Dúvida Parva, Só Para Testar Coerências Argumentativas

O PS e o Governo dizem que não estava no seu programa nada sobre a recuperação do tempo de serviço docente, pelo que não acham que seja assunto onde se quebre qualquer promessa.

O que eu gostava de saber é se – independentemente da minha posição sobre a questão (para que conste, sou favorável a que cada um tome esse tipo de decisão quando esteja ainda na posse das suas faculdades mentais mínimas) – uma questão tão crítica como a morte medicamente assistida (vulgo, eutanásia) fazia parte do programa do Governo e das promessas do PS. Fica aqui para quem quiser procurar melhor do que eu: Programa Governo PS.

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(adicionalmente, se é este tipo de temas que apimenta a relação entre o ps e o bloco e a mantém em união de facto…)

Exemplo Maior de Fonte “Fidedigna e Oficial” Em Educação Não Pode Existir

(mas eventualmente pouco fiável e certamente inconsequente)

Ministro da Educação promete “lutar radicalmente” pelos professores

O que queria dizer isto há uns meses? Que apoiava as reivindicações dos professores? Que era para ir à manifestação mas estava com joanetes? Que vai fazer greve, não indo a reuniões nesses dias?

Que vai assinar a ILC para chegar aos calcanhares de coerência do Ministro da Ciência que há dias assinou um manifesto contra políticas do Governo que  “originam grande incerteza, desgaste e frustração”?

O problema – digo eu – é que ou bem que se tem ou bem que não.

Tomates

Uma Greve “Responsável”, Certamente Porque de Fonte “Fidedigna e Oficial”

O João já disse que não afecta os exames. E não afecta, acrescento eu, as reuniões dos 9º, 11º e 12º anos (incluindo os finais de ciclo com mais impacto no trajecto dos alunos) que começam no dia 6. Agora digam-me lá se esta gente não pensa nisto mesmo muito bem? A greve começa só no dia 18 que é para dar duas semanas de reflexão em cima da reunião do próximo dia 4.

Já agora, o Mário pode informar-nos, desde já, qual o horizonte de capacidade de resistência e mobilização que antecipa para os professores? Para não fazermos figura de parvos como em 2013, com o “regresso à normalidade”.

stop-the-press

2ª Feira e Provas de Aferição (Boas)

A maioria já se sente em férias, mesmo os que aproveitam para fazer um segundo feriado na semana, faltando alegremente às inconsequentes provas de aferição do 8º ano.

E a “inconsequentes” eu acrescentaria mais alguns adjectivos mas almocei bem. E porque adjectivaria – adivinha-se que de forma depreciativa – eu estas “boas” provas de aferição?

Porque era suposto o seu calendário permitir que, ao longo dos anos, fosse possível “aferir” a progressão do desempenho dos alunos nas áreas/competências/etc nas quais revelassem maiores dificuldades.

Exemplifico: os alunos que fizeram prova de HGP o ano passado deveriam ser aferidos três anos depois, quando chegassem ao 8º ano. E o mesmo seria de supor que se fizesse com o Estudo do Meio do 2º ano em relação ao 5º. Ainda cheguei eu a acreditar que poderia ser feita assim uma aferição minimamente decente.

Mas não. Para o ano, no 8º ano será feita uma prova de História, mas não apanhará os alunos que fizeram a de HGP no 5º ano mas sim os que estavam no 6º ano, o que inviabiliza qualquer tratamento minimamente consequente da informação, já de si questionável, colhida nos RIPA.

Ora… se há momentos de sobreposição relativa de conteúdos é entre uma parte da História do 5º ano e a do 8º (nomeadamente ao nível do período da Expansão Portuguesa/Europeia, exploração do Atlântico e alargamento dos horizontes geográficos da Europa Ocidental. Mas não só… se a prova incluir conteúdos do 7º ano, há diversos que também coincidem parcialmente com os do 5º ano. E poderia ser feita – isto é um tipo realmente idiota a pensar que no IAVÉ pensam nisto – uma análise comparativa do desempenho dos alunos em – pronto! – competências equivalentes, mesmo se com um eventual grau de complexidade maior.

Mas não. Parece que estas provas são mesmo para fazer e deitar fora, pelo menos na perspectiva do trabalho com os alunos numa perspectiva de média duração. Claro que acredito que as “equipas” que fazem terão interesse no “processo”, até acrescentarão algo ao currículo, o IAVÉ justificará em parte a sua existência e a equipa do ME sublinhará que faz provas “boas” de aferição no 5º e 8º anos que substituem as “más” de avaliação do 4º e 6º anos.

(e fazem tudo para que esqueçamos a aberração das do 2º ano…)

Que tudo em boa verdade é uma palhaçada, é algo que à 2ª feira se repara com menor bonomia do que em outros dias, mais próximos de uma pausa qualquer recuperada à austeridade da troika (estão a ver como também sou capaz de inserir críticas à “direita” num post de crítica às políticas de avaliação educacional das “esquerdas”?)

E a modos que é assim. Hoje é dia de prova de Educação Visual do 8º ano que de pouco ou nada serve exactamente seja para o que for.

clown

(a parte mais gira das provas de aferição de agora é aquela meia hora a que os alunos devem chegar à porta das salas antes da prova, sem que exista interrupção nas aulas das salas mais próximas… é só rir…)