Nada Que Não Se Saiba Empiricamente, Mas..

Investigadores compararam notas do curso e avisam: pagar pelo ensino pode valer acesso à faculdade, mas não garante uma preparação de qualidade.

Os estudantes de Medicina provenientes do Ensino Secundário privado reprovam mais do que os colegas que vieram das escolas públicas. Mesmo aqueles que estudam em escolas privadas que não inflacionam as notas saem mais mal preparados. A perceção de professores e investigadores é agora confirmada num estudo científico. Perante a conclusão, os autores, alertam: investir no ensino privado até pode garantir a entrada no curso, mas está longe de assegurar uma formação de qualidade.

Banhadacobra

(claro que também sabemos que até podem acabar os cursos com piores médias, mas há sempre os consultórios e clínicas dos conhecimentos alimentados ao longo dos anos de convívio disponíveis para os receber…)

(adenda: o estudo original está aqui)

Das Matrículas

O Despacho Normativo 6/2018 de 12 de Abril determina que “No ensino básico, as vagas existentes em cada estabelecimento de ensino para matrícula ou renovação de matrícula são preenchidas dando -se prioridade, sucessivamente, aos alunos: (…) 2.ª Com necessidades educativas especiais de caráter permanente não abrangidos pelas condições referidas na prioridade anterior e com currículo específico individual, conforme definido no artigo 21.º do Decreto -Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, na sua redação atual ou do diploma sobre educação inclusiva que lhe venha a suceder;”.

Ora bem… o que é que na nova legislação se pode considerar equivalente a um currículo específico individual? Eu tenho uma resposta, partilhada por mais gente, mas pode não ser a de todos aqueles que leiam a o continuum de medidas do novo regime da educação dita inclusiva.

Bunsen

Dúvida Parva, Só Para Testar Coerências Argumentativas

O PS e o Governo dizem que não estava no seu programa nada sobre a recuperação do tempo de serviço docente, pelo que não acham que seja assunto onde se quebre qualquer promessa.

O que eu gostava de saber é se – independentemente da minha posição sobre a questão (para que conste, sou favorável a que cada um tome esse tipo de decisão quando esteja ainda na posse das suas faculdades mentais mínimas) – uma questão tão crítica como a morte medicamente assistida (vulgo, eutanásia) fazia parte do programa do Governo e das promessas do PS. Fica aqui para quem quiser procurar melhor do que eu: Programa Governo PS.

fio-de-prumo.jpg

(adicionalmente, se é este tipo de temas que apimenta a relação entre o ps e o bloco e a mantém em união de facto…)

Exemplo Maior de Fonte “Fidedigna e Oficial” Em Educação Não Pode Existir

(mas eventualmente pouco fiável e certamente inconsequente)

Ministro da Educação promete “lutar radicalmente” pelos professores

O que queria dizer isto há uns meses? Que apoiava as reivindicações dos professores? Que era para ir à manifestação mas estava com joanetes? Que vai fazer greve, não indo a reuniões nesses dias?

Que vai assinar a ILC para chegar aos calcanhares de coerência do Ministro da Ciência que há dias assinou um manifesto contra políticas do Governo que  “originam grande incerteza, desgaste e frustração”?

O problema – digo eu – é que ou bem que se tem ou bem que não.

Tomates

Uma Greve “Responsável”, Certamente Porque de Fonte “Fidedigna e Oficial”

O João já disse que não afecta os exames. E não afecta, acrescento eu, as reuniões dos 9º, 11º e 12º anos (incluindo os finais de ciclo com mais impacto no trajecto dos alunos) que começam no dia 6. Agora digam-me lá se esta gente não pensa nisto mesmo muito bem? A greve começa só no dia 18 que é para dar duas semanas de reflexão em cima da reunião do próximo dia 4.

Já agora, o Mário pode informar-nos, desde já, qual o horizonte de capacidade de resistência e mobilização que antecipa para os professores? Para não fazermos figura de parvos como em 2013, com o “regresso à normalidade”.

stop-the-press

2ª Feira e Provas de Aferição (Boas)

A maioria já se sente em férias, mesmo os que aproveitam para fazer um segundo feriado na semana, faltando alegremente às inconsequentes provas de aferição do 8º ano.

E a “inconsequentes” eu acrescentaria mais alguns adjectivos mas almocei bem. E porque adjectivaria – adivinha-se que de forma depreciativa – eu estas “boas” provas de aferição?

Porque era suposto o seu calendário permitir que, ao longo dos anos, fosse possível “aferir” a progressão do desempenho dos alunos nas áreas/competências/etc nas quais revelassem maiores dificuldades.

Exemplifico: os alunos que fizeram prova de HGP o ano passado deveriam ser aferidos três anos depois, quando chegassem ao 8º ano. E o mesmo seria de supor que se fizesse com o Estudo do Meio do 2º ano em relação ao 5º. Ainda cheguei eu a acreditar que poderia ser feita assim uma aferição minimamente decente.

