas as civilizações. Uma das matérias que mais interessava os alunos, torna-se “não essencial”. Estranhamente, numa altura em que tanto se fala de multiculturalidade e respeito pela diferença, defende-se que o que interessa são apenas os “contributos dessas civilizações para a civilização ocidental”. Patético.
Da Grécia Antiga, volta a desaparecer Esparta e a democracia ateniense fica ali, meio perdida e descontextualizada. Quanto a Roma, “aterra-se” no século II, com a Pax Romana bem avançada, não há República, não há Octávio Augusto e o poder imperial aparece do nada.
Isto é demasiado pobre. Isto é cortar, cortar, cortar, até encaixar em duas ou três aulas semanais de 50 minutos, conforme os jogos de poder em torno do currículo. A História é a parente pobre do currículo do Ensino Básico, como a Filosofia é do Secundário. A Memória e o Pensamento são os inimigos desta gente que detesta “saberes enciclopédicos”, certamente desconhecendo a importância do que foi isso no período do Iluminismo. Diderot e D’Alembert organizaram a sua obra maior para combater o obscurantismo dos saberes e poderes do seu tempo. A mim, parece que as Trevas estão cada vez mais densas.
Que a APH colabore com isto só me satisfaz na medida em que nunca fui membro e, deste modo, não terei de lhes devolver qualquer cartão.