Mas não. Para o ano, no 8º ano será feita uma prova de História, mas não apanhará os alunos que fizeram a de HGP no 5º ano mas sim os que estavam no 6º ano, o que inviabiliza qualquer tratamento minimamente consequente da informação, já de si questionável, colhida nos RIPA.

Ora… se há momentos de sobreposição relativa de conteúdos é entre uma parte da História do 5º ano e a do 8º (nomeadamente ao nível do período da Expansão Portuguesa/Europeia, exploração do Atlântico e alargamento dos horizontes geográficos da Europa Ocidental. Mas não só… se a prova incluir conteúdos do 7º ano, há diversos que também coincidem parcialmente com os do 5º ano. E poderia ser feita – isto é um tipo realmente idiota a pensar que no IAVÉ pensam nisto – uma análise comparativa do desempenho dos alunos em – pronto! – competências equivalentes, mesmo se com um eventual grau de complexidade maior.

Mas não. Parece que estas provas são mesmo para fazer e deitar fora, pelo menos na perspectiva do trabalho com os alunos numa perspectiva de média duração. Claro que acredito que as “equipas” que fazem terão interesse no “processo”, até acrescentarão algo ao currículo, o IAVÉ justificará em parte a sua existência e a equipa do ME sublinhará que faz provas “boas” de aferição no 5º e 8º anos que substituem as “más” de avaliação do 4º e 6º anos.

(e fazem tudo para que esqueçamos a aberração das do 2º ano…)

Que tudo em boa verdade é uma palhaçada, é algo que à 2ª feira se repara com menor bonomia do que em outros dias, mais próximos de uma pausa qualquer recuperada à austeridade da troika (estão a ver como também sou capaz de inserir críticas à “direita” num post de crítica às políticas de avaliação educacional das “esquerdas”?)

E a modos que é assim. Hoje é dia de prova de Educação Visual do 8º ano que de pouco ou nada serve exactamente seja para o que for.

clown

(a parte mais gira das provas de aferição de agora é aquela meia hora a que os alunos devem chegar à porta das salas antes da prova, sem que exista interrupção nas aulas das salas mais próximas… é só rir…)

E Agora?

A reunião de 4 de Junho, já se percebeu, será mais uma para empatar a malta e dar a sensação que o ministro Tiago e Fenprof e demais sindicatos contam para alguma coisa para o PS e o Governo.

Isto levanta problemas tácticos e estratégicos ao nosso associativismo docente, sindical ou outro, porque o ano está a finalizar e a convocatória do S.TO.P. para uma greve às avaliações precisa de muito mais para ter algum impacto junto das escolas.

Pelo que é legítimo interrogar-me se não será altura de organizações de professores e/ou directores como a ANDE, a ANDAEP. a ANVPC e todos os sindicatos da Plataforma que se manifestou no passado dia 19 dizerem o que pensam de sua justiça sobre a Iniciativa Legislativa para Recuperação de Todo o Tempo de Serviço Docente. Da Fenprof, soubemos o que esperar logo ao arranque, mesmo se há sinais que me chegam de alguma mudança de atitude em algumas das suas bases (e não só). Sei que estas organizações têm recebido convites para, pelo menos individualmente, os seus membros subscreverem a ILC. Mas, em termos formais, têm revelado algum receio em tocar no assunto.

Só que…

… quer-me parecer que depois de 4 de Junho perderão a margem de manobra para fingirem que nada é com eles. Ok, há quem ache que tem canais privilegiados para resolver os “seus” problemas e nós estamos preocupados com “todos” os professores.

Mas… para quando uma declaração clara de apoio ou repúdio da iniciativa? Porque os que inicialmente a repudiaram (e a ainda a 19 fizeram campanha contra ela) parecem ter percebido – salvo as almas perdidas do costume, mais papistas que o velho papa, que engoliram o guião e não desistem de agitar papões – que este PS e este Governo (ou o próximo) nunca aceitarão repor os 9.4.2. Seria bom que, por exemplo, o César Israel Paulo, o Filinto Lima e o Manuel Pereira (selecciono estes por encabeçarem organizações que num passado recente tiveram alguma visibilidade) aparecessem a discutir mais do que bizantinices em público e tivessem a coragem de dizer se apoiam ou não a ILC pois, quero acreditar, ainda são professores e representam professores, directores, contratados ou “extraordinários”.

Eu sei que a iniciativa é de zecos, de arraia-miúda, mas é algo inclusivo, que não procura promover ultrapassagens ou desenrascanços de micro-grupos.

É uma Iniciativa Legislativa para TODOS, seja os que estão na carreira, seja os que entrem nela mais tarde e assim percebam que não podem ser atropelados.

Há quanto tempo não os leio ou ouço falar para TODOS os professores.

Eu sei que os tempos é falar em “escolas” e “interesse dos alunos”, em “responsabilidade orçamental” e essas coisas.

Mas eu tenho sempre esperança que se assumam e tenham CORAGEM.

Tomates

(a metáfora visual é demasiado… ou melhor… pouco subtil?)

(ahhh… não mandem isto ao ministro Tiago…)